sexta-feira, 2 de maio de 2025
Europa Maravilhosa
Acabo de retornar de mais uma viagem à Europa. É sempre prazeroso visitar o Velho Continente. Um prazer que se renova a cada vez e como sempre ocorreu nas várias oportunidades que a experimentei. Como simples turista, em missões oficiais e assessorando comitivas empresariais, terminei multiplicando essas minhas idas para aqueles lados. Por sorte, conheço toda a Europa Ocidental e parte do Leste. Não posso esquecer que foi em 1969, recém-formado, que desembarquei pela primeira vez por lá, entrando por Portugal. Foi uma viagem de turismo, por iniciativa própria. Entrei numa excursão denominada de Europa Maravilhosa, operacionalizada por uma grande agencia turística portuguesa, que levava um grupo grande de brasileiros, num tour terrestre, a bordo de um ônibus, durante 35 dias. Uma jornada nada comum atualmente. Era uma época em que fazer uma coisa dessas era um verdadeiro luxo. Recordo, inclusive, que entrar num avião ainda se constituía num programa para muito poucos. Poucos, aliás, se aventuravam em visitar a Europa. Nada do que hoje virou coisa comum. Era um destino reservado somente para pessoas muito ricas, por vezes com filhos estudando na Suíça ou na Inglaterra e, finalmente, um programa seleto. Nada disso, porém, me intimidou, formei um grupo mais intimo de amigos, juntei minhas economias, fiz uma mala e me mandei. Como prometiam os agentes de viagem foi mesmo uma Europa Maravilhosa. Perdi as contas de países, cidades importantes e regiões deslumbrantes por onde passamos. Eu diria que não faltou nada de importante para percorrer. Londres, Paris, Roma e Madrid foram esquadrinhadas pelo nosso grupo. Todos muito jovens, razão pela qual estávamos sempre dispostos e ávidos por descobrir o mundo que se abria.
Mas, de lá para cá, tenho dificuldade para precisar o número de vezes que desembarquei no Velho Mundo. Uma coisa, contudo, que posso afirmar é que, nesses 53 anos, a Europa vem mudando muito. Ditaduras perversas, como as de Franco (Espanha) e Salazar (Portugal) caíram, reinados se modernizaram, democracias floresceram, papados se sucederam, países se agruparam numa União de Estados, com vistas à proteção conjunta e ao progresso. É uma Europa diferente, sem dúvidas, embora resiliente nos seus costumes e tradições, o que é formidável. Na prática, o progresso transformou aquele mundo, antes muito austero, sombrio e de nacionalismos radicais, num espaço geopolítico melhor estruturado e mais moderno. Não. Não me esqueci das renitentes disputas do Leste e, particularmente, da Guerra da Ucrânia. Mas, é tema para outra hora.
Apesar do progresso e das mudanças registradas, obviamente, nem tudo são flores e, como qualquer outro lugar deste mundo e o Estado Europeu moderno carrega uma série de problemas sérios a resolver. Nesse domínio, por exemplo, um grande destaque é para a questão das correntes migratórias formadas por levas de africanos e mulçumanos. Acredito que a proximidade das regiões em conflitos, as dificuldades de sobrevivências nas origens, o desejo coletivo de viver, e viver dignamente, leva a que esse problema ocorra com severa gravidade em inúmeras regiões do Continente. As variáveis emprego, segurança, alimentação, habitação, educação, saúde, meio-ambiente, entre outros, são itens que formam a lista de preocupações dos lideres locais e regionais. Na minha visão atual e mediante o que pude observar, nos vinte dias que circulei, no findo mês de abril, por Lisboa, Madrid, Roma e Paris, nada pode ser mais complexo e problemático do que administrar essas correntes de imigrantes que não param de desembarcar nas costas no Continente, via os mais diversos meios de transporte, inclusive os barcos rústicos e improvisados que atravessam o Mediterrâneo sem cessar. Essa gente chega, sem noção exata do destino que desejam, perambulam pelas grandes cidades, muitos vivem ao relento, pedem esmola, roubam, assustam nativos e visitantes e, quando muito e após muito penar, arranjam um subemprego para suprir suas necessidades básicas. Vide fotos a seguir. A da tenda foi em pleno Vaticano. O individuo ao relento foi em Paris, proximo a Notre Dame e a pedinte ajoelhada em plena Av. dos Champs Elisées (Paris).
Ora, meu Deus, esses imigrantes não buscam ver a tal Europa Maravilhosa que eu busquei no passado e sim a forma de sobreviver, visto que nas suas origens a paz sumiu, a fome impera, as lutas tribais e étnicas se multiplicam expulsando-os sem destino certo. Muitos desembarcam sem saber aonde chegaram. Homens, mulheres e crianças. Doloroso.
Seja como for, e apesar dos senões acima considerados, a Europa será sempre Maravilhosa para mim. Dessa vez, então, tive o prazer dobrado ao contar com a companhia da maior parte do meu núcleo familiar, incluindo um netinho de cinco anos de idade. É da Europa Maravilhosa que pretendo falar nas próximas postagens e conto com sua visita ao Blog.
NOTA: as ilustrções fotograficas são da autoria do Blogueiro.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Comidas de Mercados
Sempre fui ligado em comidas de mercados públicos. Muitas vezes ouvi críticas por essa minha mania. Nunca tive preconceito ou medo de sabore...

-
Q uando eu era menino, ia sempre a Fazenda Nova – onde moravam meus avós e tios – para temporadas, muitas vezes por longo tempo, ao ponto de...
-
Entre as muitas belas lembranças que guardo das minhas andanças mundo afora, destaco de forma muito vibrante, minha admiração com os cuidado...
-
D ez filhos, dez irmãos de pai e mãe. Coisa rara, mesmo naqueles anos sessenta. Um time de futebol, diziam os amigos do meu pai, admirados p...
11 comentários:
É sempre muito prazeroso acompanhar seu blog ecletico amigo Gyrley. Ora político , ora cultural , ora econômico, sempre nos prende e nos faz acompanhar cada experiência sua descrita. Forte abraço 🤗
Faltou só dizer quem fez a foto. Belo texto, mestre. As usual.
Peraí! A autoria das fotos estão registradas no fim do texto. Fui eu mesmo!
Viver e não ter a vergonha de ser feliz
Grato pela visita Amigo anônimo. Volte sempre.
Pois é! Essa música é poema são hinos para mim.
Meu querido professor, você disse tudo ao resumir no parágrafo abaixo que compiei de seu texto:
"Nesse domínio, por exemplo, um grande destaque é para a questão das *correntes migratórias* formadas por levas de africanos e mulçumanos. Acredito que a proximidade das regiões em conflitos, as dificuldades de sobrevivências nas origens, o desejo coletivo de viver, e viver dignamente, leva a que esse problema ocorra com severa gravidade em inúmeras regiões do Continente. *As variáveis emprego, segurança, alimentação, habitação, educação, saúde, meio-ambiente, entre outros, são itens que formam a lista de preocupações dos lideres locais e regionais.*
Girley, se, de longe, você já percebeu o problema e suas variáveis dominantes, imagine meu caso que venho vivendo essas mudanças desde 2018! 😱
Eu vi ao vivo e a cores.
Gde irmão Prof Girley, não direi acima de tudo mas complementando sua sapiencia descritiva de realidades, vossmicê nos pauta pelo equilíbrio nas colocações - essencial para um caminhar seguro em presentes construtores de paz e harmonia, fundamentos de progresso
Maravilha o que foi anotado....
Postar um comentário