domingo, 11 de setembro de 2011

O Recife enfartou

Ultimamente, aqui no Recife, só se fala em mobilidade. Referem-se a tal da desejada mobilidade urbana. Todo mundo reclama, com razão, das dificuldades vividas no transito caótico da cidade. A cidade enfartou. É isto aí. E, até agora, não apareceu um especialista para criar os by-passes.
Esta semana que passou foi cruel. Na véspera do feriado de 7 de setembro, dois enfartos paralisaram a circulação viária da urbe recifense. Na zona Sul, um conserto no pavimento da importante via de acesso ao bairro de Boa Viagem, a Avenida Domingos Ferreira, estrangulou o transito e na zona Norte, uma árvore desabou sobre a Avenida Rosa e Silva, outra importante via, principal acesso aos populosos bairros de Casa Amarela, Parnamirim e Casa Forte, com danos materiais a proprietários de veículos atingidos, simplesmente paralisaram a cidade. Foi um caos! Durante duas horas e meia fui obrigado a fazer um trajeto que normalmente se faz em quinze minutos. Um desespero. Não tínhamos saídas! A cidade parou totalmente. Inacreditável. De norte a sul e de leste a oeste havia engarrafamentos intermináveis.
Foram episódios conjunturais, é verdade... Mas, pegou a cidade num momento em que se discutem soluções para uma melhor mobilidade. Uma prova de fogo para quem tem o poder de mando e de solucionar o problema, porque expôs a situação de modo cru e irremediável.
O Recife cresceu com uma política de ocupação do solo irrealista ou desobedecida. A política vigente não surtiu o efeito desejado. Interesses políticos, dos (tu)barões da construção civil e da sociedade egoísta levaram a esta situação deplorável. Espigões são levantados, sem o menor cuidado com a circulação viária. Ruas estreitas recebem, sem condições, prédios gigantescos, abrigando famílias com uma média de dois carros por unidade. Garagem para estes, nem sempre são disponibilizadas.
Estima-se que circulam no Recife, aproximadamente, 600 mil veículos automotores que, somados aos mais de 300 mil na Região Metropolitana, resulta num total em torno dos 900 mil veículos, entrando e saindo de uma cidade não preparada para esse pesado volume. Semana passada, publicou-se a informação de que no estado de Pernambuco, como um todo, já são registrados 2 Milhões de veículos. É muito, vamos e venhamos.
Alguma coisa tem que ser feita para administrar essa carga pesada.
Como um simples mortal e sem poder de opinar, acho que aqui na capital – além de uma engenharia de tráfego competente e eficaz, fora, naturalmente, uma sensivel melhoria na infra-estrutura viária – poderiam ser adotadas algumas medidas simples e que resultaria em alívio imediato, como, por exemplo: proibir cargas e descargas de mercadorias entre 8 e 20h.; evitar consertos e instalações em vias importantes no horário diurno; proibir, severamente, pelo menos nas principais artérias ou no miolo urbano, o trânsito de carroças com tração humana ou animal; coibir o transporte de bujões de gás e de água mineral em motocicletas; bicicletas na contra-mão (um absurdo) e, por fim, instalar um sistema de rodízio de automóveis, em circulação conforme placas. São coisas simples. Mas, que podem ajudar. Caso contrário, não tem jeito!
Por outro lado, uma campanha educativa de massa, via principais meios de comunicação, poderia conscientizar a população no sentido de melhorar esse transito aparentemente sem solução. Temos um povo mal-educado e habituado a fazer o que quer e não o correto. Educação nele!
Na perspectiva de construção de novas vias de infra-estrutura viária na cidade, que deve estar pronta antes da Copa de 2014, já avisaram que a situação vai piorar, enquanto durarem as obras. Não sei como vamos sobreviver a uma situação pior.
O Recife enfartou e as autoridades não encontram meios para operar a normalidade.
NOTA: As fotos foram obtidas no Google imagens

13 comentários:

J.Artur disse...

