terça-feira, 15 de junho de 2021

Rixa Rançosa

Dois episódios recentes conseguiram jogar luzes na velha e lamentável rixa fraticida que insiste perdurar entre argentinos e brasileiros. O Presidente argentino, Alberto Fernández, Foto a seguir, numa infeliz fala, em visita oficial a Espanha, resolveu ofender brasileiros e mexicanos ao afirmar que “os brasileiros vieram da selva, os mexicanos das tribos indígenas e nós argentinos chegamos de barcos oriundos da Europa.” Nada mais danoso para as relações entre os hermanos latino-americanos. Ora, além de revelar certa ignorância sobre História das Américas, foi imperdoável para um Chefe de Estado querer se vangloriar de uma origem nada diferente das dos irmãos que ofendeu levianamente. Poucos dias antes, o argentino Papa Francisco (Foto abaixo) se saiu com outra infeliz referência aos brasileiros ao dizer, em meio a uma audiência coletiva, no Vaticano, que a Covid-19 grassa solta no Brasil por conta de “muita cachaça e pouca oração”. Até Tu Francisco! Coisa feia! Por ironia, passamos a ouvir em seguida, no noticiário internacional, que a peste recidivou severamente na Argentina e medidas cautelares mais rígidas foram adotadas. Bom, as duas personalidades porteñas viram-se obrigadas a pedir desculpa ao Brasil e aos brasileiros. Danado é que sujeiras mesmo que verbais dificilmente se apagam. Que jeito?
Curioso foi que na fala do Presidente Fernández vi uma explicação melhor para uma afirmação popular, das antigas e que ouvi desde criança, segundo que, para os argentinos “brasileiros são macaquitos”. Sempre estranhei essa coisa e até havia olvidado por bom tempo devido, inclusive, pela intimidade que construí com o meio argentino. Sim, gosto muito da Argentina. Andei por lá incontáveis vezes. Mas, honestamente, sinto-me ofendido como comum cidadão brasileiro.
É ilusão pensar que nossas diferenças se resumem às disputas de futebol e que nossos dois povos vivam em “lua-de-mel”. Na prática, não são raras as agressões e, por vezes, ofensivas entre cidadãos de ambos os lados. Muitas vezes provocam estremecimentos nos negócios – que são muitos e cheios de potencialidades – ou nas relações politicas. Um dos exemplos mais marcantes dessa “briga” se deu na final do Campeonato Mundial de Futebol, em 2014, realizado no Brasil, cuja final foi entre Argentina e Alemanha. Não obstante o trauma histórico dos 7 x 1 que amargamos dos germânicos, dias antes, o Brasil torceu pela vitória alemã num tremendo insulto aos hermanos argentinos. Aquilo me chocou e foi um episódio taxativo. Mas, devo dizer que, pessoalmente, tenho a Argentina e os argentinos num nível de alta estima. Sinto-me em casa ao desembarcar as margens do rio da Prata, ao sentar-me nos cafés de Buenos Aires e nas alturas dos Andes, quando em Bariloche. Ah! Saborear um Malbec mendocino, em Mendoza, tem sabor especial. Quantos aos porteños não alimento qualquer tipo de queixa – embora haja sofrido algum deboche, no passado – porquanto mantenho excelentes amizades. Pessoas cultas, amáveis e alheias às essas diferenças de empobrecimento cultural e continental. Lembro que como integrante de missões oficiais brasileiras, durante a montagem do Mercosul, estimulamos o espirito da boa vizinhança no sentido de fortalecer o Bloco e prepará-lo para alguns enfrentamentos que, por sinal, hoje experimentamos. Lamento que ainda perdure o ranço da disputa por um espaço no qual cabe os dois lados de modo cômodo, salutar e benéfico para as duas bandas. Finalmente, registro por oportuno e com saudades, de um estadista brasileiro que faleceu no fim-de-semana passado e que muito trabalhou pela paz e o progresso entre os dois países, o pernambucano Marco Maciel. Foi um autentico artífice do Mercosul. Vide celebre frase dele na coluna a direita, em Para Reflexão>

12 comentários:

Patricia Correia disse...

🙋🏽‍♀️Macaca cachaceia vinda da selva com muito orgulho!! E qto a chefe de estado...o nosso tbm é. Já o papa... perdeu um grande momento de ter ficado calado, essa pandemia deixa qq um louco.kkkk

José Paulo Cavalcanti disse...

