Como turista é, muitas vezes, bicho besta e cede aos apelos, por mais piegas que seja, Verona deita e rola em cima dos visitantes. Eu me incluo nesse grupo de babacas, digo logo. Por exemplo: entrei numa fila, confesso, para tirar uma foto afagando o peito de uma estátua de bronze, somente porque a dita cuja lembra a personagem de Julieta.
Afagar o peito desgastado daquela estátua, pensando depois, é um detalhe totalmente dispensável, diante da beleza daquele lugar. Caindo em mim, verifiquei que melhor, que esse afago metálico e frio, é admirar a casa que segundo dizem foi onde viveu a jovem apaixonada, da obra de Shakespeare. Uma construção medieval das mais belas da cidade. Por bom tempo, fiquei ali olhando cada ângulo da construção, cada porta e janela e as sacadas – incluindo a do quarto de, com todo respeito, Juju (Vide foto a seguir), de onde ela acenava para seu “príncipe encantado” – outro local, aliás, disputado para uma foto. Esse casarão, uma vila na verdade, fantástico é certamente um prefeito exemplo do conjunto arquitetônico da cidade.
Verona, situada na Província do Vêneto, é uma coisa belíssima. Caminhar pelas suas ruas históricas, entrando pela Piazza Bra, e enveredando pelas vias que nela nascem é, na prática, entrar num mundo que começou a ser construído há muito mais de 2000 anos, pelos Celtas e depois pelos romanos que chegaram por lá no ano 89 da Era Cristã. Nessa época a cidade tinha o nome Augusta.
Somente em 1866 é que Verona foi incorporada ao Reino da Itália, depois da Terceira Guerra de Independência Italiana. A cidade foi, durante muito tempo, o principal centro artístico do país, rivalizando com Florença, por ter uma importante escola pictórica, na qual se destacou o pintor Paolo Veronese. Percorrendo a cidade encontram-se nas fachadas de muitas construções medievais afrescos de rara beleza, até hoje preservados pelo patrimônio histórico, como aqueles da Praça Delle Erbe. (Vide foto ao lado)
Mas, partindo da citada Piazza Bra, a primeira coisa que se avista é o imponente Anfiteatro Romano (Arena de Verona, que lembra o Coliseu de Roma) onde são levadas durante o anual Festival de Verão, grandes óperas, monumentais concertos e exibições fantásticas dos Pavarottis da vida. Quem tiver oportunidade de passar por lá, numa dessas ocasiões, gostando do gênero, vai certamente assistir ao espetáculo inesquecível da vida. Para a próxima temporada, que começa em junho entrante, vi anunciadas, num grande cartaz: Aida, Tosca, Nabbuco, Carmem, Rigoletto e, para fechar a temporada, a apresentação de Gala de Romeu e Julieta, no mês de agosto. Deu vontade de ficar esperando na praça o espetáculo começar e só sair de lá quando apagassem os últimos refletores.
Passada a Arena, a rua mais movimentada que nasce na praça, a Via Giuseppe Mazzini, surge num canto, de portas abertas, com um convite irrecusável para o visitante entrar. Este, aliás, é o caminho que leva à Via Cappello, onde morava Julieta. Haja turista nessa rota. Ali se ouve toda sorte de idiomas, circulam pessoas de todas as raças e hordas de ambulantes abordam os visitantes sem cerimônia. São engraçadas, embora de gosto duvidoso, as figuras caracterizadas com trajes de época que vendem a imagem para uma foto com o turista, a Euros 5,00 por cada clik da câmera. E tem gente que dá o maior valor por uma foto com uma dessas.
Nessa Via Mazzini se concentram as mais sofisticadas casas de comércio da cidade. Negócios de grifes famosas e tudo de altíssimo luxo. É preciso ter muitos Euros na carteira para encarar qualquer daqueles balcões. As vitrines enchem a vista, até mesmo do cidadão mais resistente ao consumismo. É que, o negócio é pura tentação... E, como sempre na Itália, bom gosto indiscutível.
Uma visita ao Centro Histórico de Verona termina quase sempre na Piazza delle Erbe, diante do Pallazo Maffei e a dois passos do Palazzo della Ragione com uma escada famosa, na qual todo visitante posa para a posteridade.
O rio Adige corta a cidade e sobre este, anexo ao Castelo Vecchio, passa uma ponte de rara beleza, datada do tempo dos romanos. Vale à pena uma esticada até lá.
Nem precisava registrar, mas, é bom saber que em Verona come-se muito bem, também. Lá servem uma pizza de massa robusta, típica da região. Não me agrada, mas tem gente devorando as porções como se estivesse comendo a melhor pizza do mundo ou nunca esteve em São Paulo. Nessa visita, comi uma lazanha deliciosa, (parecida, aliás, com a da Dom Gennaro, aqui do Recife), com um vinho da região.
Valeu, meu domingo, 18 de maio de 2008, em Verona.
Nota: Fotos do Blogueiro.
3 comentários:
Ah, bom, foi num domingo...
Um abraço,
Corumbá
Caro Girley
� uma pena que a internet ainda n�o transmita o sabor das guloseimas que amigo degustou ao longo da sua estada em Verona. Mesmo asim, sua cr�nica fez com que eu viajasse longamento por caminhos, antes percorridos na imagina�o, durante a leitura de Romeu e Julieta e como sobremesa senti o sabor da suculenta lazanha, meu prato preferido. Abra�os, Edvaldo Arl�go.
Girley, você é fantástico no que escreve, estou conhecendo o mundo junto com você. Adoro ler seus blogs.
Um abraço, Clécia
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