segunda-feira, 5 de maio de 2008

FALTA AMOR NO MEIO DO MUNDO.

Impossível não acompanhar ou comentar esses dois casos monstruosos, que fazem a mídia do Brasil e do mundo, esses últimos 30 dias: o assassinato de Isabela Nardoni e o horripilante caso do austríaco que manteve a filha e três filhos incestuosos em cativeiro num porão, da própria casa, durante 24 anos!
Sou pai apaixonado pelos meus três filhos, dois dos quais, na realidade, meus enteados, vivendo comigo desde tenra idade e, por isso mesmo, tidos como filhos verdadeiros. Não saberia viver sem eles. Já são adultos, formados, os mais velhos casados e o mais novo bem encaminhado. Não sei do que seria capaz numa situação de risco para qualquer dos três.
Imbuído desse pensamento e do papel de pai, fico impressionadíssimo com esses dois casos absurdos.
Como pode um pai se juntar a uma madrasta, matar a filha e arremessá-la prédio abaixo? E um outro, violentar uma filha com onze anos, tempos depois trancafiá-la no porão de casa, fazer sete filhos-netos nela e viver como se nada estivesse acontecendo, inclusive curtindo a vida e variando de parceiras nas férias tailandesas.
Por vezes, fiquei sem acreditar que o tal Alexandre Nardoni houvesse mesmo assassinado a filhinha meiga e indefesa. Lendo a crônica da Professora Amparo Caridade, no Jornal do Comércio, do Recife, sábado passado, fiquei – mais uma vez – comovido com a presumida situação que antecedeu a morte da garota. Aquele “pára pai, pára...” ouvido por alguém, nos arredores da cena do crime, ecoam ininterruptamente na mente de todo e qualquer cidadão de sã consciência. Nem precisa ser pai. Não precisa ser um pai extremado. Basta ser humano.
Intrigado, questiono: o que pode passar pela cabeça de um pai que comete tamanha barbaridade? Que tipo de desespero leva a uma atitude tão extrema? Que tipo de ameaça poderia representar aquela criaturinha, para esse pai desalmado? E, que força maligna pode ter a tal Anna Carolina Jatobá sobre este homem a ponto se levá-lo a essa loucura? Teria tido tempo de antever as conseqüências? Pensou no que estava fazendo? Pensou nos outros dois filhinhos? O que será dessas duas crianças, no futuro? O que dizer, de convincente, para eles? Perguntas. Muitas perguntas sem respostas. Pelo menos agora.
Tão estarrecedor quanto o Caso Nardoni, descoberto simultaneamente, é o do austríaco Josef Fritzl, um louco sádico, que manteve a filha, Elizabeth, no porão de segurança da própria casa, como sua escrava sexual durante inacreditáveis 24 anos. Mais do que isto, fez 7 filhos/netos na filha escravizada. Torrou, no incinerador do lixo, um natimorto! Que horror!
E, para este caso, outras perguntas me ocorrem: como pode um pai cometer tamanha barbaridade? Que tipo de trauma de infância pode guardar esse individuo? Como pode sete, oito, quatro, três, sei lá quantos, seres humanos sobreviver, sem ver a luz do sol, nos subterrâneos de uma mesma casa, onde o algoz desfruta de uma vida abastada e plena de regalias, no plano de cima? Como, durante tanto tempo, esse monstro pode enganar a todos? Como trazer ao mundo sete crianças, sem assistência médica antes, durante e depois do parto? Como criar esses seres? Como esse bandido entrava e saia – sem ser visto – desse esconderijo? E que tipo de mulher é essa mãe de Elizabeth, esposa do monstro? E esses três filhos que foram deixados, como abandonados pela mãe, na porta da mansão, o que dirão disso tudo? Será que nunca passou pela cabeça desse monstro, a possibilidade da sua própria morte acidental, repentina – nunca se sabe – deixando essas criaturas do cativeiro abandonadas para sempre?
Além de louco, maníaco incestuoso e sádico, este sujeito deve ser possuidor de uma mente terrivelmente má e diabólica. Aos 73 anos, ele vem encarando a policia austríaca com aparente tranqüilidade e olhar, lógico, de desequilibrado metal, surpreendendo o mundo.
Quanta barbaridade. Que mundo é este, meu Deus? Onde está o erro dessa sociedade do século 21? Que teremos no futuro? Onde está a dignidade humana?
Falta amor no meio do mundo!


