Estive no
fim de semana passado andando pelo Rio de Janeiro. Sim, a cidade continua
linda. Meu propósito foi de caráter familiar, contudo, aproveitei para dar uma
circulada por onde sempre acontece alguma coisa. Nem preciso dizer que o clima
reinante é o de Olimpíadas. De bem ou por mal não se fala noutra coisa. Há um
intenso frisson por todo lado. Lojas
e ambulantes, hotéis, bares e restaurantes ofertam, em profusão, produtos e
serviços alusivos ao evento. Já circulam muitos turistas e atletas que chegam
para o período dos jogos. Também não preciso dizer como os comerciantes estão
explorando os visitantes. Tudo a preços superiores aos praticados antes. E, o
pior, que não voltarão aos valores anteriores. Mas, isto ocorre em qualquer
lugar do mundo, tenho certeza. Pensando que o Rio vem de uma sequencia de
grandes eventos – Jornada da Juventude Católica, Copa do Mundo e, agora, as
Olimpíadas – imaginem a situação. Podem ser aumentos em cascata!
Duas coisas
são realçadas nas conversas de botequins e rodas de conversas dos cariocas: as
vantagens a serem legadas pelo evento e as expectativas quanto à realização dos
jogos numa cidade famosa pela insegurança e eivada de problemas sociais urbanos.
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Imagem do moderníssimo Museu do Amanhã (Foto obtida no Google Imagens) |
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A Avenida Rio Branco, que era uma artéria sufocante até pouco tempo, ganhou um boulevard aos moldes das mais belas avenidas mundo afora. Além disso, um moderno meio de transporte, o VLT (Veiculo Leve sobre Trilhos), circula entre o Aeroporto Santos Dumont e a Rodoviária Grande Rio e os BRT (como os que circulam no Recife) para sentidos mais afastados, imprimindo uma visão comparável às cidades mais importantes no exterior.
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Imagem do moderno bonde VLT no Rio (Foto obtida no Google Imagens) |
Outra imagem do VLT do Rio (Foto obtida no Google Imagens) |
Já sobre as
questões da situação sanitária e da segurança urbana, a conversa é outra.
Primeiro foi a praga do aedes- aegypt,
transmissor dos abomináveis vírus da dengue, zica e chikungunya, que aparentemente
está controlada devido ao fim do verão e agora as negativas expectativas com a
possibilidade de atentados terroristas, a exemplo dos ocorridos recentemente na
França e noutros locais do mundo, orquestrados pelo Estado Islâmico (ISIS).
Providências severas estão sendo adotadas, mas, as pessoas não se sentem
seguras. Pudera, cada dia um novo episódio estoura em algum lugar. Vale lembrar
que atentados já foram registrados em Olimpíadas, sendo o mais citado aquele de
Munique (Alemanha) nos jogos de 1972 (*)
Uma coisa é
verdade: o Brasil, notadamente o Rio de Janeiro, nunca esteve em tanta
evidencia na mídia mundial, seja pela instabilidade política, a insegurança
urbana ou o fracasso econômico dos últimos anos e, para completar, a
oportunidade das Olimpíadas. Lástima que os noticiários internacionais não
deixam de destacar mais tudo que de negativo deponha contra o país e
principalmente o Rio. Em alguns casos as publicações geram charges e piadas de
mau gosto que poderão repercutir por longo tempo. Recentemente circulou nas
redes sociais um vídeo em que um apresentador norte-americano, um tal de
Stephen Colbert, no seu programa Late
Show, fez um comentário arrasador sobre o Brasil e suas dificuldades em
realizar a Olimpíada. Coisa revoltante, mas que tivemos de engolir.
Agora,
algumas delegações resolveram protestar sobre defeitos na Vila Olímpica
alegando más instalações e insalubridade, embora que tudo construído conforme
as recomendações do Comitê Olímpico Internacional. Claro, tudo muito recente e
apresentando falhas de acabamento e isto pode justificar. Vejo nisso a falta de
controle de qualidade das construtoras contratadas. Mas, pode ocorrer em
qualquer lugar do mundo. Ajustes são feitos e tudo se resolve. Já estão
resolvendo.
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Vila Olímpica do Rio (Foto obtida no Google Imagens) |
Neste
ambiente descrito, acredito que tivemos um grande prejuízo, neste período pré
Olimpíadas, devido às turbulências políticas e dificuldades econômicas pelas
quais fomos obrigados a trilhar. Afinal, o mundo não pode afiançar um Estado
falido realizando um evento da envergadura de uma Olimpíada. Melhor que não
tivéssemos assumido esse compromisso tão custoso. Aí, sim, estaríamos mais
preservados e cuidando da vidinha doméstica. Penso que foi imprevidência do
ex-Presidente Lula e suas megalomanias.
Mas, agora é
tarde. As Olimpíadas estão chegando e o que nos resta é torcer para que tudo dê
certo. Por sinal, comparo essa expectativa àquela que antecedeu ao Campeonato
Mundial de Futebol, somente dissipada quando o brilho e a empolgação da disputa
esportiva sobrepujou o espírito de pessimismo que rondou a maioria das cabeças
da sociedade, inclusive a minha.
Apesar dos
pesares, o Rio continua lindo, virou Cidade Olímpica e futuramente vai se
impor, ainda mais, depois desses jogos. Quem viver, verá.