Nas minhas idas e vindas Brasil afora, quase sempre em missão de trabalho, algumas coisas chamam-me à atenção. Coisas que muitas vezes comento aqui neste espaço e coisas que se acumulam na memória e, de repente, afloram de e maneira clara e pedindo reflexão ou comentário.
Ontem à noite, por exemplo, voltando de mais uma ida a Brasília, observei que naquela cidade há também um tremendo problema de trânsito.
Fiquei impressionado, a caminho do aeroporto, com o pesado fluxo de automóveis que saia, por volta das 19h, do chamado Plano Piloto – a área central da Capital Federal – para as cidades satélites. Isto, porque a opção do trajeto foi a via que margeia o Lago Sul, considerada melhorzinha. Momentos houve, de paralisia geral do transito, que senti a sensação de que perderia o vôo. Conduzido por um amigo, fui informado de que isso é rotina.
Vejam só! O brasiliense, para cumprir suas agendas, já começa a se programar considerando o tempo que vai perder no deslocamento. Quem diria? Uma cidade projetada para ter um trânsito fluído, sem cruzamentos e sem semáforos, transformada num inferno recheado de automóveis.
Acho que os projetistas da Capital, na primeira metade do século passado, subestimaram duas coisas: o poder de atração que a nova capital exerceria sobre boa parcela da população que terminaram por elegê-la como domicilio e, depois, a popularização do automóvel neste país de Cabral. Indiscutivelmente, foi um cálculo equivocado.
É isto mesmo. Brasília está inchada. São inúmeras as cidades satélites e os núcleos residenciais no entorno do Plano Piloto que funcionam como dormitórios, despejando, diariamente, levas e mais levas de trabalhadores comuns, vendedores ambulantes, funcionários públicos, comerciários, bancários, funcionários de embaixadas e organismos internacionais, entre outras categorias, na região central resultando num movimento populacional que já ultrapassa a casa dos 2 Milhões. Ora, Brasília foi projetada para abrigar, quando muito, apenas 650 Mil habitantes. Resultado é que a cidade ficou pequena para abrigar tanta gente. Depois do sufoco no transito, encontrei o Aeroporto JK apinhado de gente. É o terceiro aeroporto mais movimentado do País. Ali ocorre, a cada dia, uma prova concreta de que viajar de avião virou uma coisa corriqueira neste país. É impressionante o movimento de passageiros naquele terminal do Planalto Central. E aí, outra constatação: o aeroporto de Brasília é outra coisa que, também, ficou pequena para o imenso número de vôos que chegam e partem dali. As salas de embarque são confinamentos acachapantes e parecem ser sempre desorganizados. No meu caso, ontem à noite, antes do embarque apontavam um determinado portão, lá dentro o portão era outro. Um estrangeiro, coitado, ficaria perdido e desorientado.
Dado o embarque, vi-me numa aeronave literalmente lotada. Tem sido sempre assim. Há muito tempo só viajo em aviões lotados.
Enfim, considerando o calor de 37º C reinante nos últimos dias na Capital Federal, um outro “calor” emitido pelo debate da Crise Internacional, a baixa umidade relativa do ar, os engarrafamentos no transito, a poluição seca e sufocante de poeira e queimadas, o avião lotado e apertado, a gravata, o paletó, uma maleta de rodinhas e um notebook pesado a tiracolo... estou cansado até agora, depois de passadas 24 horas. É duro agüentar essa Brasília do século 21, sendo exigida a mais do que o que calculado.
Nota: Imagens obtidas no Google Imagens. Panorama de Brasilia e engarrafamento em Brasilia
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
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5 comentários:
Caro companheiro, seu blog é tão interessante e agradável, que cheguei a pensar que ele fora "empastelado" pelas inúmeras publicações virtuais ou não, que nos afligem todo dia através das bobagens que publicam. Com essa nova postagem fiquei mais tranqüilo e na espera da próxima edição. Saudações Rotárias, Edvaldo Arlégo.
Companheiro Girley,admiro suas colacações. Mais esta da capital Federal parece "istoria de trancoso" Nunca jamais imaginamos, que Oscar Nienyermeyer pensava pequeno de Brasilia e que Jucelino Kubichek lá no horiente eterno esta sofrendo com tanto transtorno na sua terra tão querida.
Marcia
Girley,
Foi muito interessante o seu comentário sobre o transito de Brasília. Já passei muito " sufoco " para pegar meu vôo de retorno para Recife, principalmente nos dias em que as reuniões no DNIT se prolongavam pela tarde inteira e eu tinha que chegar a tempo no aeroporto.Estamos muito próximo dessa situação aqui na nossa cidade. Abraço, Renato Fernandes
Caro Girley
Na 2[ semana de outubro fui até Palmas. Cidade planejada, com um trânsito de fazer inveja, tal o espaço ampla das ruas e avenidas.
Mas já destaca como o transporte coletivo urbano continua sem ser prioridade no planejar e construir nossas cidades. Brasília tambem sofre disso principalmente depois do golpe que acelerou a concentração de renda e abafou os sonhos de Oscar Niemeyer de uma cidade mais igual, sem tantas disparidades sociais.
Só lembrando. O traçado urbano de Brasília é do Lucio Costa.
Quanto ao aeroporto faz parte das burrices da ANAC permitir que êle seja ponto de conexão para todo Brasil.É o cúmulo você ser obigado ir para Brasilia se quizer ir para Manaus, Belem, Terezina, Palmas etc.Alem disso como a gente precisa de um nova empresa aéra grande e forte para enfrentar esse duopólio TAM X GOL/VARIG
Um grande abraço
Joe
Caro amigo
Com que rapidez vc posta uma matéria. Parabéns. Foi bom tê-lo aqui em Brasília. Espero tornar a vê-lo em breve.
Ah, mande as fotos tiradas para eu colocar no nosso boletim.
Abraços
Ogib
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