sábado, 28 de abril de 2012

Bons Ventos

Os resultados do Censo Demográfico de 2010, divulgados pelo IBGE nesta Sexta-Feira, apontam para coisas, a meu ver, muito interessantes para revelar o Brasil de hoje. Destaco, entre outras, o fato do que o país está na mira de muitos estrangeiros que escolhem viver por aqui, atraídos pela dinâmica socioeconômica que se experimenta. Além de estrangeiros tem também o retorno de brasileiros que dantes haviam tomado o rumo do estrangeiro na busca de dias melhores e vida mais digna. Ao mesmo tempo, crescentes correntes de migrantes brasileiros, fazem o caminho de volta aos estados de origem, visto que já podem desfrutar de melhor qualidade de vida e dispor de seguras oportunidades de empregos e/ou negócios.
Esta última constatação é deveras animadora, para quem – como eu – trabalhei na velha SUDENE e via, com tristeza, o crescer das estatísticas dos muitos que debandavam, com destino ao Sul Maravilha, por falta de oportunidades na sua terra natal. Houve aqueles que com rasgos de sorte e talento e se deram bem. Muitos, porém, penaram e ainda vivem, com suas famílias, nas favelas paulistanas ou pendurados nos morros cariocas, sem perspectivas de vida e sem condições de engrossar as estatísticas dos retornados.
Mas, nos dados hoje divulgados, descubro um número interessantíssimo: em 2000, os imigrantes estrangeiros registrados no país era de 143,6 Mil e dez anos depois era de 268,4 Mil. Vejam que coisa. Pelo visto, o Brasil se tornou um mercado de trabalho atrativo e um país de oportunidades. Como de se esperar, a maioria dessa gente chega a São Paulo, seguido do Paraná. Minas Gerais, também, recebe muitos deles e ultrapassa o Rio de Janeiro, nessa contagem.
Mas, bom mesmo foi chegar aos dados que revelam a volta de imigrantes brasileiros decepcionados com a crise lá fora e descobrindo oportunidades na “casa paterna”, tal qual o que relata a parábola do Filho Pródigo. Estão voltando aos montes, com mala leve e cuia vazia. De onde? Segundo o IBGE, procedentes dos Estados Unidos, Japão, Espanha, Portugal, Paraguai, Bolívia, entre outros. Sinais dos tempos minha gente... Antes, faz pouco tempo, me dava pena quando se noticiava, em grandes manchetes, que os brasileiros fugiam para o exterior a busca de melhores oportunidades de vida. Agora, o ruim está lá fora. Que virada! Também, pudera, porque empregos na Espanha ou Portugal não existem. A crise dos Estados Unidos quebrou bancos e grandes corporações, jogando abruptamente os trabalhadores no meio da rua. E os primeiros vomitados foram os estrangeiros. No Japão a coisa ficou preta. O contingente dos chamados degaseguis (brasileiros descendentes de japoneses regressados) cresce a cada dia. O Japão não está mais para os nikkeys (brasileiros filhos de japoneses) como no passado. E, no caso dos brasileiros que viviam no Paraguai ou na Bolívia a explicação é simples: quem pode viver num destes dois países, com as condições políticas e econômicas tão adversas? O Brasil – não obstante a roubalheira que impera em Brasília – está indo relativamente bem. Ah! Outra coisa interessante: os cearenses são que mais retornam ao estado natal. Tanto vindo do exterior, como de outros estados brasileiros. Taí, um estado de futuro! Aliás, pensando direitinho, o Nordeste está com tudo. Aqui em Pernambuco a coisa anda “de vento em popa”. Tem muitos pernambucanos, lá fora, que andam de olho, a cata de uma chance de retornar. Os estados vizinhos vão no mesmo rumo.
Agora, minha gente, tem uma informação que precisa ser festejada: “De 2000 para 2010, a taxa de mortalidade infantil caiu de 29,7‰ para 15,6‰, o que representou decréscimo de 47,6% na última década. Com queda de 58,6%, o Nordeste liderou o declínio das taxas de mortalidade infantil no país, passando de 44,7 para 18,5 óbitos de crianças menores de um ano por mil nascidas vivas”. Isto era uma coisa impensado há vinte ou trinta anos. Agora, anda soprando bons ventos.

