sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Saidas para a Industria

Reunidos em Brasília, nos últimos dias 5 e 6 deste novembro de 2014, os industriais brasileiros – sob as asas da Confederação Nacional da Indústria (CNI) – deram o grito de alerta para o preocupante quadro do Setor no atual cenário econômico nacional. Aproximadamente 1.800 empresários, em sessões plenárias e específicas, além das sempre bem vindas “troca-de-figurinhas” nos intervalos para um cafezinho levantaram e colocaram em ordem de debates seus problemas e propostas urgentes.
Para inicio de conversa um referencial alarmante: a participação da indústria no PIB é de 25%, o que significa 10 pontos percentuais a menos dos registrados na década de 90. A indústria de transformação não passa dos 13%. São números desanimadores para quem atua no setor.
A Carta da Indústria 2014, publicada no final do evento abre com uma significativa expressão: “A Indústria tem pressa”.  Pressa para solucionar a questão da baixa competitividade. Pressa para voltar ser o dínamo gerador de crescimento. Pressa para contribuir efetivamente para o crescimento econômico, social e político do país. Na mesma Carta o foco sugerido é “na competitividade e governança para enfrentar os problemas”
A propósito do assunto competitividade, destaco uma recente pesquisa do Banco Mundial, “Doing Business 2015” (publicada em 28.10.14), revelando que o ambiente de negócios no Brasil continua ruim, face sua posição no 120º lugar num ranking de 189 países. Na pesquisa anterior a posição brasileira era a 123º. Uma tímida melhora neste ano. O Brasil ficou abaixo da média da América Latina. Países como Chile (41ª colocação) e Colômbia (34ª) estão bem acima. A quem se console com o fato de que o país está mais bem situado do que a Argentina (124º), vivendo uma grande recessão, e a Índia (142º). Os primeiros colocados são: Cingapura, Nova Zelândia, Hong Kong, Dinamarca e Coreia do Sul. Os Estados Unidos ocupam o 7º lugar e a China, para minha surpresa, o 90º. Surpresa porque lembro do regime autoritário reinante no gigante do Oriente.
O destaque entre os pontos negativos do Brasil e que empurra para baixo a média do país, está na demora que o investidor leva para abrir uma empresa. São necessários 83,6 dias para cumprir 11,6 procedimentos legais. É um tempo intolerável, comparado com o tomado noutros países, como o Chile onde o tempo cai para 5,5 dias. No ranking especifico, o Brasil ocupa o 167º lugar, entre os 189 países pesquisados. Haja burocracia!
Outros importantes indicadores que compõem a bateria de avaliação, utilizados nesse estudo do Banco Mundial, são: facilidade de operar no mercado local, registro de propriedade, custos da construção civil, carga tributária, proteção aos pequenos acionistas, resolução de insolvências, encargos sociais, entre os outros que jogam o Brasil lá pra baixo.
Ora, minha gente, uma pesquisa como esta expõe, de maneira desfavorável, as fragilidades competitivas do país no âmbito internacional. Um investidor estrangeiro que esteja a ponto de decidir sobre a localização de um próximo investimento produtivo no mercado internacional, inevitavelmente, sofrerá alguma influencia desses resultados publicados. E, sendo um estudo do Banco Mundial impõe respeito maior e inspira confiança.
Na Carta da Indústria, acima tratada, há um tópico sugerindo os problemas cruciais do sistema político-econômico a serem resolvidos pelo novo Governo de D. Dilma Roussef. Vejamos: a) livrar o sistema tributário das principais ineficiências; b) melhoria das relações de trabalho; c) crescentes investimentos na infraestrutura; d) evolução na política comercial com foco nos mercados estratégicos e melhor inserção internacional; e) melhorias na Educação. Resolvidos estes problemas a Indústria Brasileira pode encontrar saídas da crise que enfrenta.
Isto é sem dúvida uma formidável e objetiva proposta para quem pretende, como D. Dilma, fazer um governo voltado para a recuperação econômica e restaurar a confiança internacional do país. Vamos torcer!                

NOTA: Fotos obtidas no Google Imagem.

NOTA 2: Estive em Brasília compondo a Comitiva da Federação das Indústrias de Pernambuco – FIEPE e representando o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Pernambuco – SIMMEPE, no Encontro Nacional da Indústria de 2014

3 comentários:

Vanja Nunes disse...

Girley
Realmente não sou informada sobre esse assunto, mas gostei do texto, ele dá uma visão geral da nossa situação e como micro produtora do sistema, enfrento os sérios problemas da burocracia, da falta de investimento para o pequeno , porque a linha de crédito existe, a taxa de juros excelente, mas vai solicitar um, mesmo dando um bem móvel ou imóvel e vamos ter muita paciência para conseguir.

Acredito que deva ocorrer o mesmo com o pequeno industrial e o que fazer .....
Mas vamos reconhecer hoje temos um super simples que facilitou, e daí tantas carteiras assinadas, foi um avanço.
Esperamos como brasileiros que somos, que tudo vai dá certo.

Vanja Nunes

Graça Oliveira disse...

Pois é, Girley meu caro amigo,

A indústria no Brasil sempre viveu das benesses do Governo e dos baixos salários que oferece (salvo raras exceções), não tem competência para arrancar por conta própria. Não me diga que na Europa os salários são ruins e os impostos camaradas... Ela não investe em pesquisa e raramente as estimula nas universidades. De outra parte, você sabe melhor que eu, o processo de desindustrialização há décadas vem-se processando. Estamos na sociedade de Serviços e o Brasil vem mudando seu paradigma só recentemente.
Quem não tem competência não se estabelece. Falam do governo mas não vivem sem ele.

Graça Oliveira

Ogib Filho disse...

Prezado Amigo

Li com interesse sua exposição e são muito pertinentes e bem colocadas. É necessário criar um ambiente mais tranquilo, estável, com menos burocracia e alguns outros detalhes. O BM só reforça o que sempre estamos defendendo.
Abçs.

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