domingo, 3 de julho de 2016

No Reino da Holanda

A Holanda, por onde andei recentemente, é um país institucionalmente jovem, criado em 1806 por Napoleão, no auge do seu poder imperial, no lugar da antiga República Batava, dentro dos chamados Países Baixos. É uma Monarquia Constitucional e teve como primeiro soberano o Rei Luís I, irmão de Napoleão, que não sendo fiel ao irmão mostrou-se, sobretudo, muito simpático aos holandeses, contrariando as ambições do Imperador francês.  Foi um capítulo da história daquele país que chegou ao fim com o do próprio Império Napoleônico. Encerrado o período napoleônico, os membros da antiga Casa de Orange-Nassau, existente desde o Século VIII, tomaram o poder do país e por lá reinam até hoje. Em 2013 a Rainha Beatriz decidiu abdicar em favor do Príncipe herdeiro, Willem-Alexander, que assumiu o trono em 13 de abril de 2013, junto com a Princesa, hoje Rainha, Máxima Zorreguieta, de origem argentina. O país tem um Primeiro Ministro e tudo mais que se exige para governar a Nação. Essas são características institucionais daquele pedaço europeu no qual passei alguns dias nesse junho passado.
À parte das belezas naturais sobre as quais falei na semana passada, é importante destacar a riqueza cultural holandesa, tema do post de hoje.
Uma visita à Amsterdam é a chance de se visitar dois dos mais importantes museus da Europa: Rijksmuseum e Van Gogh. O primeiro dedicado às artes e à História holandesa, com monumental galeria dos pintores flamencos. Ideal é visitá-lo com um bom tempo e preparar-se para um completo mergulho na história do país. Já o segundo especialmente voltado a expor as obras do magnífico pintor holandês, Van Gogh (1853-90) que morreu ainda jovem, sem nem imaginar o sucesso que faria na posteridade.
Meu filho com um Clone de Van Gogh, diante do Museu.

A Holanda é pródiga em gênios da pintura a exemplos de Rembrandt (1606-69) ou Vermeer (1632-75), verdadeiros mestres da Escola Flamenca, com obras expostas no Rijksmuseum. Destaco entre essas, a famosa Ronda Noturna, de Rembrandt, uma obra que lhe tomou dois anos de trabalho (1640-42) e é até hoje consagrada como a máxima composição exposta em Amsterdam. Vide foto a seguir. De Vermeer, meu destaque é para A Leiteira, um quadro de 1658, cuja foto mostro, também, em seguida.
A Ronda Noturna (Rembrandt)

A Leiteira (Vermeer)
Vibrei muito mostrando essas maravilhas ao meu filho mais moço, quase sempre muito alheio a essas coisas, mas, começando a apurar o gosto em visitando museus e nessa sua primeira visita à Holanda.
Afora estes dois museus, na mesma Amsterdam, outras atrações culturais são encontradas, como a Casa de Anne Frank, sombria, como foi a vida daquela garota, e o modernoso museu da Heineken Cervejaria. Este último é um festival de história da famosa cervejaria, de onde meu jovem filho nem queria sair.
Amsterdam é uma cidade estonteante para os jovens. O movimentado centro antigo da cidade é um verdadeiro frenesi. O grande movimento nos bares, restaurantes, boates, praças e parques garantem a existência de uma eterna festa dia e noite. E, tudo isso, encravado na rede de canais com movimento de barcos e lanchas numa autêntica Dolce Vita. Amsterdam, inclusive, é chamada de Veneza do Norte. 
Vista parcial do chamado Anel de Canais que data do século XVII
Ora, não tem moço ou velho que não se encante por um ambiente desses. Um detalhe disso tudo, porém, é preocupante (pelo menos para nós mais “quadrados”) por conta do liberalismo excessivo e isto faz a cabeça dos jovens por, ao que parece, coincidir com os desejos juvenis, muitas vezes pueris. Pessoalmente faço restrições a esse clima de excessiva liberdade. Acho que mais adiante pode ser muito prejudicial. O fato de ser a maconha liberada já pode dar uma ideia de tudo. É de forma tal que, mesmo sem querer, o visitante percebe, com pouco tempo, que termina inalando a erva que é vista no “bico” de milhares de pessoas. Moços e velhos se entregam ao consumo sem medo e sem restrições. Mais do que fumar são consumidos bolos, balas, chocolates, drinques da maconha e haxixe, além de servirem como matéria prima para sabonetes, dentifrícios, xampus, entre outros produtos.
Restaurante a céu aberto, nesses tempos de primavera-verão 
E tem outra coisa: impossível sair de Amsterdam sem visitar o Bairro da Luz Vermelha, onde justamente impera a gandaia. Fiquei somente observando as reações do meu jovem filho diante das vitrines de “venda” dos corpos das prostitutas mais desinibidas do planeta. As primeiras impressões para um novo visitante é sempre muito surpreendente. Quando, porém, entende do “brocado” da área, o sujeito chega a ficar perplexo com a capacidade das exibidas mulheres. Brancas, negras, orientais, mulata brasileira (com direito a se enrolar na bandeira do Brasil), gordas (enormes), magras, altas, baixinhas...feias, lindinhas... Tem pra todo gosto de freguês. E, pelo visto, o mercado é um sucesso. Vide foto a seguir.
Foto colhida no Google Imagens. Ao turista é proibido fotografar

Mas isto aí é um detalhe à parte de um país de belíssima paisagem, rica gastronomia, flores e frutos exuberantes e um povo extremamente gentil. Há uma elegância natural do motorista de táxi ao recepcionista do Hotel. Ordem e disciplina no transito de dar inveja a qualquer brasileiro.
Salve o Reino de William e Máxima! Um dia voltaremos a revê-lo.
NOTA: As fotos são da autoria do Blogueiro, com exceção da vitrine do Red Light District que foi obtida no Google Imagens.

