Fugi do carnaval do Recife, outra vez. Quando amanheceu o sábado e o Galo da Madrugada botoupracantar nas ruas da cidade, eu voava para bem distante. Dessa vez fui bater em Nova York. Troquei o calor sufocante dos trópicos pelo frio e a neve do inverno no Hemisfério Norte.
Encontrei Nova York vestida de branco, tal qual uma noiva, depois de uma nevasca, um dia antes. Temi, inclusive, com uma frustração de vôo, que felizmente não ocorreu e, aliás, não seria a primeira vez. Vide as fotos a seguir com uma penitente sofrendo com a baixa temperatura, na primeira. Detalhe: quando a neve derrete fica a maior sujeira. Trabalho dobrado para a Prefeitura.
A primeira grande impressão é conferir o imenso poder de atração que aquela cidade exerce sobre o imaginário dos turistas do mundo inteiro. Desembarcar no aeroporto JFK é cair num formigueiro humano. Aviões e mais aviões aterrissam, a cada minuto, despejando gente de todas as partes do mundo. Árabes, africanos, orientais, indianos, hispânicos, ocidentais comuns – todos a caráter – se misturam num mosaico de raças e nacionalidades, com o mesmo objetivo de adentrar nos domínios de Tio Sam e curtir as atrações que a chamada Terra da Liberdade oferece. Somente na fila da imigração fiquei, dessa vez, por duas horas e dez minutos. Cá prá nós, depois de dez horas de vôo, desde São Paulo é um verdadeiro exercício de paciência. Mas, não é só em N. York. Observei que ocorre em qualquer aeroporto de entrada dos Estados Unidos. Recordo que, nesses últimos 90 dias, desembarquei três vezes nos States, em três diferentes aeroportos (Miami, Los Angeles e Nova York) e em todos sofri a maçada da burocracia. Sempre acho que são poucos os guichês com agentes de fronteiras.
A cidade de Nova York não chega a ser uma bela cidade. Opinião pessoal. Gosto sim de chegar lá. Mas, aquele amontoado de edifícios não se constitui em nenhum conjunto de especial beleza. Até porque os que ostentam beleza arquitetônica não são relativamente muitos. As ruas não são arborizadas e não fosse o Central Park a cidade se resumiria a uma selva de pedras com raras manchas de beleza por conta das poucas praças ou pequenos parques. É diferente de se chegar a Paris ou no Rio de Janeiro. O que mais atrai na chamada Big Apple é, sem dúvida, a dinâmica do seu intenso comércio – as vitrines das grandes lojas enchem a vista do visitante – a imensa gama de opções da gastronomia cosmopolita, os museus e o showbiz da Broadway e arredores. Não tem quem resista a esses atributos.
Caminhar na 5ª. Avenida, por exemplo, é prazeroso e faz bem à cútis e à alma, segundo amiga minha. Parar numa vitrine, entrar numa loja de departamentos, admirar o lay-out, o colorido, subir e descer as escadas rolantes... nem precisa comprar. Basta observar a gente que circula e a beleza dos produtos expostos. É um tipo de lazer. Depois disso, entrar num dos inúmeros cafés, pedir um – em geral ruim – sentar, pagar para isto e continuar observando a fauna circulante. Mulheres lindas, sobretudo embaladas para enfrentar o frio. Cavalheiros elegantíssimos. WiFi? Em todo lugar e de graça! Aí, é só pegar o Iphone ou Ipad e se comunicar com o mundo e com a gente de casa. Oi! Tudo bem? Tás aonde? Em Olinda? O carnaval aí tá bom? Eu? Tô em Nova York, tomano um cafezinho... ruim, visse... Mas, é na 5ª. Avenida, né?. Que nada. Ôxente, tô falano por skype e a Internet aqui é de graça em todo lugar. Né bom?Xau, visse. Te amo! Disponibilzar o Wifi faz parte da estrategia de atrair o cliente. Nisso, o café já esfriou, o tempo passou e ninguém manda você se levantar. Lugar quentinho e o frio torando lá fora... (Foto a seguir)
Nessa temporada, vi brasileiros por todo lado em Nova York. Os tupiniquins estão fazendo a festa dos americanos. Quando se entra num hotel, restaurante ou numa loja, os balconistas logo reconhecem e vão soltando: Brasileiro! Obrigado, de nada! É uma graça. O negócio é agradar a quem pode comprar e os brasileiros estão “queimando dólares”. Não compram de uma peça. Perguntam o preço e pedem logo duas. Os aviões de volta vêm pesados de tantas malas. Na verdade Nova York está preparada para receber não somente os consumidores brasileiros, mas do mundo inteiro. A dinâmica é extraordinária, a concorrência é galopante a tal ponto de derrubar os preços de forma inacreditável. Nesta estação de inverno liquidam o que sobrou do verão e outono passados. É exatamente o que brasileiros e a grande maioria busca. Os preços chegam a ter 70% de desconto. No caso dos brazucas é “mãonaroda” porque os produtos de grife, importados de lá, chegam cá pela hora da morte. Haja consumo. Diante desse cenário fico crente de que os Estados Unidos da América são, na prática, o Império do Consumo.