terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O SUCESSO DO PORTO DE PECÉM

Faz algum tempo que acompanho as discussões em torno das exportações de frutas produzidas no Vale do São Francisco, graças ao avanço e exito da produção, na área polarizada pelas cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
Nesse contexto, ouço falar, entre outras coisas, das dificuldades logísticas que os produtores daquela região enfrentam para colocar o produto no mercado internacional, dadas as distancias que separam a área de produção dos mercados consumidores e, particularmente, dos portos de expedição. E, nesta hora, como pernambucano indago sobre as possibilidades oferecidas pelo Porto de Suape.
Pois bem, para minha surpresa, circulou hoje (11.02.08) na Internet (Diário do Nordeste e Revista Conexão Marítima) a notícia de que Pecém, no Ceará, exporta maiores volumes de frutas frescas do que o Porto de Santos, em São Paulo. E isto, naturalmente, é motivo de festejos no Ceará. Não sei bem qual a vocação de Santos, para este tipo de exportação. Porém, que chama atenção, não há dúvidas.
Encontrei números divulgados pelo Instituto Frutal, do Ceará, dando contas de que por lá, em 2007, foram exportadas 163 mil toneladas de frutas frescas, 26% a mais do que em 2006. Contando, porém, veja bem, com produções de outros estados da região, inclusive Pernambuco. Melão, abacaxi e melancia foram os principais produtos do Ceará. Outros itens, como uva de mesa e manga produzidas no pólo de Petrolina-Juazeiro vazam, por ali, para os mercados da Europa, Estados Unidos e Japão.
Movido pela curiosidade, fui atrás de informações mais precisas e, principalmente, as relativas ao estado de Pernambuco, lembrando, por exemplo, que as mangas exportadas pelo Brasil, saem quase que totalmente de Pernambuco. Beira os 100%. Mas, afinal por onde saem essas mangas? E as uvas de mesa?
Conversei rapidamente com José Gualberto de Almeida, presidente da Valexport, homem que sabe das coisas que acontecem no Vale do São Francisco, e tomei conhecimento de que apenas 15% das nossas frutas saem por Suape. O restante está saindo por Pecém ou Salvador. Sendo que, pelo porto cearense a coisa é da ordem dos 50%. Pelo menos foi assim em 2006 e não deve ter mudado em 2007. Fica explicado, portanto, o sucesso, alarde e festejo dos cearenses.
Não tenho nada contra Pecém. Que fique bem claro. Afinal tudo é Brasil e, além do mais, é Nordeste. O importante mesmo é que exportemos. Mas, o que chama mais a atenção é saber que embora todos os esforços, até agora envidados, as freqüências marítimas em Suape, para este caso, pelo menos, ainda são poucas. Quando se trata de navios providos de câmaras frigoríficas, especiais para transporte de frutas frescas, que são altamente perecíveis, a coisa se torna mais complicada. Segundo José Gualberto, a freqüência de navios, para Europa e Estados Unidos, são maiores em Pecém. E priu... Nada mais do que isto. Está nisso o diferencial. Mesmo porque, no item custos portuários a situação, segundo ele, é uma coisa equilibrada.
Para os que venham argumentar que esta não é a vocação de Suape, a pergunta pode ser: justifica?
Outra questão que Gualberto não lembrou, mas eu sei, é que com relação às distancias entre Petrolina e Recife, Fortaleza ou Salvador, Recife perde de cara. Fica a quase 800 km. de distancia, enquanto as outras duas estão bem mais próximas, reduzindo o desgaste da fruta transportada. O resultado, já viu.
Desse modo, a esperança que resta é que Suape conquiste mais freqüências, adequadas ao transporte das frutas frescas, é claro, e que, um dia, a Ferrovia Transnordestina saia do papel, principalmente o ramal que leve a Suape. Até lá, os cearenses continuarão fazendo a festa e os baianos vão tirando uma casquinha.
Ah! Antes de encerrar estes comentários, uma última observação: nas estatísticas de exportações, nem preciso dizer quem leva a vantagem.

Nota: Fotos obtidas no Google Imagens. Em cima, o Porto de Pecém e, abaixo, um sucesso de Petrolina (PE), as uvas sem sementes, de alto valor comercial no mercado externo.

5 comentários:

Anônimo disse...

Um pais continental... com grande produção de produtos agropecuários... e extração mineral/vegetal...