Prezado Girley, além do esgotamento do DIÁRIO nas bancas pelo que saiu s/você em João Alberto, parabéns pela análise crítica duma tal de "mobilidade" --- Os novos pernambucanos não sabem o que diacho é isso! Bons tempos aqueles do Lotação de Olinda quando em 15 minutos saia-se da R. Riachuelo e chegava-se em Bairro Novo...
Continue criticando / sugerindo e quem sabe as próximas gerações lhe agradecerão !!!
J. Artur

Carlos Antonio Domingues disse...

Girley, No caso do Recife, não adianta se falar mesmo na solução para "mobilidade".
]Já parou para imaginar obras na Agamenon... Na conde da Boa Vista e na Av. Miguel Arraes (antiga norte)
O caus no transito sempre foi previsível. Os empresários ( construtores), na ânsia de riqueza têm sua parte neste caus, do transito e da miseriaque toma conta da nossa cidade.
O poder p´público sempre, conivente e corrupto, não cuidou da cidade.
Agora não vislumbro solução os recifenses de hoje e muito menos para os nossos bisnetos.Acreditar em qualquer projeto investimento para melhoria do "trânsito", destinado tão somente ao enriquecimento uns poucos "empresários" e muitos corruptos.
Abraços do companheiro amigo,
Carlos Antônio

Philipe Jardelino disse...

Na verdade, já estamos na UTI a algum tempo. Não se concerta uma cidade em 4 anos. Atribuir todas as mazelas da cidade ao coitado do João da Costa é uma injustiça. Agora, se considerarmos que o Governo dele é uma continuidade dos 8 anos de João Paulo, no mínimo pode-se dizer que faltou planejamento. Mas, como o povão não tem avaliação política balizada, tudo indica que sairá vitorioso o candidato que Lula indicar.
Philipe Jardelino Costa

Geraldo Costa (Imperatriz-MA) disse...

Meu caro GIR,
assino embaixo, no geral, seu "diagnóstico" sobre nossa RECIFE, que daqui "vivo" à distância, mas tendo por aí passado (uma bastante semana...) há três meses.
Só não concordo (por não acreditar na eficácia etc.) com esta proposta :"Por outro lado, uma campanha educativa de massa, via principais meios de comunicação, poderia conscientizar a população no sentido de melhorar esse transito aparentemente sem solução. Temos um povo mal-educado e habituado a fazer o que quer e não o correto. Educação nele!"
Simplesmente (?) por esta razão mesma que você coloca: "povo mal-educado e habituado a fazer o que quer e não o correto"...
Portanto, na suposição (?) de que quem tem habilitação (...) sabe o que deve/pode ou não... então: MULTA NELE! e pesada, e apreensão de veículo e carteiras etc.
De resto, ?que pode fazer a tal "autoridade municipal" em face da euforia do crédito para veículos e imóveis, federalmente badalada (eufemismo!) em velocidade (e $$) muito superior às possibilidades de "melhoramento urbano"... em espaços metropolitanos já historicamente truncados e viciados e corrompidos pelo egoísmo capitalista e pela ganância imobiliária???
Não sou pessimista, em absoluto, mas...
Geraldo Costa

Baiano disse...

Prezado Girley,
Não faz muito tempo, escrevi um artigo intitulado "Os sete pecados capitais do Recife". No mesmo, listei o conceito errado de arborização da cidade e chamei os desabamentos das mesmas de crônica de uma morte anunciada. Não é de hoje que árvores desabam no Recife e ninguém faz nada. Um bando de vadios metidos a ecologistas e a defensores da natureza, "danam o pau" em quem ousar reclamar desse absurdo que se repete de tempos em tempos.
Dessa vez causou danos humanos além dos materiais. No entanto, passado o transtorno, quando é que vão perceber que em nenhuma cidade do primeiro mundo as arvores são colocadas nas calçadas? Em Londres, onde estive em junho passado, existem os jardins (Kensington Park, por exemplo) onde as arvores vivem no seu habitat natural. Nas ruas, elas não tem para onde crescer, suas raizes quebram as calçadas, e a dificuldade é grande para extrair a seiva que as alimenta. Resultado, seus galhos têm que ser cortados de tempos em tempos pois se emaranham com as redes aéreas de energia e telefonia.
Fora esse "pecado" existem outros de assustar mas que ninguem está se dando conta. Me refiro aos canais da cidade, verdadeiros esgotos a céu aberto. Isso, sem se falar nas mortes dos rios Capibaribe e Beberibe. Enquanto isso, em Londres, o hostórico Tâmisa (Thames) tem um conjunto de pontos turisticos impressionante, agora também composto da London Eye, maior roda-gigante do mundo.
Será que nossos dirigentes e nossas elites visitam esses lugares e não se dão conta de que essas idéias seriam muito bem-vindas aqui? Mas, isso, fica para outro comentário. Por enquanto, lanço aqui um desafio para salvarmos nosso verde e nossas árvores, transferindo-as para novos parques e jardins no entorno de canais e rios revitalizados e redivivos para o bem de nossas futuras gerações. Cuidar do Recife é fácil. Dinheiro existe. O que falta e coragem para enfrentar alguns donos da verdade e do poder.
Abraços
Baiano

