terça-feira, 8 de março de 2022

O Inesperado Acontece

Impossível me livrar do tema mais atual, isto é, a Guerra da Ucrânia, na edição de um post para esta semana. Até que eu gostaria. Esperei para ver no que daria e já se vão mais de dez dias. Refletindo melhor sobre a relutância de postar algo, cheguei à curiosa conclusão que, subconscientemente, esperei que, a peleja bélica deflagrada pela Rússia contra a Ucrânia, não duraria mais do que três ou quatro dias e que, um pacto de paz, seria logo celebrado. Infelizmente, enganei-me. Minha vontade teria sido de louvar o imaginado entendimento e, então, dar um “pitaco” sobre o que teria resultado da contenda. Confesso meu pesar por testemunhar tempo tão sombrio, como este que a humanidade sofre neste inicio de século. Tudo muito inimaginável. Nenhuma guerra é justificável e o inesperado esta acontecendo. É abominável. Não bastasse a grande crise sanitária, seguida de duríssima debaque econômica, de dimensão mundial, provocada pela Pandemia da Covid 19, eis que surge um impertinente líder russo, autocrata anacrônico, desejando se impor num mundo totalmente diverso dos seus mestres e ancestrais políticos, pondo em risco a paz mundial. Inacreditável. Recordo que a Segunda Grande Guerra (1939-45) resultou numa configuração geopolítica mundial que prometia tudo, menos o que hoje assistimos. Para tanto, um encontro de nações, saturadas dos sofrimentos e perdas irreparáveis pelas quais passaram, trataram de se organizar, preventivamente, em instâncias internacionais globais, capazes de por fim, pela raiz, tremores políticos internacionais e, sobretudo, conflagrações de caráteres coletivas. A Organização das Nações Unidas – ONU, o Banco Mundial, os Tribunais Internacionais, blocos de mercados comuns, como a União Europeia, a OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte podem ser lembrados como exemplos concretos desses esforços. Verdade, contudo, que nunca deixamos de ouvir falar de conflitos localizados, particularmente os fraticidas nos Extremo e Médio Oriente. A coisa de agora, porém, assume riscos de proporções mais temerosas, na medida em que põe em confronto indiscutíveis forças potentes e radicais, com arrasadores armamentos – inclusive nucleares – e que remetem à luta pelo poder mundial entre a extinta União Soviética e os Estados Unidos, durante a época da chamada Guerra Fria. A situação, portanto, deixa de ser fria e passa a ser quentíssima ao evidenciar, de cara, a luta/temor da Rússia contra o avanço do cerco da OTAN. Putin, o autocrata anacrônico russo, expõe razões outras, de caráter politico, como politico é seu temor, mas, burlando todas as convenções internacionais, determinou que suas forças militares invadissem uma nação soberana e democrática. Tive a curiosidade, esses dias, de ler um pouco sobre a História secular daquele país e percebi o quanto o povo ucraniano já lutou (até contra os Hunos) pela defesa do seu chão. Contra a Russia, inclusive. Pelo visto, se trata e de uma Historia mal resolvida. O Putin está forçando uma barra por motivos políticos, mas, também econômicos: a Ucrânia tem as terras mais férteis da Europa Central, celeiro de meio mundo, e é rica em recursos minerais nobres. Para completar, deseja entrar na União Europeia e na OTAN. Aí fez tremer as bases do Kremlin. O resultado está aí, ao vivo e a cores. Lamentável.
A verdade, nua e crua, é que o mundo está de prontidão diante das barbáries cometidas, pela Rússia, contra um bravo e destemido povo que se mantem fiel às origens históricas. Bom, como guerra é guerra, o ucraniano está indo à luta com braços fortes e resistindo ao ponto de surpreender o mundo, inclusive os russos que, aparentemente, esperavam mais facilidades nos campos de batalhas. O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky (foto acima), tem liderado uma campanha de modo corajoso e inesperado. Ao mesmo tempo, o Mundo Ocidental, liderado pelos países da OTAN – que não entram na luta campal, por razões regimentais do Tratado – além de ajudar a Ucrânia com armamentos pesados e missões humanitárias, vem impondo a moderna estratégia de sufoco politico-comercial à Rússia, ao cortar todos os links criados pela Era Digital da globalização econômica com a nação de Putin. É a moderníssima forma de guerrear entrando em cena, conforme vaticinou o cientista israelense, Yuval Harari, sobre uma moderna guerra travada no campo cibernético. Suponho que Putin não imaginava ou, então, desconhece o poder desta arma. Corre o risco de perder a guerra e arruinar a economia do seu país. No mais, dói muito assistir pela TV e ao vivo o desenrolar dos ataques e das batalhas travadas. Coisa parecida com os filmes de Hollywood sobre guerras passadas. Insuportável, porém, constatar que se trata de uma dura realidade de hoje. Doloroso ver o sofrer de uma gente inocente fugindo do horror dos bombardeios e clamando pela paz. Velhos, crianças e mães em meio ao desespero sem fim e atônitos com o que assistem. Depoimentos estarrecedores. Tristeza sem limites. Jovens cheios de planos e homens que abandonam suas famílias para ir aos fronts de guerra. Inaceitável!
E, ao redor do planeta, os protestos contra os invasores e pedidos de paz rolam sem parar. Surpreendente como que, na própria Rússia, multidões vão às ruas protestar e condenar o louco governante. São reprimidos e presos mas, não se calam diante da estupidez. A propósito e para concluir, faço uma pergunta aos meus botões: estariam esses soldados invasores dispostos e comprometidos, de fato, com essa insólita guerra? Serão fiéis ao Putin ou blefarão? Como o inesperado acontece... Fica a provocação.

