quarta-feira, 31 de julho de 2024
TRÊS EM UM
A semana passada foi indiscutivelmente movimentada e, como sempre, ditando a pauta do Blog.
CARACAS - A primeira pauta despontou com a tensa expectativa das eleições na Venezuela, no domingo (28/7). O pleito resultou no que meio mundo considera um desastre politico sul-americano, com flagrantes distúrbios sociais no país vizinho em contestação ao resultado proclamado pelo órgão eleitoral superior do país, preso às mãos do Ditador renitente. O povo venezuelano e as pessoas de bom-senso politico mundo afora estão certos de que ocorreu a maior fraude de todos os tempos. Nicolás Maduro tentando, à base de processo fraudulento, permanecer no Poder vive momentos de pressão debaixo de protestos populares nos quatro cantos do País. Lamentável. Conheço a Venezuela, relativamente bem, onde prestei consultoria técnica através de Acordo de Cooperação Internacional entre OEA e Itamaraty, nos anos 80, época em que Hugo Chávez estava trancafiado depois de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Livre se elegeu presidente em 1999, investiu pesado em relações comerciais no Brasil e recebeu Comitiva Empresarial de Pernambuco, da qual participei. Pude então avaliar o antes e o depois, com facilidade, e não foi difícil antever o caos que hoje reina praquelas bandas. Não vou tecer considerações a respeito dessa atual situação visto que a imprensa mundial se encarrega de modo taxativo. Resta-nos, tão somente, desejar boa sorte aos irmãos venezolanos na luta pela democratização! Mas, o doloroso memso é ver que o PT de Lula ja recinheceu a vitória do Ditador, antecipando o que o Presidente da Republica ditará em breve. Certamente. Vergonhoso. A palavra foi da Gleisi Hofmman (Foto a seguir) mas quem manda no Partido todo mundo sabe quem é.
PARIS - O outro assunto dominante desses últimos dias prendeu-se às Olimpíadas de Paris-2024. Os franceses quiseram inovar e transformaram a abertura dos jogos num megaespectáculo out-door. Paris foi “loteada” em diversos polos que serviram de palcos para funções das mais inusitadas quando comparadas a aberturas antecedentes. O que vimos foram imagens bem distintas das costumeiras solenidades até então conhecidas. O rio Sena ganhou destaque ao servir de via fluvial para ver desfilar as delegações representantes dos países participantes e, complementando, seja por via fluvial ou em pontos estratégicos do percurso estabelecido, esquetes teatrais rememorando cenas da História e da vida quotidiana da França. Sinceramente, pouco convincente dado o caráter debochado que predominou em cada cena apresentada. Dois momentos, porém, no Gran finale do espetáculo merecem destaque: o primeiro foi à interpretação do Hino Nacional francês (Marselhesa) a cargo da cantora lírica Axelle Saint-Cirel, postada no teto do Grand Palais e que cumpriu um belo e respeitoso papel e o segundo momento foi a surpreendente reaparição mundial de Celine Dion interpretando Hino ao Amor, de Edith Piaf, no alto da Torre Eiffel. Foto a seguir.
O mundo aclamou e vibrou ao ver a Diva canadense se apresentar firme e forte após longo período de convalescência devido a uma grave enfermidade degenerativa. O “porém” disso tudo veio no day after, quando o mundo, analisando melhor as tais debochadas encenações, concluiu quanto destoante e inteiramente desnecessários foram as teatralizações exibidas sob a justificativa de promover a inclusão social de classes tidas marginalizadas, no caso especifico a LGBT. Em se tratando de algo tão aceito pelo mundo atual não havia um porquê lógico de encenar, por exemplo, uma Santa Ceia (lembrando o famoso quadro de Leonardo da Vinci, 1495), protagonizada por figuras drague-queens e “convidar” a figura de Baco, desempenhada por uma figura, honestamente, asquerosa. Como católico praticante, não posso aprovar tanta violência social e cristã. Francamente. Duvido que ousassem em burlar de outras crenças tão comuns na própria França.
