sábado, 24 de setembro de 2011

Feche a porta, olhe o dragão aí!

Semana difícil esta que termina hoje. Na esteira da taxação exagerada dos veículos importados, 30% de IPI (Imposto sobre os Produtos Industrializados), revelando uma autêntica recaída, do Governo, no retrogrado modelo de reserva de mercado, a alta do Dólar norte-americano aplicou um susto no mercado, como há muito não fazia.
O vendaval gerado pela crise econômica européia, com foco central na Grécia, por fim, chega, com vontade, nos nossos costados e já provoca abalos aqui, dentro da casa de D. Dilma. Ela, naturalmente, reage com altivez, mas, o fato é que dá susto.
No caso do aumento na taxação do IPI, nos veículos importados, o perigo é iminente. As montadoras nacionais – que devem estar por trás dessa gracinha – vão deitar e rolar no mercado interno e, facilmente vão majorar os preços dos seus veículos, além de descuidar da qualidade.
Quando Fernando Collor assumiu o Governo, fez uma critica ácida às montadores nacionais, ao afirmar que no Brasil não se produzia veículos e, sim, carroças. Era verdade. Isto, fruto da ultrapassada política do mercado fechado e reservado à produção nacional. Aquilo foi uma senha para abertura do mercado nacional aos produtos estrangeiros, que no primeiro momento representou um choque na indústria nacional. Ficou difícil concorrer com o produto estrangeiro dentro de casa. Foi um corre-corre danado para remontar as estratégias tecnológicas e de mercado. Reações vieram, como sempre acontece numa mudança, mas, o resultado que hoje se experimenta é, sem dúvida, o melhor.
Ao majorar o imposto sobre os veículos importados, acredito que o Governo dá uma marcha à ré, prejudicando a indústria nacional, o consumidor e tudo mais. Cria barreiras ao jogo de mercado e afasta o Brasil do circuito globalizado. Por outro lado, prevejo que no decorrer da aplicação dessa nova tarifa, haverá também prejuízo para a produção nacional de veículos, à medida que componentes e peças de reposição, hoje importadas, tornar-se-ão muito mais caras e podendo inviabilizar a produção nacional de veículos. De qualidade, quero dizer. Não são poucos os componentes importados que entram na produção de um veiculo Made in Brasil. Corremos o risco de voltar a produzir carroças, novamente. Daqui prá frente 65% tem que ser de conteúdo local. É bronca.
Nesse quadro, vamos ver o que vem por aí. Presumo que vai gerar muita dor de cabeça. Estou com pena do Faustão... Ele ia tão bem... Vai parar de vender os chineses, que, aliás, desistiram de instalar uma montadora aqui no Brasil, na hora.
Já a desvalorização do Real, dessa forma brusca, como ocorreu esta semana é outra coisa preocupante. Bom para os exportadores que vão melhorar o caixa das suas empresas. Mas, muito ruim, por outro lado, porque bagunça meio mundo ao tornar mais caros uma imensa gama de produtos, incluindo produtos básicos, necessários ao dia-a-dia do homem comum e gerando inflação, lá na ponta. O pão nosso de cada dia, por exemplo, que depende do trigo importado, vai disparar de preço – o setor já avisou – e seu Zezinho mais D. Zefinha vão chiar no balcão da padaria. O trigo, como muitos outros produtos vão disparar e os efeitos serão pesados. Resta somente o Banco Central monitorar a situação e atuar quando necessário, porque, do contrário, vai ter que rever a meta de inflação para o ano.
Socorro, D. Dilma! Feche a porta bem fechada, olhe dragão aí!
NOTA: Charge obtida no Google Imagens.

11 comentários:

Celso Cavalcanti disse...

