sexta-feira, 27 de maio de 2022

Mundo Selvagem

Entre coisas assustadoras na vida dos norte-americanos – que podem ser inúmeras – uma certamente se destaca pela frequência e ousadia: surtos de loucura em jovens que praticam chacinas em escolas, universidades e centros de compras. Fico chocado, intrigado e curioso buscando entender as possíveis razões desses desatinos. O que leva um jovem de dezoito anos invadir uma escola – na qual foi educado – assassinar a bala, 18 crianças na faixa dos 6 a 10 anos e mais 4 adultos funcionários da escola? Foi mais um episódio desses que aconteceu esta semana (24/05/2022), na Escola Primaria Robb (foto a seguir), na minúscula cidade interiorana de Uvalde, do Estado do Texas, de apenas 16.000 habitantes, distante apenas de 130 Km. da cidade de San Antônio, a maior da região. Estarrecedor. Por que tantas ocorrências dessa natureza nos Estados Unidos da América? Eis uma pergunta que não cala.
Pondo-me no lugar de pai de uma dessas inocentes vitimas fico a imaginar o desespero. Como entender e como enfrentar a vida dali para frente? Como explicar aos eventuais irmãos menores ou maiores a ausência abrupta daquele integrante da família até então? Imagine o imigrante que foi fazer o american way of life dos sonhos e esbarrar num abalo desses. Em tempos de permissão de vendas de armas, de modo aberto aqui no Brasil, casos como estes nos States acendem uma luz de alerta. A quem vem sendo permitida a venda de armamentos? Acredita-se nos critérios severos e bem monitorados estabelecidos legalmente. Contudo, nesta Terra de Cabral, onde a lei que prevalece é a do mais forte ou a do corrupto, afora a realidade de que a o dinheiro resolve qualquer parada, não deixa de ser um motivo de alerta. Pensando bem, ensaios, semelhantes aos dos norte-americanos, já foram registrados por aqui. Lembro, por oportuno, do massacre escolar ocorrido na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), no dia 13 de março de 2019, quando dois atiradores, ex-alunos, mataram cinco estudantes e duas funcionárias. Após o massacre um dos assassinos matou o comparsa e em seguida se suicidou. Sei lá eu o que enchia as cabeças desses infelizes jovens. No caso do Texas (USA) o atirador foi morto pela policia. Ele havia completado 18 anos e a primeira providencia tomada foi comprar a arma do crime. Respostas para esses surtos ianques de loucura passam, a meu ver, por aspectos que vão da obsessão por armas ao culto indiscriminado às campanhas de guerra. Por lá, portar uma arma de fogo é, para milhões, condição fundamental de viver enquanto que curtir febrilmente uma guerra é testemunho de patriotismo. Como fontes de estímulos e apoio a essa cultura belicosa que, aliás, se espalha mundo afora está, cada vez mais, crescente a produção cinematográfica hollywoodiana, a dos streamings e dos videogames que invadem e contaminam escancaradamente as mentes dos adolescentes e jovens do século 21. Além, obviamente, os potentes fabricantes de armas e equipamentos de guerra que não vivem de outra coisa salvo o exercício do combate. Doloroso pensar no futuro das nações. E, pensando em futuro, volto a lembrar de que tudo começa na formação educacional. Este certamente o grande desafio dos governantes de hoje e do amanhã. E, como isto vai sempre depender da raiz cultural, acredito venha ser sempre uma quimera viver um sonhado mundo tranquilo.
Mal conclui este post e vejo a impressionante repercussão nacional e internacional (Vide foto acima) do assassinado de um popular numa “câmara de gás” improvisada numa viatura da Policia Rodoviária Federal, na BR-101, litoral de Sergipe, nordeste do Brasil. Genivaldo de Jesus Santos, de 43 anos, detido por razões não esclarecidas, foi jogado no porta-malas do veiculo policial, onde recebeu uma carga letal de gás, vindo a falecer por asfixia mecânica e insuficiência respiratória aguda. A notícia correu o mundo e expôs negativamente o Brasil. Policiais perversos e mal capacitados, produto de uma sociedade onde a educação nunca foi prioridade de governos. Mundo Selvagem e desanimador. NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens e no THe Guardian

5 comentários:

Almir Freitas disse...

No caso do Texas, surpreendente a demora dr mais de 1 hora, da polícia para enfrentar o assassino, mesmo ouvindo os tiros dentro da escola.

Geraldo Magela Pessoa disse...

Parabéns amigo. Muito feliz e oportuna abordagem. Estamos colhendo os frutos da falta de investimentos em EDUCAÇÃO, por décadas passadas e pouco caso no presente. Obrigado, abraços

José Paulo Cavslcanti disse...

Deus nos proteja, mestre Girley. Abraços fraternos.

Édson Junqueira disse...

Amigo Girley , me preocupa algumas comparações , em condições diferentes.
A venda de armas legais no Brasil
E um assunto muito sério , controlado pelo exército e pela PoliciaFederal .
Não temos relatos de crimes com armas legais no Brasil
Posso te garantir que comprar uma arma legal no Brasil passa por exigências complexas , como exame psicológico , exame de prova de tiro, condição iniciada do pretenso comprador .
As armas no Brasil passa por exigência do exército de ter um cofre para guarda lá, enquanto que nos usa fiscal na sala de visita expostas a toda família .
Reitero que as comparações não podem ser feitas . Os Americanos têm programas de televisão ensinando a caçar . Por aqui não temos nada disso .
As armas usadas para assaltos e chacinas no Brasil não são legais .
Abraços

José Mário Galvao. disse...

Belo artigo primo!
Mas vamos pensar com um olhar pra trás. Os EUA desde sempre foi liberal em armas para defesa pessoal, nada diferente na história da humanidade. Diferentemente de muitos lugares, lá a lei e a bala da lei, quando eram usadas indistinta e indiferentemente a depender do freguês. Contemporaneamente em Garanhuns, exemplo próximo e que temos mais informações, havia leis e balas distintas, a depender de em quem fosse o infrator e o poder que ostentava. Tentei fazer o primeiro cenário.

Depois disso somente uma “coisa” nova subversora aconteceu. O advento da informação relâmpago, imediata, sem censura, sem massificante “controle”, possibilitou o aparecimento de redes sociais que povoam a cabeça dessa geração desorientada.

E nesse caso tanto o hemisfério norte, agora o mais atingido pelo fato de sua cultura “armamentista” que se impunha desde o Século XlV sem maiores problemas, quanto o hemisfério Sul que só conheceu a ausência cultural civilizada, o problema já se instalou. E a aparente solução recai sobre a nossa velha, formal e pragmática geração, temos a responsabilidade de voltar o trem para cima dos trilhos. Que seja, andar pra trás com a galopante e desarrumada tecnologia que ajudamos a implantar.
Isso foi um erro comparável a fuga do vírus chinês que se evadiu do laboratório.
A informática não foi pensada para estas situações de tanta complexidade, como mexer, mau, com as cabeças das pessoas.

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