domingo, 31 de outubro de 2021

Uma vaca magra no telhado

O Outubro que hoje termina, propalado como o mês rosa em alerta ao câncer de mama pode ter sido um sucesso como campanha, mas, não foi nada cor de rosa para o domínio político-econômico nacional. Ao contrário, foi permeado de agitações muito pouco benéficas para a família brasileira. O fim da CPI da Covid, no Senado, depois de muitas idas e vindas, deu, na minha humilde opinião, um tom de incerteza quanto aos avanços do Estado brasileiro e instalou uma bolha de expectativas que promete rolar, por tempo igualmente longo, nos palanques eleitorais que serão montados a partir dos primeiros meses de 2022. Aliás, para quem considera que existem palanques de 2018 ainda de pé, verá sê-los remontados com mesmos coloridos. Haja emoções. Outro quiproquó politico de outubro gira em torno da discussão da PEC dos Precatórios que rola no Congresso Nacional. É um nó que eu chamo de “nó federal”. Uma série de despesas-filhotes será gerada com a aprovação da dita cuja. Além de postergar ou parcelar pagamentos dos precatórios (dívidas do Governo, por decisão judicial, a pessoas físicas e jurídicas), a fabulosa soma – da ordem de Bilhões de Reais – será destinada a cobertura do pagamentos do Auxilio Brasil de R$ 400,00 (substituto do Bolsa Família), emendas parlamentares (verbas que deputados abocanham para aplicar nos seus redutos eleitorais), sustentar o Fundo Eleitoral (estão querendo R$ 5,0 Bilhões) para financiar a campanha eleitoral de 2022, entre outras perfumarias. Triste do cidadão ou pessoa jurídica que esteja contando em receber um precatório. Muitos negócios podem estar ameaçados de ir “ladeira abaixo”. E nunca são poucos. Já se fala que o dinheiro não vai dar para cobrir essas “singelas” despesas.
Pior de tudo é que, como a grana já é curta, uma vaca pode, facilmente, “subir no telhado” e furar o Teto de Gastos. Pense numa bronca. É a situação mais indesejada possivel. Este dispositivo, criado pela Emenda Constitucional 95 (2018) instituiu um Novo Regime Fiscal que limitou os gastos do Governo ao mesmo valor de cada exercício anterior, corrigido apenas pelo índice oficial de inflação. Foi um sucesso de imediato por garantir ampla credibilidade ao Governo, nos mercados doméstico e internacional. Contudo, valendo-se da prerrogativa prevista, na mesma Emenda, de propor uma Lei Complementar permitindo furar o Teto, o Governo Bolsonaro (Paulo Guedes de corpo e alma) luta agora para aprovar essa possibilidade. Pura panaceia, que pode virar um desastre. Desmoraliza a ideia do controle de gastos, provoca uma alta da inflação que já vem assanhada, o Banco central vai ser obrigado a aumentar, ainda mais, a taxa de juros, a dívida do Governo vai inflar e a vaca vai ficar fazendo finca-pé. Isto sem falar nos exógenos e inoportunos fatores, como dólar apreciado e produtos básicos importados a preços altíssimos. E o povão a chorar. Agitando esse tubo de remédios paliativos, tudo leva a crer que teremos um ano de 2022 de muita dureza. Para não dizer que a coisa foi preta de tudo, acabo de ver que neste Outubro foi o mês de menor numero de mortes devido a Covid, desde abril de 2020. Eis, então, um dado cor de rosa! Curioso, aliás, é observar que a turma está confiante e se esbaldando com esse resultado e com o avanço da vacinação. Porém, abramos os olhos. A coisa ainda não acabou. Afrouxar as medidas de precauções de modo tão abrupto pode ser perigoso. Abolir máscaras, encher estádios de futebol, liberar lotações completas dos bares, restaurantes e grandes shows, entre outras atividades ainda causam temores. Calma minha gente, o bicho continua solto por aí. Por fim, no apagar das luzes do mês, duas noticias internacionais e que mexem com o Brasil são destaques: a Cúpula do Clima, aberta, neste dia 31, em Glasgow, e o fiasco, segundo noticiam, da reunião do G20, em Roma. Embora alimentando esperanças quanto aos debates, na Escócia, sou cético e meio desencantado com esses convescotes de lideres mundiais. Vejo muita alegoria e pouca evolução. Prefiro ficar de olho na vaca em cima do telhado. NOTA: Foto obtida no Google Imagens. Foto de vaca que subiu num telhado de casa na Suiça. Subiu e desceu sozinha.