6 comentários:

Ricardo do Rego Barros disse...

Bom dia amigo, excelente artigo, só não sei ao certo os motivos russos, hoje mesmo com a infinidade de recursos tecnológicos ainda não conseguimos acesso pleno à mente dos poderosos, sejam russos, ucranianos, brasileiros ou mesmo de cunho partidário, a mente dos que buscam o poder pelo poder é surreal.

José Paulo Cavalcanti disse...

Falta um parágrafo, mestre. É que, para mim, o gesto dele faz sentido. E o desejo de paz, dos Estados Unidos, é só discurso. Fosse real, e daria garantias de que não poria na Ucrânia seus foguetes nucleares. Vou escrever sobre isso. Abraços.

Carlos Canavarro disse...

Muita cautela do Mundo nessa hora.Os ferrenhos arroubos de vaidades pelo Poder que se aufere poderão nos empurrar a todos ,a uma 3^e derradeira Guerra ,que aniquilará,fora da ficção ,o planeta.Oxalá ,Deus,intervenha.Eita humanos para darem preocupações.
A exemplo dos homens e mulheres das cidadezinhas menos desenvolvidas de qualquer país ,eu diria : "sossega leão"!

Susana Gonzalez disse...

Desde cómo dices ninguna guerra se justifica, pero aquí hay dos lados de verdad. Primero, la hostilidad de Ucrania sobre los pueblos rusoparlantes, luego la injerencias de los estadunidenses y la OTAN para adherir este pueblo. Cómo se pusieron las cosas cuando Rusia intentó poner misiles en Cuba? O se las pusieran Canadá o Mexico? La reacción de los gringos sería exactamente igual. Yo siento que al dirigente Ucraniano le falta experiencia política y sigue siendo manejado por su productor de televisión. Por otro lado, nunca se deben arreglar las cosas invadiendo un país.

Andrerson Porto disse...


Excelente artigo Mestre Girley!

Marília Furtado disse...

Girley, você está de parabéns pela análise brilhante , sobre a situação dos Ucranianos. Abç . Marília

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