sexta-feira, 14 de junho de 2013

Mercosul Engessado

Toda vez que se fala em Mercosul, recordo da época em que participei do processo de implantação desse acordo Internacional, representando na ocasião a Sudene, como Coordenador da Cooperação Internacional. Foi uma época de muito entusiasmo e muito trabalho. Respirava-me na América Latina os ares de alivio político, após longos anos de ditadura militar. Brasil e Argentina, as maiores economias da Região, buscavam capitalizar o momento e rapidamente construir caminhos que trouxessem, além da estabilidade econômica e integrada na Região, a competitividade no mercado globalizado e, como base maior, a consolidação da tão desejada democracia, no Cone Sul.
A montagem do Mercado Comum do Sul, começou a ser  desenhado a partir do ano de 1985 – por iniciativas conjuntas dos presidentes  José Sarney, do Brasil, e Raúl Alfonsin, da Argentina  – e constituído de fato em 26/03/1991, conforme o Tratado de Assunção, incluindo na ocasião o Paraguai e o Uruguai que, estrategicamente, se apressaram em aderir ao Grupo. Estabeleceu-se, assim, um mercado comum entre os quatro signatários. No bojo do Tratado firmado em Assunção previa-se uma aliança comercial para dinamizar a economia dos quatro países com a troca de mercadorias, recursos humanos e capitais. Inicialmente foi estabelecida uma zona de livre comércio, entre as quatro nações, derrubando, de imediato, os tributos nas trocas comerciais e a não restrição às importações um do outro. Noutro momento, num avanço notável, a partir de 1º de Janeiro de 1995, passou a vigorar uma tarifa externa comum (TEC) para os quatro países, nas operações de comercio exterior com o restante do mundo. Para a época e com tão pouco tempo de existência, esse passo representou um avanço surpreendente.
Tudo parecia acontecer com sucesso e boas perspectivas até que governos retrógrados e populistas – casos do Brasil e Argentina – tomaram posses dando uma marcha à ré no processo que tinha tudo para vingar. Navegando contra a correnteza do mercado mundial, regras estabelecidas foram abandonadas e o Mercosul de hoje naufraga de modo lastimável.
O Brasil petista, coitado, amarga tremendos prejuízos – balança comercial em baixa, PIBinho desanimador, desindustrialização e perda de mercados importantes que agora dão preferência aos produtos chineses, norte-americanos, europeus e os maquilados no México – por se deixar ficar refém de um Tratado desrespeitado e sem credibilidade, em face dos retrógrados referenciais políticos – populistas e protecionistas – reinantes na Região. O caos econômico do seu principal parceiro, a Argentina, a suspensão temporária do Paraguai e a inclusão da falida Venezuela de Hugo Chávez, que não tem (ou não tinha) ideia do que seja bloco de mercado e acordo comercial, explica essa deplorável situação do Brasil, que a meu ver tinha tudo para liderar o mercado focado. É revoltante ver a Argentina de hoje – nas mãos de Tina K – fazendo vista grossa às regras de livre comercio previstas, impondo barreiras e restrições a inúmeros produtos brasileiros consagrados pela preferência do consumidor argentino.

Enquanto isto, países de menor envergadura econômica, inclusive alguns vizinhos sul-americanos, deslancharam em grupos ou parcerias com acordos comerciais que só vêm trazendo lucros e sucesso dentro da moderna ordem econômica globalizada. É o caso do recente surgimento da Aliança do Pacifico, reunindo Chile, Peru (até tu Humala! quem diria?), Colômbia e México. É a mais nova Aliança regional, que já derrubou as barreiras alfandegárias entre seus integrantes e estabeleceu foco num imenso mercado consumidor de aproximadamente 210 Milhões de almas e um PIB em torno de US$ 2 Trilhões. Cá pra nós, isto não é pouca coisa...
Esse quadro acima descrito tira o Brasil do jogo moderno e dinâmico de mercado e o condena a um isolamento comercial indesejado, quando a corrente inteligente – usada inclusive pela China – determina uma ordem de negócios exatamente ao inverso.
A República Petista do Brasil perdeu o trem da história ao permitir o engessamento do Mercosul. Isto não pode continuar!
NOTA: Charge obtida no Google imagens.

4 comentários:

Unknown disse...

Girley
Também participei dessa fase inicial, já fora da Sudene, mas sempre conversando e trocando idéias com seus técnicos
Lembro que em reunião no auditório , com presença dos sulistas do governo, deplorei que eles previssem a inserção do nordeste, apenas com turismo e fruticultura irrigada. Lembrei que os programas de investimentos nessas áreas eram muito modestos
De qualquer forma o trem seguiu.
Na época o que se queria eram os mercados argentinos, principalmente, exclusivamente para o setor industrial paulista. Era uma integração muito pobre e excludente, sem querer competição, para melhorar a nossa produtividade.
Com o Governo Petista, covarde ,enganandor, populista , mas principalmente atrasado e defasado em teoria econômica, chegamos aonde estamos
Infelizmente não é o fim.Pode piorar muito.
Criamos uma sociedade de consumo, aonde os consumidores que ativaram o mercado nos anos recentes, não produzem, nem são preparados para produzir.
Têem rendas doadas e incompativeis com suas produtividades
Não me refiro , apenas , aos "Bolsas"
Refiro-me também ao aparato público caro e de baixa eficiência, contaminado, inclusive, nas estatais e fundos de pensão, pela maior corrupção já praticada nos tempos modernos
Corrupção, infelizmente, que começa a ser aceita e disseminada em grande parte dos segmentos sociais
É o pior dos mundos em termos econômicos
Grande abraço e parabéns
Gualberto

Alberto Bittencourt disse...

Parabéns, caro amigo Girley.
Depois do Barão de Rio Branco, patrono do Itamaraty, que negociou, em mais de 400 tratados internacionais com nossos vizinhos da A. Sul, de forma pacífica, os limites do território brasileiro, nossa política externa só regrediu. A começar pelo tratado de Itaipu, que excluiu logo de saída a Argentina, o que a fez construir, por razões mais estratégicas que econômicas, outra usina a jusante. O fato do Brasil, ser o país mais industrializado do bloco Mercosul, faz com que os demais integrantes se fechem, o que é inevitável. Cabe aos nossos representantes reaprenderem a negociar, como o fez o Barão de Rio Branco.

Wirson Bento de Santana disse...

AMIGO GIRLEY. EU LAMENTO NÃO SÓ O NAUFRÁGIO DO MERCOSUL. MAIS TAMBÉM A TENTATIVA, PRINCIPALMENTE DA PRESIDENTE DILMA, JUNTAMENTE COM MANTEGA E TODA CÚPULA DO PT. DE RESSUSCITAR O MODELO NACIONAL DESENVOLVIMENTISTA QUE SE ESGOTOU FAZ BASTANTE TEMPO. MAIS UMA VEZ, PARECE QUE O BRASIL VAI PERDER O BONDE DA HISTÓRIA, DEIXANDO DE TORNAR, NÃO UMA POTÊNCIA REGIONAL, MAIS SIM UMA POTÊNCIA MUNDIAL.
Wirson Bento de Santana

Francisco Sepulveda Diniz disse...

Eu lamento, ter o Brasil os seguintes parceiros; Uruguai, o que tem; Argentina, foi um grande país, hoje está quebrado, por ter no comando uma Presidenta sem as mínimas condições, carreiristas e perseguidora.; Paraguai, centro maior do contrabando na América do Sul. O Brasil não vai obter nada com esses parceiros. É o fim. Veja a turma do Pacifico, vão crescer mais do que o Brasil.
Francisco Sepulveda Diniz

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