Mauro Gomes disse...

Pois é meu amigo. A coisa está cada dia mais séria e não conseguimos enxergar soluções fáceis.
Pelo jeito, daqui a pouco será mais vantajoso ir andando para o trabalho.

Mauro Gomes

ORLANDO CHALEGRE disse...

Caro amigo Girley:

Aqui estou mais uma vez e desta feita para ratificar meu ponto de vista sobre o problema da mobilidade urbana no Recife, haja vista já ter feito neste seu espaço considerações à respeito deste assunto.

Mesmo concordando com sua crítica à ganância desenfreada dos incorporadores da construção civil, se analizarmos bem o problema termina recaindo sobre os gestores públicos, os quais são desprovidos da capacidade tecnica necessária à solução desses e de muitos outros problemas que afligem nossa Recife.

Enquanto os governos continuarem a preencher os cargos de carater tecnico objetivando apenas o favorecimento de seus partidários políticos, nunca teremos soluções plausíveis.

Por outro lado podemos indagar dos nossos políticos formuladores das leis urbanas, o porque não baseiam suas decisões em fundamentos tecnicos, ao elaborarem os planos diretores, sem levar em conta as consequências à sociedade num todo, mas favorecendo primeiramente às grandes corporações que pouco estão se lixando com as consequencias advindas dos seus empreendimentos.

Enfim, chego a conclusão que a vontade política de fazer o certo está muito aquém daquela que favorece aos seus interesses pessoais políticos e/ou econômicos.

Um grande abraço

Orlando Chalegre

Fernando da Costa Carvalho disse...

Prezado Amigo Girley,

Sua exposição retrata com uma realidade impecável o que se passa em nossa Cidade. Fico a imaginar cómo será na Copa do Mundo em 2014. Não só as Ruas e Avenidas, mas o caos que impera também nos Aeroportos, notadamente os de mais movimentos.

Para não me extender mais gostaria de deixar implicito que os nossos homens públicos de hoje ficam muito a desejar quanto a criatividade, iniciativa, e mais ainda, BOA VONTADE em enfrentar com galhardia, bem como com entusiasmo os principios básicos que norteiam o Espirito Público.

Até nossos dias não temos a oportunidade de se ver um passo mais à frente. Pelo contrario a prática do continuismo continua em voga.

Triste e lamentável assistir de camarote, infelizmente sem poder interferir nos modes praticante do nosso Serviço Público.

Parabéns, cordiais saudações. Abraço, Fernando da Costa Carvalho

Fernando da Costa Carvalho disse...

Prezado Amigo Girley,
Sua exposição retrata com uma realidade impecável o que se passa em nossa Cidade. Fico a imaginar como será na Copa do Mundo em 2014.Não só as Ruas e Avenidas, mas o caos que impera também nos Aeroportos, notadamente os de mais movimentos.
Para não me extender mais gostaria de deixar implicito que os nossos homens públicos de hoje ficam muito a desejar quanto a criatividade, iniciativa, e mais ainda, BOA VONTADE em enfrentar com galhardia, bem como com entusiasmo os principios básicos que norteiam o Espirito Público.
Até nossos dias não temos a oportunidade de se ver um passo mais à frente. Pelo contrario a prática do continuismo continua em voga.
Triste e lamentável assistir de camarote, infelizmente sem poder interferir nos modes praticante do nosso Serviço Público.
Parabéns, cordiais saudações.
Abraço, Fernando da Costa Carvalho

Laercio Cirne disse...