Nota: A foto que ilustra a materia foi colhida no Google Imagens, arquivo "Boneca Quebrada"

4 comentários:

Girley Brazileiro disse...

Caros leitores,
Após a postagem desse matéria, eis que vejo na TV a noticia de outra monstruosidade, verificada na Alemanha. Uma mãe (!) colocou três fetos, ou natimortos, num freezer dentro de casa. Outros filhos, dessa famigerada mãe, assustaram-se ao acharem os tres corpos, quando buscavam comida. Suspeita-se que os corpos já estejam congelados há varios anos.
GB

Anônimo disse...

Caro amigo Girley
Sempre que posso, tenho lido seu blog, que já me divertiu (às gargalhadas) aquele sobre os nomes de família, o seu e os de seus tios, não fosse por seu relato, custaria acreditar. Giselia achou que era brincadeira. Já este de hoje não encoraja nenhum divertimento, ao contrário. Entendo sua indignação como alguém que também vive em permanente estado de perplexidade com o estado das coisas dos dias de hoje. As vezes, fico divido entre um ânimo de "fazer alguma coisa" (não sei o que!) e um completo desânimo e desesperança.Tenho me refugiado na música, na leitura e em conversas com os poucos amigos, quando a oportunidade e disposição permitem. Ontem, estava conversando com Giselia sobre o livro "A resistência", de Ernesto Sabato, que eu e Giselia estamos lendo, um livro muito interessante que, talvez de maneira obliqua, trata dessas questões todas. Uma visão de um ancião, de um sábio sobre a situação atual. Talvez você já o tenha lido, mas como é recem lançado, fica a dica. Grande abraço. Em tempo: sou um cara tímido, você me conhece, por isso, não tive ainda o desprendimento para escrever comentários como este em seu blog.
Aldemir do Vale

phcosta disse...

Amigo GB,

A imaginação das cenas é comovente e para quem é pai, como eu e você somos, ainda se torna mais difícil de encarar tal situação, pois nos colocamos como personagens dessa cena. Penso que existem milhões de atrocidades acontecendo neste momento, algumas até mais violentas, todavia sem a evidência de uma família de classe média.
Sim, falta amor no mundo!! Mas falta também o medo da punição, ou seja, um sistema penal ágil e eficaz.
O que mais me dói é saber que, seja quem for o culpado, ou culpados como já se imagina, não receberão uma punição condizente com o crime bárbaro que cometeram.
É triste, mas é a nossa realidade!
Abraço,
Philipe Jardelino

Anônimo disse...

Girley
Com relação a sua matéria - Falta Amor no Meio do Mundo -
Falta amor e sobra brutalidade, insensibilidade, monstruosidade...
Será que era a prova de amor que a Ana carolina queria?
Será que ela está satisfeita?
Os dois parecem bem entrosados. Recuso-me a acreditar que foram eles.
Diante da entrevista dada ao Fantástico, e diante de tantas
interrogações,
questionamentos... será que eles teriam condições psicológicas de
negar o
ato se o tivessem cometido? Mesmo afirmando que a menina era dócil,
sensível, obediente, amorosa...?
Não, não acredito.
E a mãe? Será que a imaturidade da idade não permitiu que ela
percebesse que
algo de errado havia no relacionamento do casal com a Isabella?
A mãe que mantinha uma relação tão estreita com a filha, não
percebeu nada?
Será que a mãe não sabe nada de mais grave do comportamento ddo pai
que
possa ajudar a esclarecer tudo isso?
Muito complicado. E o avô, que ainda põe mais lenha na fogueira em
vez de
ajudar na investigação. Limita-se a defender o filho e o resto deixe
pra
lá.Como advogado, ele deveria ser mais neutro. Pois, se tem o filho de
um
lado, tem a neta inocente do outro.
E a avós? Por que será que não se pronunciam? Será que são as
autênticas da
história?
E os empregados da casa dos Nardonis porque não são interrogados?
Eles geralmente sabem mais dos acontecimentos da casa do que os
próprios
donos.
Com relação ao monstro austríaco, nunca pensei na possibilidade dele
morrer
e a filha e os netos ficarem presos, incomunicáveis, sem comida,
água... Que
horror!
Vamos falar sobre o livro -Abrindo Arquivo- é muito mais interessante.
Beijos,

Rinalva Figueiredo da Silveira

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