... e nos falta adequado PLANEJAMENTO de LOGISTICA de DISTRIBUIÇÃO para mercados consumidores.

Perdas enormes que nosso país não poderia ter.


Um abraço.

Juarêz Tonietto

Anônimo disse...

Girley,

Acabo de ler sua recente matéria e os aplausos continuam. Nesse agora porém, uma pergunta, o que fazer? Qual a sugestão? A constatação de distância pra navios pode ser um entrave para SUAPE, e o que dizer do nosso Único Aeroporto Internacional do Interior do Nordeste?
Para mim especialmente se posso assim pedir, faça uma panoramica do escoamento da produção Pernambucana. Qual a posição do nosso atual Governador e seus secretários. Tem correção ou não a situação atual? O que faz o Ceará ter mais navios frigirificos. Enfim, a constatação e os remédios se houverem mas um estudo mais completo. O assunto é de interesse de todos, envolve impostos, economia, empregos, governos, e o Futuro.
Girley, por certo vc atinge com seu BLOG o interesse daqueles atentos com o nosso dia a dia empresarial.
Convido-o a participar da Rádio Aplauso com um comentário diário respondendo perguntas etc.
Brayner

Anônimo disse...

Girley:
Fantastivamente bem argumentado e exposto. Lembrar, ainda, que o Secretário do Governo Pernambucano é natural da Petrolina...

Corumbá

Anônimo disse...

Amigo Girley,
Mais uma vez li com interesse seu blog.
Vc sabe q Georg est� no ramo: exporta�o de frutas para a Inglaterra. Principalmente mel�es do RN e uvas de mesa de Petrolina. Temos um ap em Mossor� (estou hoje em Mossor� que lhe convido a visitar.
Ele compra as frutas para a Inglaterra, faz o planejamento de quem manda o que, os volumes a serem enviados e avalia a qualidade das frutas nas fazendas para saber se est�o conforme o padr�o exigido.
A log�stica fica a cargo do exportador. Creio que os acordos dos exportadores s�o com as companhias de navega�o, dependem de uma serie de fatores, entre eles se � em navios reefer (q saem principalmente de Natal) ou container.
Neste fim da safra de mel�o 2007/8 certamente Georg vai preparar um relat�rio que incluir� n�o a avalia�o dos portos propriamente ditos, mas da op�o reefer/container.
Vou mostrar a Georg seu blog: agora ele est� visitando as fazendas.
Um abra�o,
Celina

Penha Santos disse...

Caro Girley Brazileiro,

Lendo seu comentário "O sucesso do porto de Pécem", nos permitimos fazer algumas observações:

O Porto de SUAPE cresceu, em termos de exportação em geral, 34% em 2007, comparado ao ano anterior, mesmo sendo um porto caracterizadamente importador.

Com relação as exportações de uva e manga vindos do Vale do São Francisco, temos acompanhado mês a mês todo o processo de exportação. Os demonstrativos de desempenho dos três principais portos do Nordeste, Salvador, SUAPE e PÉCEM, tem sido alvo de análise comparativos, respaldando várias ações visando o crescimento do nosso Porto Pernambucano.

No ano de 2005 SUAPE exportou de manga, em volume, 8.028.246. Em 2006 obteve um crescimento de 181%, fazendo um total de 22.634.821. Já de uva brindou um crescimento ainda maior, superando o patamar de 190% nas exportações desta fruta, partindo de 6.374.022 para o montante de 18.701.898.

Ocorre que, por problemas climáticos (excesso de chuvas no 1º semestre), as exportações em 2007 foram concentradas no segundo semestre e concomitante a isto houve a retirada de uma importante linha marítima que fazia o transporte dessas frutas para o continente europeu (responsável por 85% das importações de uvas e 68% de mangas), migrando para o Porto de Pécem. Isto ocasionou então a queda dos volumes mencionados na sua matéria deste Blog.

Estamos envidando todos os esforços para reverter o quadro apresentado, inclusive com a retomada das negociações para o retorno dessa linha. Tivemos informações de que essa Companhia já não opera mais em Pécem desde o final de 2007.

O Governo do Estado está atento. SUAPE está produtiva e operante como nunca esteve antes. Registramos nossa posição e esperamos receber sempre boas contribuições para fazer crescer Pernambuco e o Nordeste como um todo. Um abraço.

Penha Santos
Assessora do Gabinete da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.

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