NOTA: Foto obtida no Google Imagens

5 comentários:

Geraldo Pereira disse...

O seu texto está ótimo, um comentário lúcido e patriótico, de quem tem no sangue o microbio do "pertencimento". A questão da Mortalidade Infantil foi a melhor para mim, porque é um indicador forte de desenvolvimento e sobretudo de aprimoramento na qualidade de vida da gente simples. Eu estou preparando, também, um comentário, talvez para uma revista, em cujo texto digo a taxa brutal do ano de meu nascimento (1944), que foi de 244 por mil nascidos vivos. Calculei, igualmente, os índices de 2010 e 2011 para Pernambuco. Pode crer que estamos bem, pelo menos muito melhores do que fomos. Vale lembrar aqui nomes como os de Ayala Gitirana e Orlando Parahym, ambos preocupados com isso,
Geraldo Pereira

Edvaldo Arlego disse...

Caro Companheiro Girley. O despreparo da mão de obra não seria o
componente mais importante para esse retorno de brasileiros e
nordestinos e a vinda de estrangeiros não teria o mesmo motivo? É um
caso a pensar e agir rápido. Porque se isso for verdade só haverá de
sobrar para nós a iniciativa privada e os empregos domésticos.
Abraços, Arlégo.

Ronaldo Carneiro disse...

Caro Girley – meus cumprimentos pelo seu blog. Sinto falta dos grandes debates, de idéias ousadas, de programas desafiadores e de grande alcance. O País necessita de nossa força, de nossa união, de nossa liderança, de nossa credibilidade. Vou lhe envioar, texto meu acadêmico – “Ética e crise global” - para sua avaliação, focando uma abordagem de longo prazo para tratar da causa do problema fome, penso que sua experiência sobre o tema tem muito a contribuir nestas idéias. Cordialmente.
Ronaldo Carneiro - EGD 2008-9 - D 4530

Dulce Diniz Nadruz disse...

Ola amigo Girley
Que bom está seu blog hoje, pois no enche de esperanças.E que os bons ventos continuem soprando a nosso favor.
O meu amigo Jorge Rondón,postou no seu mural, este seu blog.Fiquei feliz em vê-lo e foi através dele que o li.Para-
bens amigo,continue atento,para elogiar ,como para criticar.Um abraço amigo
Dulce Nadruz

Jomar Ferreira Neto disse...

Com os juros mais altos do mundo, o Brasil tornou-se uma atração irresistível a todos os investidores internacionais.Com os juos baixos de outros países, eles veem ao Brasil e investem suas fortunas, abrem negócios e exportam para si próprio lá fora. O lucro desse investimento, infelizmente, vai quase todo de volta e essa sangria foi referida na visita de Dilma ao exterior quando queixose frente à chefona da Alemanha. Essa, não deixou por menos, disse que a culpa era da própria Dilma que mantinha esses juros e que com isso permitia o lucro pernicioso.
A mortalidade infantil caiu, é muito bom. A corrupção subiu, é muito ruim.
As oportunidades de emprego subiram, é muito bom. Mas só para quem tem boas qualificações, o que é muito ruim. Pelo alto índice de analfabetização, os empregos oferecidos não atingem a maioria dos desempregados que continuam no sistema clandestino, sem carteira assinada e sem cidadania. As ruas estão cada dia mais repletas de camelôs, as escolas e favelas mais abarrotadas de traficantes e as ruas com crianças nos semáforos e marginais no assalto diário às vagas de estacionamento.
Carlinhos Cachoeira mostra que nosso Brasil está podre, que essa rede de bandidos não tem ponto de abate, é tão difundida que pode se tornar infinita. É mais que um longa metragem. E ainda falta computar os desvios das empreteiras nesse PAC da Copa do Mundo. Quando destamparem o bueiro, os bilhões desviados através de aditivos antecipadamente programados, ninguém mais se assustará. Já estamos letárgicos, conformados e inoperantes.
Grande abraço,
Jomar Ferreira Neto

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