Caro Girley,

Os "burrocratas" de Brasília cometeram um gravíssimo erro. Os carros nacionais já são os mais caros do mundo. Proteger algumas montadoras a pretexto de garantir empregos, em detrimento de muitos outros que estavam a caminho em decorrência da instalação de novas montadoras com preços melhores, é de uma burrice descomunal. Não tenho dúvidas de que a China, alvo principal desta estupidez e maior cliente de nossas exportações, vai retaliar. Além disto as classes C e D, que já sonhavam com a migração das "motocas pé-na-cova" para os carrinhos de vinte e dois mil reais, com "opcionais" inclusos, utilitários de segunda a sábado e carros de passeio para a família nos domingos, vai manifestar a sua frustração já nas próximas eleiçoes municipais.
Nós, da classe média vamos ter que fazer mais horas-extras e reduzir o consumo de outros bens e serviços, para poder ter direito a "supérfluos" como air-bag para proteger os nossos dentes, câmbio automático, etc.
Esta mentalidade retrógrada custou muito caro à nossa sociedade, é só lembrar das "carroças" que comprávamos caro antes do maluco do Collor chutar o balde e dos paquidermes apelidados de computadores, que comprávamos a peso de ouro, em função da Lei da Informática.
O gênio saiu da garrafa, não dá para administrar um país como o Brasil como se fôsse uma "bodega".
Ainda por cima desvia-se a atenção da discussão do que é realmente sério - redução do custo da burocracia estatal e de sua irmã siamesa, as taxas de juros mais altas do mundo.
Como uma vez disse Delfim Neto, o Brasil é o maior pato do planeta.
Ele tem razão.

Um abraço,

Celso Cavalcanti

Marco Petkovic disse...

Girley,

O imposto sobre importados protege a indústria nacional. Me parece bom para o SIMMEPE. Estou errado?

Sds
Marco Petkovic

J.Artur disse...

Alguém disse que esta nova baboseira dos burrocratas de plantão protege a indústria nacional. E quem é esta senhora? A Ford é tupiniquim? A Chevrolet, a Fiat, etc. também são? Pelo que sei apenas a GURGEL, do paulista, falecido, engenheiro mecânico e eletricista João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, que sempre sonhou com o carro genuinamente brasileiro, é produto da Terra Brasilis. Tudo o mais é montagem. E para não tomar espaço e tempo, informo dois endereços onde os curiosos poderão pesquisar à vontade a história verdade verdadeira das “montadoras” e do brasileiro Gurgel:
http://www.carroantigo.com/portugues/conteudo/curio_hist_carro_brasileiro.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gurgel#In.C3.ADcio
Girley, parabéns pelos focos do seu blog. Junte tudo num livro, moço!!

Baiano disse...

Amigo Girley,
O que esperar de um ministro que troca mal sabe se expressar na nossa língua pátria? Será que ele sabe o que está fazendo em termos de uma doutrina econômica que nunca foi a prática do partido dele??
Enquanto Henrique Meirelles estava a bordo, a política econômica tinha um operador formado no mercado e que conhecia o capitalismo como ninguém.
Francamente, demorou até demais a convivência do PT com a política econômica herdada do Governo FHC-2. Sim porque este também só passou a melhorar o país depois que Armínio Fraga assumiu o Banco Central com Pedro Malan para dar-lhe suporte.
Por fim, é como eu sempre disse, a melhor política industrial sempre foi política industrial nenhuma. Ou seja, deve-se deixar a indústria trabalhar, reduzindo impostos sobre a atividade produtiva, a folha de pagamento, e dando mais incentivos à inovação e à qualidade.
Em vez de se sobretaxar o produto importado, deveriam era reduzir o IPI e a incidência monstruosa sobre a folha de pagamnto. De resto, é privatizar o que puder ser privatizado a começar pela Petrobras.
Ficam todos nesse discurso "afrescalhado" de que privatização é ruim quando as maiores empresas do mundo são privadas. Muitas delas, claro, com negócios com o Estado, mas visando o lucro que nunca fez mal a ninguém.
Abraços
Baiano

joe disse...

Girley
A dose pode ser exagerada mas o remédio tem que ser aplicado. Não tem país que em momento de crise não tenha mecanismo de proteção de seu mercado. Exemplos: A proteção às produções de aço e de etanol de milho nos Estados Unidos. Por falar em automóvel as indústrias americanas não faliram em 2008 porque o governo norte americano tornou-se acionista delas.
O Brasil precisa de uma política industrial que proteja empregos e exporte empregos. A China pratica dumping de forma descarada. Até fábricas de escova de cabelo estão fechando por conta de importação das China. Pode haver alguma retaliação mas pouco provável por conta da China ser importadora de produtos primários, minérios e soja.
Privada é boa, pública é ruim é uma falsa questão. A crise de 2008 que tem seu repique europeu agora foi causada pela banca privada americana e um FED leniente. O US Post é privado e está a beira da falência.
É um dilema também brasileiro: incentivar a produção de carros bebedores de combustível, poluidores e andarmos nas nossas cidades na velocidade das carroças.
Além disso o carro brasileiro é muito caro porque nós pagamos cerca de 50% do valor em impostos.
Para terminar na minha visão Cepalina o Brasil precisa de uma política de industrial que faça diminuir o custo brasil e permitir maior competitividade a produção nacional.
Seu artigo é instigante e permite essa troca de opiniões
Um abraço Joe

Assis Bezerra disse...

