domingo, 3 de junho de 2018

Trem descarrilado


Tempos, cada vez mais, difíceis. O “trem fantasma” - como venho comparando o momento político do Brasil de hoje – descarrilou nesses últimos dias e recolocá-lo de volta aos trilhos está sendo uma missão difícil e perigosa. Nosso “maquinista” não se revela habilidoso nas manobras necessárias e seus ajudantes não se entendem, até se estranham nos momentos mais delicados do processo. É mais ou menos isto que assistimos nos dias recentes, no nosso amado Brasil. Resultante de uma interminável série de erros na condução política, o país escorregou célere rumo ao fundo do poço, embora este se mostre sempre muito mais profundo do que imaginado. Vivemos numa Nação em permanente estado de convulsão política, dividida e  desgovernada, penalizando seus cidadãos de modo aviltante. 
Contudo, brasileiro como sou e amante do meu torrão natal, continuo achando que tudo isso tem um sentido educativo, rumo ao estado democrático tão sonhado. Naturalmente que sofro momentos de desilusão – sou de carne, osso e sistema nervoso – mas, olho para frente e reanimo meu espírito que retroalimenta minhas esperanças.
Não faço parte da parcela da sociedade que clama pela intervenção militar. Militares têm suas próprias funções e a essas devem se ater. Aliás, diante de manifestações recentes, penso que há no espírito nacional um viés social que sempre acredita nessa solução, que pode ter dado seus resultados no passado, mas, hoje se mostra retrógrada e inadmissível. Lugar de soldado é nos quartéis e a missão de se manter de prontidão para defender a Nação. E pronto. 
Pensando desse modo, entendo que resta aos civis a responsabilidade de costurar o entendimento nacional e promover paz e bem-estar à sociedade. Para isto, além de governantes competentes e probos, o país precisa de produção, empregos, saúde, educação e seguranças pública e jurídica, coisas que sumiram dos nossos costados, faz algum tempo.
Quando estes pré-requisitos se dissipam, o tecido social se esgarça e os prejudicados se rebelam investindo na luta para recuperá-los. Foi isso que aconteceu no recente movimento dos caminhoneiros. Neste caso específico, a crise político-econômica se agudizou, a produção despencou, os custos da produção assumiram proporções asfixiantes, os fretes reduziram-se drasticamente, a disputa por espaço no mercado dos serviços de transportes virou guerra de sobrevivência e o caldo entornou. Faltam cargas para centenas e centenas de milhares de caminhões, que o Governo Dilma promoveu aquisições com financiamentos elásticos. Caos implantado. Sem competência, os condutores do nosso “trem” levaram a “composição” por caminhos adversos onde encontraram severos obstáculos. Removê-los tem sido missão quase impossível. Pior de tudo é que inesperados novos obstáculos são prometidos. A questão agora é saber se esse trem chegará ao fim da linha. É uma questão concreta. Tomara que sim. Deixar os “passageiros” a pouca distancia da estação terminal seria catastrófico.        
Falta ao nosso país maturidade e responsabilidade política. Os corruptos sempre existiram e dificilmente desaparecerão. O trapacear está entranhado na cultura do brasileiro. Sempre que tiver oportunidade o cara tira proveito. Sonega impostos, suborna o fiscal, banca paraquedista nas filas, pirateia programas de computadores, CDs, etc e tal. É o tal jeitinho brasileiro! Não será essa “lavagem a jato” da nossa “composição” que resolverá o problema nacional. Somente uma reforma de base será o caminho para termos a Nação que sonhamos. Mas, falo de reformas que esqueçam nomes e tradicionais modelos e estratégias comprovadamente equivocadas. Reformas que levem em consideração os anseios da sociedade e não os de meia dúzia de políticos irresponsáveis e ávidos apenas em defender seus interesses pessoais. E a Nação não pode continuar sendo apenas um detalhe.
Paro por aqui. Estive falando de algo bem discutido e bem comentado. Cumpri, apenas, meu humilde  papel de observador da vida nacional.

NOTA: Ilustração colhida no Google Imagens

5 comentários:

Claudio Targino disse...

É bom deixar fora dos trilhos. Melhor do que estar tomando susto a cada curva.

Cláudio Targino disse...

Concordo com você.
Deixa o trem chegar na estação. Está bem próximo.
Aí vamos surpreender com o nosso voto em punho, os ferroviários bandidos de plantão.

Dulce Nadruz disse...

Sempre lúcidas suas observações .

Diogenes Andrade disse...

Está ótimo. Muito adequado para o momento. Como sempre, partindo do amigo.

Adierson Azevedo disse...

Amigo Girley, Bom Dia!!

Simplesmente, um obra de arte sua coluna "Trem Descarrilado". Não poderia ser mais arguta, precisa, irretocável, e insofismável. No entanto, como venho dizendo desde sempre, o que descarrilou o Brasil não foram Temer, as desastrosas gestões petistas, ou mesmo o quarteto Sarney, Collor, Itamar, FHC.
O Brasil vem gradualmente se descarrilando desde Vargas para cá. São vários os erros e desvarios de nossos comandantes desde o "velhinho" ditador.
Decisões como:
"O Petróleo é nosso"
Substituição de importações
Plano de Metas -> 50 anos em 5
Unificação das previdências classistas no INAMPS
Mais substituição de importações
Reserva de mercado
Estatizações de bancos, indústrias, energia
9 moedas em um século
Planos heterodoxos
E muitos outros erros não citados acima, destruíram o tecido socioeconômico do pais. Hoje, o que quer que se tente, tende a não dar certo pois sacrifica alguma área da sociedade já dantes sacrificada. Mais impostos, o povo não aguenta. Cortar no setor público como se faz no setor privado, os políticos e funcionários públicos não permitem. Afinal, o setor público brasileiro está protegido por uma tal de estabilidade que impede cortes, demissões, e desestatização.
Fazer o quê numa situação dessas?
Respondo: Correr pro aeroporto e cair fora!! kkkkkkkkkkk
Abraços,
Adierson

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