sábado, 21 de março de 2009

Abaixo a Poluição Visual

Imagine você andar pela cidade do Recife, ou numa das grandes metrópoles brasileiras, e não dar de cara com os imensos letreiros de publicidade, painéis em fachadas de prédios, out-doors espalhafatosos, alguns até obscenos, backligths, frontlights, arremedos gráficos de propagandas comerciais, faixas promovendo produtos ou eventos dos mais diversos, enfim, toda sorte de porcarias que enfeiam qualquer lugar deste mundo. Impossível? Que nada. Este lugar limpo existe e está no Brasil. É a cidade de São Paulo.
Pois é, a capital paulista, a maior cidade da América do Sul e, hoje, considerada como sendo a primeira macrometrópole do Hemisfério Sul, pode se considerar uma cidade limpa, por estar livre dessas tranqueiras que tanto enfeiam qualquer lugar.
Bastou que as autoridades municipais atinassem para o tamanho da sujeira e do prejuízo por ela causado, para que fosse instituída a Lei da Cidade Limpa, regulamentada por um Decreto Municipal, de dezembro de 2006, dando fim à terrível poluição visual que emporcalhavam a urbe paulistana, uma coisa sem limites, aquela altura dos acontecimentos.
A Operação Cidade Limpa, de São Paulo, foi um dos maiores avanços do gênero, já vistos no mundo. Não é fácil vencer uma guerrinha dessa. Muitos interesses foram contrariados. A indústria da propaganda deve ter ido à loucura e até hoje chora e esperneia contra a medida.
Faça idéia do que deve ter sido a operação arranca tudo quanto é de out-doors, faixas, luminosos, cartazes dos mais diferentes materiais, finalmente, etc. numa cidade do tamanho de São Paulo.
Estou em São Paulo, há dois dias, e por onde circulo sinto falta, ou melhor, sinto um alivio e certo repouso para meus olhos e mente, diante da ausência desses corriqueiros veículos de publicidade. Num primeiro momento pode parecer estranho, para quem chega. Dá uma sensação, talvez, de entrar numa casa sem quadros na parede. Mas, pensando melhor, é confortável não se sentir impelido a ler toda e qualquer mensagem que apareça numa curva da rua ou avenida, ou outro qualquer ponto estratégico do caminho. Era uma tormenta circular nas grandes avenidas paulistas.
Lembro que era preciso muita atenção ao volante para não me distrair com a agressiva e, certamente, muito atraente peça de publicidade que se apresentava. Era impossível, por exemplo, resistir a uma bela imagem de mulher fazendo propaganda de um lingerie ousado, assim como imagino que, para os olhos femininos, era complicado ver um homem ameaçando se desvencilhar da única peça de vestuário que lhe restava que, no caso, era uma cueca. As propagandas dos motéis eram verdadeiras apelações. E as de alimentos? Os sorvetes, picolés e bombons. As bebidas e cigarros. Uma loucura sem limites, que faziam parte do quotidiano, sem que ninguém reclamasse. Para alguns, causava admiração e elogios. E, de fato, muitos eram verdadeiras obras de arte, justiça se faça.
Hoje em dia, após a retirada das propagandas e sujeiras diversas, São Paulo é uma cidade diferente. Prédios históricos ou modernos ganharam maior realce e as árvores estão mais bonitas. Os parques e jardins têm mais vida com seus coloridos próprios, sem os "tapumes" em forma de out-doors que lhes roubem a cena. É um mundo novo, cheio de estética e sobriedade.
Depois de ver São Paulo, resta a esperança de que outras cidades sigam o exemplo – particularmente o meu Recife – e limpe o país como um todo.
Abaixo a poluição visual. Multa pesada para quem desobedecer.
Antes de encerrar, porém, uma sugestão: saia por aí, na sua cidade, e diante de um outdoor qualquer, avalie o bom que seria se ele não existisse. E aquela faixa ridícula e mal produzida? E a placa de fachada da Padaria ou do Bar da esquina?

NOTAS: Este post foi redigido em São Paulo, no dia 18 de março de 2009
AS fotos são do Google Imagens

Na Coluna a direita, você pode acessar e assistir a um filminho do YouTube, sobre São Paulo Cidade Limpa.

4 comentários:

Wilma disse...

Girley,

Oxalá um dia, nossa cidade possa ficar assim,inclusive com as ruas limpas,para ser considerada um verdadeiro cartão postal,pois atualmente é uma vergonha,principalmente se receber os turistas,numa cidade tão linda quanto a nossa,mas infelizmente, tão suja!

Anônimo disse...

Prezado Companheiro,

A cidade de SP recebeu um grande presente: a despoluição visual. É fato que a cidade ficou mais bonita e mais vistosa. Contudo, o mérito não é só da prefeitura, mas da comunidade (lojistas, empresários, publicitários e o cidadão) que adotaram a idéia e contribuiram para que a cidade ficasse realmente livre da poluição visual. Quando vou para outras cidades estranho a quantidade de estímulos visuais. É cansativo, pesado e feio.
Esperamos que outras cidades adotem e pratiquem este bem.
Abraços.

Rogerio Martins
http://palestranterogeriomartins.blogspot.com/
RCSP Santana - Distrito 4.430

Raul Lima disse...

Fico a cada dia um pouco mais fã do seu trabalho.. concordo que de tantas informações visuais, esquecemos até de admirar a paisagem.. "e onde fica a beleza da simplicidade ?" vai saber neh?!

assim que possível seria uma honra pra mim.. que você pudesse dar sua opnião sobre um projeto que possuo,
sobre um Livro infantil que desejo lançar..

que você possa continuar esse trabalho espetacular..

vou voltar pra aula.. Administração Contemporânea..
sabe neh.. vida de estudante..
( risos )

até breve
raul_flp@hotmail.com

Anônimo disse...

Caro Girley:

Una vez más, abordas en tu blog un tema de gran actualidad y de mucha importancia para mejorar la calidad de vida de los hombres y mujeres que circulamos por las grandes ciudades de este continente.
Existen an Argentina diversas experiencias de "descontaminación visual", pero todas ellas en ciudades de pequeño y mediano porte, donde los intereses de la industria publicitaria no son tan poderosos y omnipresentes. Por eso quedé muy entisiasmado al saber que Sao Paulo, una de las urbes más grandes del mundo ya ha conseguido librarse de ese flagelo y que ciudadanos y ciudadanas puedan apreciar sin obstáculos la belleza del paisaje urbano y de la naturaleza que lo circunda.
Una vez más, felicitaciones por su blog. ¡siga adelante!

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