O IBGE divulgou esta semana os resultados da Pesquisa
Nacional por Amostragem de Domicilio – PNAD, ano 2011, que é um dos mais
importantes trabalhos da agencia oficial de estatísticas do país. É um estudo minucioso e sempre muito importante, enquanto suporte básico para todas as decisões que são tomadas por governos nos mais distintos níveis, sobretudo no campo das
políticas sociais. Fico sempre muito atento quando dessas publicações, quem sabe por
um pouco de saudosismo do meu antigo ofício, em tempos de SUDENE, quando
coordenava um trabalho de Indicadores Sócio-Econômico Regionais do Nordeste. Já
faz algum tempo... De lá para cá, o Instituto melhorou bastante a metodologia
de pesquisas, de maneira que esses dados publicados atualmente refletem bem
melhor a realidade da vida brasileira.
O primeiro número a registrar, deste ano, é o da população
total que já chega aos 195,2 Milhões de pessoas. As mulheres em maior número, com 51,5% desse total. Faz tempo que é assim. Interessante descobrir que nascem mais
meninos, mas quando se observa a faixa dos 30 anos, as mulheres são maioria. Os
motivos podem ser vários e vão desde a mortalidade infantil até outras causas
no decorrer do crescimento e juventude. Sinal de que os indivíduos do sexo
masculino são mais vulneráveis na travessia da vida.
Não vou repassar todas as informações divulgadas. Mas,
algumas valem à pena destacar. Por exemplo: a Taxa de Fecundidade, que é aquela
que indica o número médio de filhos, por mulher em idade de reprodução. Em 2011 a taxa era de 1,95.
Esteve bem próxima da de 2009, que foi de 1,94. Mas, o que chama a atenção é o
fato de que em 2004, esta mesma taxa foi de 2,13. Ou seja, as brasileiras estão
tendo menos filhos nesses últimos anos. É bom lembrar que essa situação remete
a algumas reflexões: se, por um lado, revela uma redução na velocidade de
crescimento da população, o que pode ser bem vindo, por outro aponta para um
quadro futuro, no qual poderemos ter dificuldades na reposição da força de
trabalho, importante fator de produção. Isto já foi visto na Europa e se
constata em países como o Canadá que vem promovendo a incorporação de muitos
estrangeiros na sua força de produção.
Outro dado interessante é o que dá conta do percentual de
brasileiros, com 15 anos ou mais, que vivem em união conjugal: 57,1%. Ao
contrário desses, 22% nunca vivenciaram uma união e permanecem solteiros. O restante,
de 21% são aqueles que já estiverem casados ou juntados e na ocasião da
pesquisa estavam solitários. Ah! 34,8% dos que tinham companheiro ou
companheira viviam em união consensual, isto é, a popular situação de amigado
ou amasiado. Está no Norte o maior numero de pessoas nesta situação, 51%, e o
Nordeste vem em segundo lugar com 40,8%. Engraçado é que, para minha surpresa, é no Sudeste,
região das grandes metrópoles e de uma gente mais liberal, que se encontra o
menor número dos casados na forma de união consensual, somente 28,6%. A PNAD
ainda não pesquisa o número de uniões homoafetivas. Mas, acredito que isto é
por enquanto.
Um dos dados que mais me alegra é o da taxa de analfabetismo
que vem caindo rapidamente. O Brasil enfim caminha para se tornar um país de
cidadãos letrados e senhores de vida digna e com liberdade. 8,6% dos
brasileiros vivem na condição de analfabeto, isto é, 12,9 milhões de pessoas. É
muito, ainda. Contudo se pensarmos no passado não muito remoto... São indivíduos, na
grande maioria com idade acima de 30 anos e o maior contingente continua sendo no
Nordeste. Nas faixas etárias menores a quantidade de analfabetos é irrisória. Ainda bem. Acontece que os
jovens de hoje não querem nem pensar em ser analfabeto.
A Pesquisa mostra muitas outras informações do brasileiro e
seu dia-a-dia, incluindo situação de trabalho, emprego formal, trabalho
infantil, rendimentos e taxa de desemprego que, aliás, caiu em todas as
regiões, entre 2009 e 2011. No país, como um todo, a taxa caiu de 8,2 para 6,7%.
Agora, tem uma informação que causa bela surpresa: 89,9% dos
domicílios brasileiros dispunham de telefones – fixo ou celular – o que
significa um avanço extraordinário se recuarmos aos idos dos anos 80 e 90.
Naturalmente que foi a telefonia móvel que estabeleceu este novo padrão de
comunicações. Informes recentes dão conta que já existem, praticamente, um
telefone celular para cada brasileiro. Se o quantitativo de telefone chama a
atenção, o que dizer do fato de que 42,9% dos lares brasileiros já dispõem
de um microcomputador, em 2011? Detalhe: 36,5% deles, na hora da pesquisa, estavam
interligados a Internet. São novos tempos com o progresso tecnológico chegando a
passos largos para alçar o Brasil a um patamar de nação grande.
NOTA: Fotos obtidas no Google Imagens
4 comentários:
Prezado Girley.
Parabéns. Você fez um resumo precioso do levantamento do PNAD. Aqui vão algumas considerações:
- O percentual maior de mulheres na faixa dos 30 anos, a meu ver reflete a violência no Brasil. São 50 mil mortos por ano por armas de fogo e outros mais de 40 mil por acidentes de trânsito. Um verdadeiro genocídio que atinge principalmente os jovens do sexo masculino na faixa entre 15 e 24 anos.
- Se levarmos em conta o analfabetismo funcional, os que não conseguem interpretar textos nem sabem as 4 operações básicas de aritmética, as estatísticas sobem a 40%.
Muito bom o seu texto. É o retrato do Brasil.
Prezado Girley
O tempo passa mas a competência continua.
Comento apenas que nesse caso citado
"Ah! 34,8% dos que tinham companheiro ou companheira viviam em união consensual, isto é, a popular situação de amigado ou amasiado. Está no Norte o maior numero de pessoas nesta situação, 51%, e o Nordeste vem em segundo lugar com 40,8%. Engraçado é que, para minha surpresa, é no Sudeste, região das grandes metrópoles e de uma gente mais liberal, que se encontra o menor número dos casados na forma de união consensual, somente 28,6%."
Temos que considerar a ineficiência do setor publico, no sentido de facilitar os registros matrimoniais e de nascimento das pessoas, em especial na região Norte,e nesse caso, pasme, muitas vezes os cônjuges não tem certidão de nascimento, tudo isso agravado por uma falta de educação básica.
Entendo que possivelmente isso explique o porque de valores superiores ao Sudeste.
Um abraço
Breno
Obrigado amigos Alberto e Breno.
seus comentários enriquecem meu texto.
Infelizmente o espaço é exíguo para que possamos fazer maiores comentários. Mas, fico satisfeito por provocar as reflexões dos amigos.
Abraços,
Girley
Realmente Girley,
Com relação a telefonia, foi uma verdadeira revolução em pouco espaço de tempo. Antes da privatização e do advento do celular, vivíamos ainda a era do Graham Bell.
Mauro Gomes
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