Prezado Girley( Bon Jour Brasili...)
Ao dizer que o Recife enfartou vc definiu com precisão o que acontece com nossa bela e inesquecivel cidade.Ocorre que, residindo hoje em João Pessoa mas indo ao Recife pelo menos uma vez por mês, meu acesso a Parnamirim -(onde tenho ap. alugado)ou ao Rosarinho, onde reside meu filho e onde fico habitualmente, meu acesso é pela Av.Norte.Aí, amigo Girely, só com muita fé em todos os santos e santas da ladainha e muita paciência.Aquí em João Pessoa, muitos gostam do Recife.Mas estão evitando cada vez mais irem aí por conta do trânsito.Um grande abraço a vc e aos adeptos.Até breve.Saudações Sudeneanas.Laercio Cirne.

Hugo Caldas disse...

Girley

No inicio do ano os jovens cineclubistas que estão a fazer um documentário se dispuseram a me entrevistar para o referido documentário. Perguntei se poderia ser na minha casa e eles propuseram me apanhar para que a gravação (com filmagem) fosse feita em local apropriado.

Às 2:15h da tarde me aparecem com a perspectiva de uma viagem até Casa Forte a fim de apanhar em casa o cineasta Fernando Spencer o outro entrevistado. Resumo: chegamos ao estúdio de gravação na Rua da Aurora exatamente às 4:15h.

Imagine então a via-crúcis que foi voltar para Boa Viagem às 15 para as 9h da noite. O Recife está enfartado, morto e enterrado. É uma pena!
Meu abraço. Hugo

canojones-carlosjorgemota.blogspot.com disse...

Caro Girley
Algo tem que ser feito, óbvio, até porque tudo é dinâmico e merece acompanhamento positivamente evolutivo, mas os exemplos apresentados como alternativa não me parecem exequíveis. Como se iriam deslocar as pessoas cujas matrículas de viaturas não pudessem circular nos dias interditos? Não há cultura de Transporte Público, por muito que se melhore essa opção. É pelos hábitos quotidianos que se tem de começar. Desculpe o "palpite" para quem está de longe como observador ... mas que conhece a realidade instalada quando aí vai, porque também a sofre na pele.
Abraço amigo e fraternal do Companheiro em Rotary - Carlos Jorge Mota

Danyelle Monteiro disse...

Olá professor,
Apreciei muitas das sugestões dadas e concordo com a maioria; mas também gostaria de dá a minha sugestão: na era conectada, de interligação e das redes sociais, temos que inovar para conseguirmos nos adaptar e cabe aos gestores, públicos ou privados, serem flexíveis e abandonar a visão ultrapassada de empregos nos quais há um controle do ponto e presença física na estrutura da empresa. É claro que em boa parte dos cargos será necessário ir à empresa, principalmente para o pessoal da produção ou no comércio (e muitas vezes o resultado das vendas é superior via mídias sociais)... mas para boa parte dos funcionários, bastava que o foco fosse nos resultados e a internet está aí para encurtar as distâncias e acabar com a falta de comunicação... FOCO EM RESULTADOS... é isso o que interessa, pois tem tanta gente que se gaba de trabalhar tanto e passa o dia sem fazer nada e infernizando a vida alheia, por isso tem tanta gente doente e afastada, com tantas empresas perdendo seus melhores talentos... tudo passa pela GESTÃO ou a falta dela, seja no trânsito, na área ambiental, na educação pública e etc. A maioria dos gestores não tem uma visão sistêmica dos atuais problemas e a falta de boas equipes interdisciplinares que trabalhem de forma integrada não são incentivadas. Imagine os técnicos trabalhando a maior parte do tempo em casa, conectado via internet, com web can, tel. e etc... o tempo perdido no trânsito poderia ser utilizado com outras ações... voltadas à área de atuação de cada um...
Grande abarço,
Danyelle Monteiro

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