10 comentários:

Unknown disse...

O Blogueiro estava tão empolgado, que terminou por não tirar a foto da vitrine no bairro vermelho.
Teve que recorrer ao Google!

Antonio Carlos Neves disse...

Maravilha muito bom bolo de maconha deve deixar a briga doidona kkkk
Antonio Carlos Neves

Thobias Silva disse...

Muito bom ler suas publicações Girley Brazileiro! Abraço
Thobias Silva

Edvaldo Arlégo disse...

Depois de longo e tenebroso silêncio, volta seu blog para minha satisfação e, porque não dizer, deleite. Parabéns pelo retorno. Diante do tema gostaria de lhe perguntar. Por acaso você viu algum comentário histórico sobre a invasão holandesa no Brasil? Pelo que sei no campo da História não houve essa invasão, pois eles não estudam esse período no currículo escolar. Creio que a invasão não foi holandesa, mas judaica. Quanto ao amigo ficar meio estarrecido com a liberdade excessiva para com a "modernidade" para os vícios da carne e do espírito, estou com você, pois, como escrevi no meu primeiro livro, hoje na quadragésima terceira edição, Diálogos no Picadeiro da Vida (o qual trata das relações entre pais e filhos. Num dos ensinamentos o pai afirma.), "O que se vem chamando de evolução nada mais é do que um caminho sem retorno. O afago de ontem é o abraço de hoje; o beijo de anabgã é o não-se-sabe-o-que de depois de amanhã. A cada passo se acrescentará sempre um novo desejo dentro do túnel escuro de tempo. É muito perigoso, meu filho. Precisamos estar bastante conscientes desse perigo sem, contudo, fazermos dessa preocupação maiores estardalhaços. Precisamos nos lembrar que os extremos são mais fracos e geralmente ferem". Aguardo a nova postagem e bom retorno à Nova Amsterdã. Arlégo.

Girley Brazileiro disse...

Amigo Arlego,

O Blog nunca saiu do ar! Salvo no período em estive no "estaleiro" devido ao infarte que sofri e período de recuperação. Fico feliz por saber da sua visita. Volte sempre e faça seus preciosos comentários.

De fato os holandeses defendem a tese de que foi a Companhia das Indias Ocidentais que invadiu o Brasil, Pernambuco em particular. Como a Companhia era ligada aos judeus antigos holandeses comercializantes do açúcar no mercado internacional e estavam em guerra guerra com Espanha - na época anexando Portugal sob a Coroa de Felipe II de Espanha - não tiveram dúvidas em invadir nossas terras de produção do produto precioso. Eis a história que conheço, em poucas palavras.

Um abraço amigo.

GB

Girley Brazileiro disse...

Amigo Gustavo Pinto Coelho, não fiz fotos das meninas nas vitrines porque é proibido. Fotografou leva pau... Kkkk

JR Produções disse...

Parabéns pelo artigo, suas colocações são bastante interessantes e proveitosas.

Susana Gonzalez disse...

Un bello viaje a un hermoso lugar, pero lo q lo hace increíble es la compañía y en tu relato lo demuestra. Besos
Susana Gonzalez

Fabiano Toquetão disse...

Muito bom Girley , Amsterdã é uma las Vegas ... Cidade portuária , recebeu e recebe a liberdade dos marinheiros de folga , a mistura de suas loucuras e culturas é a que a tornam única , não seja tão duro com ela , abraços carinhosos ... Adorei o texto.
Fabiano Toquetão

Edvaldo Arlego disse...

Caro amigo Girley. Grato pela resposta ao meu pequeno comentário.
Desde quando Germano Coelho, então Prefeito de Olinda, tentou exigir
dos holandeses o reparo financeiro pelo incêndio provocado
criminosamente na Marim dos Caetés, ao tempo em que eu era professor
de História Geral, defendi a nulidade do questionamento do nosso
burgomestre pela razões expostas no meu comentário anterior. Em minhas
mãos tenho o livro História dos Países Baixos, no qual se tem o
roteiro das efemérides desde o ano 37 a C até 1990 d C e em nenhum
momento aborda a Invasão das terras brasileiras no Século XVII.
Aborda, isto sim, a trégua dos doze anos entre a Espanha e a República
(1609-1621) e o fim da Guerra dos Oitenta Anos com a assinatura do
documento da Paz de Vestefalia em 1548, seis anos antes da expulsão
dos invasores dos Países Baixos no Brasil. Em 1654, quando da expulsão
deles das nossas terras os holandeses estavam em guerra contra os
ingleses, a qual durou de 1652 até 1674. Isso é o que se estuda nas
escolas de lá. Arlégo. .

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