PARABÉNS, meu caro Girley, pelo seu extraordinário artigo "FECHA A PORTA - O DRAGÃO VEM AÍ".. PERMITA-ME A SUGESTÃO DE QUE, AO PUBLICÁ-LO, EM LIVRO, O QUE SERIA BOM, AGREGAR O COMENTÁRIO DO CARLOS CAVALCANTI, QUE, PARA MIM, FEZ O PAPEL DE MOISÉS AO TIRAR ÁGUA DA PEDRA. uM FORTE ABRAÇO. SEU ADMIRADOR - ASSIS

Danyelle Monteiro disse...

Professor Girley,
Pela sua posição, suponho que o setor EMM esteja aflito e apreensivo em correr o risco de perder mercado, visto que as grandes montadoras instaladas no país não são brasileiras... e infelizmente não é do dia para a noite que se desenvolvem as tecnologias necessárias para acompanhar a concorrência, leva-se tempo e altos investimentos.
Os consumidores estão cada vez mais exigentes e muitos vão preferir pagar mais caro se puderem, para adquirirem exatamente o que desejam. Acho que o setor tem que se unir e levantar todas as informações necessárias para apresentar em Brasília, se é que isso já não foi feito...
Concordo com a citação de Delfim Neto no texto de Carlos Cavalcanti: "O Brasil é o maior pato do planeta"... e acrescento: e um pato grande, de asas imensas que se alargam à leste e oeste do Congresso Nacional, subterraneamente, pesadamente...
Grande abraço,
Danyelle Monteiro

Anônimo disse...

Valeu demais da conta o seu artigo nos alertando para "FECHAR A PORTA", amigo Girley!!!
Apesar de que faz muito tempo estou em alerta e com medo da volta do DRAGÃO, você é um dos melhores na sua área, pelo que lhe sou gratíssima.
ALERTA SEMPRE!!!
O BRASIL NÃO PODE VOLTAR A CAIR NAS GARRAS DA FERA MALIGNA DA INFLAÇÃO DESENFREADA.
JÁ ESTOU REPASSANDO ESTE SEU EXCELENTE ARTIGO.
ABRAÇOS!!!
ÂNGELA BARRETO

Angtela Barreto disse...

Valeu demais da conta o seu artigo nos alertando para "FECHAR A PORTA", amigo Girley!!!
Apesar de que faz muito tempo estou em alerta e com medo da volta do DRAGÃO, você é um dos melhores na sua área, pelo que lhe sou gratíssima.
ALERTA SEMPRE!!!
O BRASIL NÃO PODE VOLTAR A CAIR NAS GARRAS DA FERA MALIGNA DA INFLAÇÃO DESENFREADA.
JÁ ESTOU REPASSANDO ESTE SEU EXCELENTE ARTIGO.
ABRAÇOS!!!
ÂNGELA BARRETO

Anônimo disse...

Esse remédio, usado antes no Brasil e ainda hoje em outros países tem efeitos negativos sim, entretanto a escolha é entre não à chantagem da indústria "nacional" com pátios cheios para não baixar os seus preços (e manterem-se as mais rentáveis do mundo) e deixar como estava e ver o carro importado a fazendo concorrência da mão de obra que nivela os salários por baixo, muito baixo, dominar o mercado, vindo, em médio prazo a "matar o consumidor empregado do consumo de ouro". Quem sabe não devêssemos frear o afã do consumo dos carros caríssimos para não obrigar o governo a atitudes desesperadas. O que nais falta é cconsciência do consumidor que propicia que o Brasil seja o pato do Delfim.

Edmilson

Edmilson disse...

Esse remédio, usado antes no Brasil e ainda hoje em outros países tem efeitos negativos sim, entretanto a escolha é entre não à chantagem da indústria "nacional" com pátios cheios para não baixar os seus preços (e manterem-se as mais rentáveis do mundo) e deixar como estava e ver o carro importado a fazendo concorrência da mão de obra que nivela os salários por baixo, muito baixo, dominar o mercado, vindo, em médio prazo a "matar o consumidor empregado do consumo de ouro". Quem sabe não devêssemos frear o afã do consumo dos carros caríssimos para não obrigar o governo a atitudes desesperadas. O que nais falta é cconsciência do consumidor que propicia que o Brasil seja o pato do Delfim.
Edmilson

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