segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Dores da Modernidade


A Internet e suas benéficas resultantes, principalmente suas “filhas” denominadas de Redes Sociais, têm contribuído para o maior dinamismo das comunicações no mundo moderno. Disto ninguém duvida. Pessoas que viravam a cara e desdenhavam desses avanços tecnológicos da informática já capitularam e não vivem sem um aparato qualquer que as mantenham ligadas ao ilimitado cyber-ambiente que circulam e onde fazem negócios. Quem insistiu, e continuou torcendo a cara à esta modernidade, vive na chamada camada social dos analfabetos digitais e pagando um alto custo. É curioso, inclusive, ver indivíduos desletrados que manuseiam, com habilidade, o aplicativo WhatsApp num aparelho de telefonia celular, no modo gravação de voz, e se saem airosamente. Quem nunca imaginou viver coisas assim revela-se surpreso. 
Mas, por outro lado, tem uma coisa séria: do mesmo modo que a Tecnologia da Informação (TI) e seus eficientes aplicativos se propagam e ganham adesões, aumentam em progressão geométrica o abuso dos internautas na disseminação de informes falsos e pouco cidadãos como crimes, assaltos virtuais conjugados ao real, pedofilia e correlatos. Isto sem falar nas futilidades/inutilidades que abarrotam os laptops e aparelhos de celulares, dos tipos: Bom Dia, Boa Noite, te amo, fique em paz, além das correntes religiosas ou de bons augúrios. Bom, tem gosto pra tudo.
Exemplo de gentilezas modernas.
Uma das coisas mais abomináveis, contudo, são as chamadas fake-news (informações falsas). Eis aí um dos lados negativos dessa modernidade. Faz-me lembrar os tempos da massificação da telefonia e que os usuários se divertiam, ou faziam mal, passando trotes (ligações anônimas) para seus conhecidos ou desafetos. As fake-news são as versões modernas dos trotes telefônicos do passado com consequências bem mais nocivas, tanto pela facilidade de difusão, quanto a reprodução com alcances ilimitados, sem que haja, até agora, um meio técnico-jurídico prático e seguro para coibir  tantas maledicências. Há um site caçador de fake-news no ar. É verdade. Mas, muitas vezes o incauto sem duvidar cai na vibe de compartilhar. E, feito isto já é tarde para reparar o erro. 

Estudo recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) assegura que as fake-news são mais lidas e reproduzem mais sucessos nas redes do que as verdadeiras noticias. E reforçados por computadores robôs especializados em alavancar emissões de e-mails, twitters, blogs e WhatsApp (popularmente chamados de Zaps) a coisa se torna incontrolável. Esses robôs, aliás, são especialmente programados para multiplicar o número de emissões e com essa manobra popularizar um site, uma noticia falsa, uma marca ou blog. Trata-se de uma estratégia que vem sendo utilizada fartamente, por exemplo, em campanhas políticas em todo mundo, como no recente caso brasileiro. Todos lembram a sujeira que rolou nas redes sociais e o quanto prejudicou, com ou sem justificativa, esse ou aquele candidato. “O crescimento da ação concertada de robôs representa, portanto, uma ameaça real para o debate público, representando riscos, no limite, à democracia” é o que afirma o Sociólogo Marco Aurélio Ruediger, Diretor de Analise de Políticas Publicas – DAPP, da FGV. Quer saber mais? Clique em http://dapp.fgv.br/artigo-os-robos-nas-redes-sociais/

Diante do quadro preocupante, a DAPP assumiu dois compromissos: o primeiro é vinculado ao acompanhamento e debate nas redes e atenção pela democracia. O segundo compromisso é de desenvolver esforço continuo para aprimorar tecnologias de detecção e compreensão desse fenômeno. Ruediger alerta, contudo, que “ao identificarmos robôs operando para um campo, não queremos dizer que os atores políticos ou públicos ali situados sejam responsáveis pelos robôs a seu favor”.  Como facilmente se deduz é difícil. Conclusão: essa modernidade é muito boa, mas, às vezes dói muito.

Confesso que já cai, várias vezes, na armadilha do fake-news. Mas, quem não caiu?  Vejo aí um grande desafio para as sociedades do nosso tempo. Além de buscar a proteção pessoal e da própria sociedade, urge que as autoridades e a comunidade científica descubram meios severos de detectar os verdadeiros desvios.       

 Que a iniciativa da DAPP da FGV, aqui no Brasil, sirva de modelo para outras entidades da comunidade científica. Que o Porto Digital de Pernambuco, centro de excelência em TI, abrace logo esta causa.

NOTA: Ilustração colhida no Google Imagens. 

7 comentários:

Jose Mario Galvão disse...

Bem qualificado por você:
Fake é o trote telefônico de antigamente.
Agora vou conviver melhor com eles.

José Paulo Cavalcanti disse...

Parabéns, amigo Girley. E o mais caloroso abraço de um dinossauro digital. Você criticando e eu dizendo “ isso é comigo “ . Pior é que é mesmo. Seu devoto.

Antonio Carlos Neves disse...

Muito bom Primo disse tudo

BRUNO VELOSO disse...

Parabéns amigo. Abraço

Corumbah Guimarães disse...

Bem desenvolvido. Valeu!

Adierson Azevedo disse...

Amigo Girley,
Boa Tarde Daqui De Braga!!!

Parabéns pela coluna epigrafada acima!! O assunto MODERNIDADE é tão importante que fez parte de painel específico no Fórum Econômico Mundial 2019, ocorrido de Davos, Suíça, sob o tema Globalization 4.0.

Para não ser redundante, venho chamando a atenção de gestores públicos e privados para o enorme espaço vazio entre os discursos e as práticas atuais. O emprego como conhecido até o Século 20, evaporou-se. Nenhuma economia moderna está conseguindo manter sob controle o crescimento econômico sem controlar o crescimento populacional. A Lei da Oferta e da Procura, até a última vez que chequei, continua válida...kkkkkkkkkkkkkk

Um exemplo claro disso é o fracassado programa Minha Casa Minha Vida. O quando o mesmo começou, o déficit habitacional brasileiro era de 8 milhões de unidades. Passados uns 6 anos de sua implantação e, com 3,5 milhões de unidades entregues, o déficit continua em 8 milhões de unidades. Ou seja, esqueceram que Economia é uma ciência dinâmica, jamais estática. Em vez de adotarem médias móveis para previsão de entrega de unidades, adotaram o princípio de "ceteris paribus" e consideraram a demanda uma constante no lugar de ser variável.

Voltando ao assunto principal, a modernidade exige responsabilidade dos atores econômicos. Não há como criar PIB na velocidade da geração de novas bocas!! Ao lado da INTERNET, há que se presta atenção à Robótica e, principalmente, à Inteligência Artificial, à Internet das Coisas (IoT - internet of things).

Enfim, o mundo está diante da 4a. fase da Revolução Industrial onde a máquina não mais auxilia o ser humano. Ela o substitui. Em especial, em todas as atividades repetitivas.

Isso é elementar "meu caro Watson (da IBM)" ................kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Abraços Bracarenses!!
Adierson

Antonio José de Melo disse...

Caro Girley Brasileiro.
Muito bom texto e assunto. Apesar de toda revolução, a internet ainda é embrionária, tendo um longo caminho a percorrer. Enquanto isso, erros e desmandos compõem o contexto atual. Logo surgirá as normas e processos normativos.

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