quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Laranjal Político

Logo que ouvi falar sobre candidaturas laranja de mulheres no PSL, acendeu-me uma luz de alerta e arrisquei dizer que essa tramóia acontece a “três por quatro” em todos os partidos e nas muitas coligações partidárias. Os spots acesos sobre o PSL ficou pelo fato de ser o partido do Presidente Bolsonaro que não sai da berlinda midiática.
Acontece que desde 1997, a legislação eleitoral brasileira exige que partidos ou coligações apresentem, nas suas listas de candidaturas, uma cota mínima de 30% de mulheres. E por conta disto partidos e coligações têm rebolado para cumprir a legislação. Caso essa determinação seja desobedecida a lista apresentada é impugnada.  

Façamos ideia do rolo que isso representa na administração dos partidos. Principalmente nos partidos ou coligações nanicas como existem no Brasil. Ora, numa sociedade machista e cheia de ranços preconceituosos, poucas são ainda as mulheres que se aventuram no cenário da política partidária. É coisa pra homem, mulher não entende disso e a experiência com Dilma foi taxativa.

Na prática, não existe partido que cumpra essa determinação legal de forma satisfatória. E tem, quando forjam as chamadas candidaturas laranja. 
Se a coisa se apresentava sempre como problemática, piorou ainda com a criação, no Governo Itamar Franco, do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), que teve o cuidado de  assegurar às candidaturas femininas 30% dos recursos desse Fundo. Essa amarração terminou dando um rolo maior.
Sem candidaturas verdadeiras e diante da obrigação de fechar nos 30%, partidos e coligações foram às ruas catar “candidatas”. Dona Zefa, Maria, Iracema ou Penha e as colaboradoras de secretaria e  copa do Partido entraram na vibe da candidatura laranja, ainda que sem vocação, sem entender bem da coisa e na maior inocência serviram de receptoras de recursos do Fundo Partidário com o compromisso de repassá-los aos candidatos de fato, seus “padrinhos”, fortalecendo a musculatura das suas campanhas. Essas “prestadoras de serviço laranjais” eram gratificadas com alguns trocados, sorriam de alegrias e ponto final. Assim, fácil e descaradamente.

Mas, na “peneira” dos tribunais eleitorais os resultados das urnas e as prestações de contas das laranjas sobram na malha fina revelando as tramoias cometidas. Falsas comprovações, prestadoras de serviços fantasmas e resultados pífios nas urnas. Agora, no apurado dos votos e dos desvios das verbas partidárias, as candidatas laranja são chamadas para se justificar e, sem argumentos, botam a boca no trombone e assustadas delatam as aventuras que foram levadas a viver. Tem nego eleito na maior “saia justa”. Mais do que eleito tem até Ministro de Estado.

 E, não foi apenas no PSL. Já tem outros casos de outros partidos. Acredito que em todos foram cometidos desses deslizes eleitorais. Investigações neles! O Brasil precisa passar a limpo isto, também. 

Pensando bem, existem candidaturas de fachada e sem futuro desde sempre. De candidatos homens ou mulheres. Lembro que conheci um cidadão que, toda eleição, se candidatava a vereador ou deputado, dependendo da ocasião, por pura diversão e por malandragem de ficar liberado das obrigações de funcionário público durante o período eleitoral. Claro que nunca levou. Saiu sempre derrotado, mas chegou a receber alguns apoios financeiros de tolos e teve três ou seis meses de “férias” a cada eleição. Outro caso foi o do entregador/vendedor de água mineral, na região central do Recife que, crente da popularidade que cultivou junto aos seus fregueses, embarcou numa candidatura de Deputado! Era uma piada nas redondezas que atuava. Conclusão: no primeiro caso se tratava de um verdadeiro "sabidão" e no segundo um puríssimo inocente.   

Por fim, fica evidente, nessas horas, a necessidade de uma reforma política tantas vezes almejada. 
Muito bem, enquanto isto, não deixe de aproveitar o carnaval que começa amanhã. Pulando em blocos nas ruas ou descansando, aproveite e carregue as baterias porque no dia 7 de março o ano vai começar.  

NOTA: Foto obtida no Google Imagens  

         

8 comentários:

Cristina Carvalho disse...

É exatamente assim. Tive um colega que era candidato toda eleição para sair de “férias” e aproveitar o que pudesse pelo fato de ser candidato. Sempre houve e continua havendo. Nós mulheres precisamos de mais interesse na política e no desprendimento em ser candidata de “verdade”. 👍👍

Girley Brazileiro disse...

E vc Cristina Carvalho daria uma deputada de arrasar Brasília. Embarque nessa onda! Meu voto será seu.

Dulce Nadruz. disse...

Sempre muito bom comentário amigo e um feliz carnaval .

Jose Paulo Cavalcanti disse...

Esperei que propusesse o fim do financiamento público das campanhas. Talvez no próximo. Abraços calorosos , amigo. Abraços.

Romulo França. disse...

Texto brilhante, meu caro. Conhecimento absurdo!

Jose Antonio de Melo disse...

Caríssimo Girley Brasileiro. Felizmente o laranjal político está vindo à tona. Um sistema político doentio, repleto de vergonhosas distorções funcionando erroneamente, à vista de todos, como se o legislativo estivesse mancomunado, ou, fosse cego. Como você muito bem colocou: “Uma tramóia costumeira em todos os partidos e coligações partidárias”. Somos vítimas de uma legislação política doentia e nociva que precisa ser corrigida urgentemente. Vergonhoso é esse sistema funcionar impunimente, contando com a conivência do legislativo. Ainda bem que o (PFL), partido do presidente Bolsonaro, está em foco e serviu para isso, caso o desmando fosse provocado por outro partido que não o (PFL), passaria despercebido, como ocorre habitualmente.

Geraldo Magela Pessoa disse...

Quando eu era menino pequeno, lá em Macaíba candidato laranja já existia.

Girley Brazileiro disse...

Magela, Macaiba devia ser a capital do Tio Grande do Norte, porque sempre na vanguarda.

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