BEZERROS - Meu terceiro destaque de pauta, deste Três em Um, vai para registrar nossa tristeza pelo falecimento de um ícone da arte popular pernambucana que foi o talentoso artista J. Borges (Foto acima), considerado como o mais respeitado xilogravador brasileiro e de renome internacional. Afora o fato no qual se tornou famoso, ainda se destacou como cordelista e poeta, partindo placidamente para a eternidade ao alvorecer da sexta-feira, 26/7, deixando um vazio difícil de ser preenchido. Pela sua formidável obra, a arte de xilogravador ganhou destaque entre as artes populares nacionais. Seus trabalhos se espalharam por inúmeros pontos do mundo e ele próprio os levou a diversos países, entre os quais Estados Unidos, Suíça, Venezuela, França, Alemanha, México e Argentina. Personagens mundiais, como o Papa Francisco, têm exemplares especiais do artista. Vide Foto a seguir.
Mas, certamente, a popularidade da sua obra é o melhor sinal da sua consagração como artista. Hoje mesmo dei de cara com uma sacola de compras num varejista recifense, cuja ilustração é uma xilogravura de Borges. Foto a seguir.
Bem recentemente tive o prazer de visitar seu memorial, em Bezerros (PE), onde o encontrei animado, cheio de vida e assinando exemplares da sua produção. Pilotando uma cadeira de rodas circulava entre os visitantes e posando entusiasmado para fotos. Deus o receba na eternidade! Nosso meio artístico cultural fica mais pobre, mas a escola de J. Borges segue preservando sua arte e sua trajetória vitoriosa. NOTA: FOTOS obtidas no Google Imagens.
segunda-feira, 22 de julho de 2024
Compromisso com a Verdade
Compromisso com a verdade tem sido lema deste Blog, desde sua criação em 2007. Infelizmente, algumas fontes de noticias, supostamente confiáveis e consagradas publicamente, terminam influenciando de modo indevido formadores de opinião que trabalham com seriedade. Foi, certamente, o caso que nos ocorreu esta semana ao repercutir (ultima postagem) uma noticia que abalou a sociedade recifense dando conta da venda e provável demolição do Palacete Gibson, pertencente à Família Baptista da Silva, situado a Avenida Rui Barbosa, no Bairro das Graças, no Recife. Pela importância histórica (quase 200 anos) e imponência arquitetônica, não somente o Blog do GB, mas, outros vários veículos de comunicação apressaram-se em manifestar descontentamento, e até revolta, com a infeliz ideia ventilada, a exemplo de tantos outros casos já registrados no Recife, apontados na mesma postagem.
Por justiça e compromisso com a verdade, este Blog denuncia se tratar de mais uma fake-news, entre as incontáveis que, diuturnamente, são veiculadas pelas mídias digitais do mundo, fazendo publicar, a seguir, uma Nota Oficial encaminhada pela Assessoria de Comunicação da Família Baptista da Silva, o que fazemos com imensa satisfação. Salve a Mansão Gibson e aplausos à Família Baptista da Silva.
sexta-feira, 19 de julho de 2024
Crimes contra o Patrimônio
Entre as muitas belas lembranças que guardo das minhas andanças mundo afora, destaco de forma muito vibrante, minha admiração com os cuidados que as cultas sociedades dispensam à preservação dos seus patrimônios artísticos e históricos. Considero ser extremamente prazeroso circular em sítios onde monumentos arquitetônicos e históricos dominam o ambiente e provoca ao visitante a sensação de estar mergulhando nas origens da gente que ali vive. Gente que sabe da importância do local raiz e sente necessidade de cultuar e preservar. Já tratei deste tema aqui no Blog noutra ocasião. Recordo que enumerei locais e publiquei fotos que disponho no meu arquivo pessoal colhidas na Europa, China, Japão entre outros pontos. Não é o caso desta postagem.
