sexta-feira, 13 de maio de 2022

Simbora

Pauta para o Blog é o que não falta. O que falta mesmo é ânimo para comentar (ou analisar) tantas loucuras que se multiplicam mundo afora. Quando estamos com a mente afiada e a vontade de “baixar o sarrafo”, a coisa até que flui. Mas, diante de tantos desatinos, controvérsias e desespero nos quatro pontos cardeais do país e do planeta, resta muito desânimo ao Blogueiro. Ou será preguiça? Ou incompetência? Talvez a saturação, que a idade provoca, depois de experimentar tantos esforços e ações – a grande maioria ignorada – nas frentes de construção de um mundo melhor venha ser a justificativa para o desânimo. Paciência. Que meus seguidores/leitores me perdoem, mesmo porque a vida segue sem responder questões do tipo: onde erramos? Por que resultou nisso? Podemos reconhecer as falhas? Como não posso carregar o mundo nas costas, vamos simbora! Desde muito jovem aprendi que “a esperança é a última que morre”. Contudo, penso, hoje, que vou morrer um dia (a única certeza que temos na vida) levando junto com minhas cinzas várias das minhas esperanças. Por exemplos: a de ver um Brasil mais justo e digno para minha gente; uma Classe Politica e governante com C e P maiúsculos, sem os atuais assaltantes e corruptos; um mundo sem fome e miséria; um mundo sem guerras e um planeta preservado. Neste outono da minha existência, tenho dedicado dias, horas e minutos interagindo com o mundo que construí. Quero bem próximos: família, amigos, retornos a lugares favoritos, leituras prazerosas, muita musica (das boas!), escritos, leituras prazerosas, muita musica, retorno a lugares favoritos, amigos e família. Simbora, com idas e vindas, sim, que consigam abastecer a minh ‘alma e inspirem meu bom viver. Reconheço, entrementes, que não posso reclamar de tudo porque, ao contrario de milhares, reclamo de barriga cheia. Por exemplo, no meu refugio interiorano (por sorte, tenho uma tapera na Serra das Russas – Pernambuco), enquanto desanuvio a mente dos ruídos ao redor da torre que habito (buzinas, vendedorwa de ovos e macaxeira, caminhão do gás) apraz-me observar a vida brejeira de uma gente que não tem ideia de quem seja Putin, que Kerson foi um nome bonito que Zefinha ouviu no noticiário da televisão, anotou, para registrar o filho que vai nascer no mês de Santana. Mais do que isto, fico impressionado ao descobrir que para alguns Dilma Roussef era a esposa de Lula e que morreu! Acho graça no vendedor de munguzá, que chama de Suíça uma cadela vira-lata, magricela e pulguenta, que encontrou na estrada (foto abaixo) e que Buenos Aires é um lugar ali pertinho (vai ver que é mesmo!). Acho divertido e criativo ver as cocotinhas da cidade desfilando, no dia de feira, com modelos copiados das personagens de novelas da TV.
E outra coisa inteligente é ver o cidadão usando relógio digital porque não sabe ver as horas num tradicional e analógico relógio de ponteiros, além de se deleitar ao gravar a voz em mensagens de WhatsApp porque não sabe ler e escrever. É nesse ambiente e mistura de culturas que se apura a mente “poluída” de qualquer tupiniquim portador de mestrado e doutorado no exterior, quando mergulhado no hinterland de modo frio e cru. É a ocasião em que a realidade pesa na consciência e no traseiro do diplomado que o obriga se manter com os pés plantados no chão. Lá na Serra eu não uso gravata, apesar de estar em Gravatá. Lá eu ouço o cantar dos quero-quero avoantes e encaro corujas com os olhos bem abertos como quem me diz “estás vendo o que estou te mostrando”.
Nessa pisada, outra coisa não me resta a não ser dizer: SIMBORA! A fila está andando. Mas, antes de colocar o ponto final, devo dizer Não! Não estou deprimido. Pelo menos não quero estar. Estou é preocupado com este mundo descontrolado e com o futuro dos meus descendentes. NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens

5 comentários:

Elizabeth Carneiro Leão disse...

Isso “preocupado com um mundo desmantelado “.

Sarto Carvalho disse...

Tudo isso é um pedacinho do céu. 🙏amém e um forte abraço

Cristina Carvalho disse...

Sua preocupação procede. Para onde caminha a humanidade??? Que mundo deixaremos para os nossos descendentes??? Mundo??? Que mundo??? Uma mistura de cinzas, aço retorcido, florestas queimadas, estéreis , cobertas de fumaça??? Rios secos, esturricados ??A tecnologia nos escravizando cada dia mais??? Ora, ora meu amigo, não sei se teremos futuro para deixar para os nossos descendentes. Na realidade não estou depressiva, nem aperriada; estou preocupada com a falta absoluta de interesse dos “comandantes” em mudar esse status quo vigente. Estão todos alienados dos problemas. Só se olham no espelho com a fantasia com que se vestiram. Ai só conseguem ver samba, frevo e baião para alegrar a multidão faminta, maltrapilha e hipnotizada, que segue o tambor que os poderosos tocam esperando algumas migalhas. Estou exagerando!!! Mas, é assim que o futuro me olha, se não nos indignarmos com
o que está acontecendo e tomarmos
as rédeas dessa loucura que assola nosso povo, nosso país, nosso planeta. Precisamos sair da nossa “zona de conforto” enquanto há tempo. Será que ainda há tempo??? Desculpe a escuridão com que escrevo apesar de haver, ainda, muita claridade em mim. Adoro seus textos!!! Simboraaaa!!!

Júlio Silva Torres disse...

Caro Hermano Girley leí con mucho interés tu artículo de hoy. Un abrazo

Cláudio Targino disse...


Você foi cirúrgico e respondeu muito, aos que passaram dos 70 anos.
As recordo as desolações da minha mãe, da falta de ânimo nos seus 80 anos . Era a sensação da fila andando.
Também fico deprimido, mas vou exercitar a felicidade da vida, que é finita, inexorávelmente.
SIMBORA!!!!!!

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