Só penso que a frase de Francisco foi só uma brincadeira, amigo. Não pode ser levada a sério. Mas você é quem manda. Abraços.

Claudio Targino disse...

Fora as diferenças, Argentina tem seu glamour

Elisa Oviedo disse...

Me disculpo contigo por las desafortunadas expresiones de dos compatriotas. No las comparto y me avergonzaron. Me apenan sus ofensas. Perdón Girley y en vos mis disculpas ante los hermanos brasileños.

Ina Melo disse...

Amigo. Acho que o povo brasileiro bem sendo muito mais agredido e humilhado pelo seu dirigente maior do que pelo nosso vaidoso vizinho!

Júlio Silva Torres disse...

Caro Hermano Girley, el presidente argentino se viene caracterizando por las reiteradas veces en que con sus dichos, queriendo parecer simpático, termina ofendiendo a unos y otros. Mi abuela solía decir “quien mucho habla, mucho yerra”, y este es el caso de Fernandez! Y no sólo ha ofendido a Brasil y a Mexico, sino que también lo ha hecho muchas veces con Chile, cuando muy mal informado, se ha comparado despectivamente por el tema de la vacunación, siendo desmentido por nuestra embajada en Buenos Aires, cuando con cifras reales, le demuestran su equivocación. Posteriormente su gobierno ha debido disculparse.
Pero cómo sabemos, su torpeza, propia de esa soberbia tan característica de muchos argentinos, causa mucho daño entre pueblos con que debemos ser amables; y no hay disculpas que reparen el daño y la odiosidad gratuita que surge entre la gente. Y Fernandez no ha sido el único presidente argentino que se ha llevado mal con sus vecinos. Recuerda que por tratar de mejorar su “frente interno”, un general- presidente argentino estuvo a punto de provocar un enfrentamiento militar con Chile… y con ello no sólo provocó antipatías entre argentinos y chilenos sino que afectó la convivencia dentro de muchas familias bi-nacionales como la mía.
Cuando se mezcla la idiotez con el poder, sus resultados pueden ser impredecibles. Eso es lo que ha acontecido con los dichos de Fernandez, quien a título de nada, queriendo empatizar con el gobierno izquierdista español, ha terminado afectando sus relaciones con dos países importantes para su propio país. Qué torpe!
De diplomacia no sabe nada el presidente argentino…!
Y para qué hablar del Papa argentino… quien con torpezas como cuando con el propósito de simpatizar con Evo, dijo que esperaba algún día bañarse en el Pacifico en una playa boliviana… los resultados los vivió en carne propia en su fracasada visita a Chile, en que muy poca gente fue a verlo, a diferencia de los que por millones fueron a ver a Juan Pablo II.
Me provocó mucha rabia la soberbia de Fernandez -como si fuese exitoso en su gestión gubernativa- menospreciando a los dos países más importantes del continente. Y no lo hacía contra sus gobernantes sino que contra sus gentes. Sorprendente!!

Geraldo Pessoa disse...

Abordagem muito feliz, fomentando a paz e convivência harmoniosa, em benefício do desenvolvimento do MERCISUL

Severino Luís de Araújo disse...

Os temas do blogue são de primeira.
Parabéns amigo Girley.

Susana Goldberg disse...

La frase fue desafortunada, eso no significa que el presidente piense que lxs brasilerxs provenga de la selva, como toda construcción metafórica dicha de manera intimista(también fue un error), trae fallas de interpretación.
Toca a los pueblos diferenciar los antagonismos principales, que construyen en la diversidad, de aquellos que dominan por intereses para nada democráticos. Abrazo

Jackeline ortodontia disse...

Parabéns Dr Girley!! Muito interessante e atual!!
Gostei muito do conteúdo.

Dayse Moraes disse...

A frase polêmica do Papa foi um brincadeira,reconheço mas de extremo mal gosto.Brincadeiras pejorativas precisam ser evitadas.

José Otavio de Carvalho disse...

Os irmãos argentinos que fizeram seus comentários comprovam que a maioria da sociedade de lá não concorda com a postura de seu presidente. Lembro que o nosso Presidente tem sido pródigo em ofender a nossa e a outras nações.

Haja Cravos

Neste recente 25 de abril lembrei-me demais das minhas andanças em Portugal. Recordo da minha primeira visita, no longínquo verão de 1969, ...