Hoje, volto ao tema provocado pela crescente e inominável exploração imobiliária que domina a sociedade brasileira, cujo maior objetivo parece ser apagar a história nacional quando expressa nos monumentos históricos da arte e da arquitetura. E tudo diante da miopia e impunidade do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional e seus agentes locais. Doloroso. Isto sem falar nas tribos de grafiteiros e muralistas que sem pena e sem punições enchem as cidades de poluidoras imagens em prédios públicos e privados. Pouquíssimos desses artistas muralistas se salvam e se destacam. Entre estes lembro de um Eduardo Kobra que vem marcando sucesso no Brasil e no exterior. E também dos gêmeos paulistas Gustavo e Otavio Pandolfo reconhecidos mundialmente dados seus personagens caricatos e cores vibrantes. A Prefeitura do Recife fez colocar uma bela imagem de Luís Gonzaga o Rei do Baião. Justa homenagem! Agora, essas turmas que grafitam com símbolos ilegíveis e que travam uma disputa de ocupação de espaço, nas paredes disponíveis e tantas vezes repintadas, são abomináveis. Esses dias vi um painel de Francisco Brennand, no centro do Recife, completamente pichado!
Mas, vamos ao que interessa dessa vez. A inclusão deste tema na pauta do Blog foi devido ao tomar conhecimento, dias recentes, da monstruosa possibilidade da demolição da famosa Mansão Gibson, datada de 1847, em estilo neomanuelino, situada na Avenida Rui Barbosa, no Recife. Pertencente originalmente ao grande comerciante inglês Henry Gibson e no passado mais recente ao ex-banqueiro Jorge Baptista da Silva, falecido poucos anos atrás, é indiscutivelmente um dos mais belos patrimônios arquitetônicos da cidade. (Vide Foto a seguir). Ora, meu Deus, não tem crime maior do que esse contra a história recifense. Precisamos criar um movimento de defesa dessa bela construção de quase 200 anos. Pior de tudo é saber que a ideia é a de construir duas torres de apartamentos de alto luxo. É uma tragédia nacional.
A proposito desta loucura lembro-me da abertura da Avenida Paulista, nos idos dos anos 70. Nessa época, estando cursando uma pós, na USP, vi a velocidade de como as grandes mansões, antes residências dos barões do café, serem destruídas nas caladas da noite e cedendo espaço para a grande Avenida, hoje transformada na grande passarela das manifestações politicas nacionais. Dava tristeza ver desaparecer tantos palacetes pertencentes às famílias abastadas que deram combustível para o engrandecimento do “país” São Paulo. E do Brasil, por que não destacar? Não me conformo com essa cultura destruidora. Aqui no Recife, uma cidade de quase quinhentos anos, muitas das preciosidades arquitetônicas já foram abaixo. Quem não se lembra da Casa Navio? Era uma atração turística. Foram muitos os turistas que recebi e manifestavam, de pronto, o interesse de posar para uma foto à frente daquela casa icônica. O estilo podia ser discutível. Mas, que marcou uma época, isso é indiscutivel. Detonaram-na e fizeram subir um arranha-céu sem grande expressão. (Vide Foto a seguir)
Do mesmo proprietário da Casa Navio, outro belíssimo palacete, no bairro da Boa Vista, foi adquirido por uma construtora ambiciosa que o demoliu e construiu no local um grupo de prédios de baixa categoria e, também, sem qualquer expressão arquitetônica. O referido palacete, segundo membro da família da minha relação de amizade, encerrava uma vibrante história por haver pertencido ao Conde da Boa Vista e posteriormente à Condessa Pereira Carneiro, dona do Jornal do Brasil. E assim ocorreu com outros tantos palacetes recifenses. Lamentável.
No mais, não custa lembramos dos roubos e mutilação de obras de arte, muitas das quais sem modos de recuperação. O Parque das Esculturas, no Marco Zero, de Francisco Brennand, foi um dos locais agredidos por furtos de peças importantes. E os painéis de Lula Cardoso Aires na antiga estação de passageiros do Aeroporto que, segundo fui informado ficaram ao abandono e ao sabor do tempo levando inclusive chuvas.(Foto a seguir)
Ah! Outra coisa que me lembro, agora, é do belíssimo painel cerâmico de Brennand, também, retratando a Batalha dos Guararapes, num prédio de grande porte, na Avenida Dantas Barreto que foi esquecido pelas administrações relapsas da cidade e terminou sendo desfalcado de incontáveis peças. Fala-se que serviu de mictório de emergência de transeuntes que nem imaginavam o crime que cometiam. Recuperado foi posto num local mais seguro, no bairro de Boa Viagem. Eita! Brasil! Nem mais bom de bola! Nota: fotos obtidas no Google Imagens.
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