4 comentários:

Adierson Azevedo disse...

É por aí meu professor e querido guru! Há uma vaca magra no telhado que foi parar lá voando e pousou no telhado!! 🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣
É uma vaca que voa e caga em todos nós!
Como disse em minha coluna, esses convescotes da ONU são só pra inglês ver, se bem que Glasgow fica na Escócia! 😀 Cuidam só da parte oferta e esquecem totalmente da procura (ou demanda)!
O resultado é sempre o mesmo: o cachorro atrás do próprio rabo!

Celso Cavalcanti disse...

Prezado amigo, peço licença para comentar o seguinte:

_ pelo que entendi, PG não pretende dar calote nos precatórios e sim diferir o pagamento para obedecer o teto de gastos, e não sacrificar os menos favorecidos economicamente. Tenho a impressão de que os pequenos valores terão prioridade de pagamento no próximo exercício. Os grandes valores destinados a estados (FUNDEF e outros) e grandes empresas, podem facilmente ser monetizados e antecipados no mercado financeiro pelas empresas, os estados terão mais dificuldades para fazê-lo;
_ vejo com muita preocupação os estados, que já estão com inédita e altíssima liquidez face as medidas tomadas pelo governo federal na pandemia - suspensão do pagamento de dívidas, dinheiro "jogado de helicóptero" para as classes menos favorecidas, que resultaram em forte crescimento do consumo e consequentemente da arrecadação, adentrarem o período eleitoral com esse caixa livre. Falam que o garoto Pedro Campos terá a gestão de 5 bi para investir discricionariamente até a eleição;
_ os números divulgados recentemente sobre as finanças públicas mostram substancial melhoria, ver matéria publicada pelo Mansueto Almeida, ex-secretário de PG, hj no BTG;
_ é preciso entender que Bolsonaro tem enfrentado grupos que estão encastelados no estado há décadas, a exemplo de setores da imprensa "livre", grupos econômicos poderosos que não apreciam concorrência - PIX, Openbanking, fintech's e unicórnios em profusão, redução de barreiras ao comércio exterior, flexibilização de marcos legais que impedem a atuação de PME's, privatizações e concessões em níveis nunca vistos, sem arrumadinhos e pichulecos, lei do gás, marco legal do saneamento, reforma da previdência, etc;
_ se o nosso presidente colaborasse com o seu obsequioso silêncio, não daria munição para os "patriotas" que querem única e exclusivamente trazer o ali babá e seus 40 mil militantes, para terminar a tarefa de fazer de nosso país uma grande Venezuela;
_ estamos em meio a uma guerra, e quando começa uma guerra a primeira vítima é sempre a verdade.

Forte abraço.

Ina Melo disse...

Pois é amigo! Só brincando para não infartar. Eu mesma tenho uma merreca de precatórios para receber e conto com ela para rever Paris com toda a mordomia possível, não quero ter mais dinheiro pra nada. Chegou, eu gasto😂😂😂😂😂😂, mesmo que eu viva muitos anos ainda, ninguém quer viajar com velhos, só se for rico e pague tudo! Assim, quando a gente ver a barba do vizinho arder, pomos a nossa de molho!!!!

Ricardo Rego Barros disse...

Como sempre muito bem pontuado, sugiro trocar nós marcadores vaca por PG.
Quanto a vaca se der leite a gente bebe, senão a gente assa e come.

Haja Cravos

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