Hoje, porém, (domingo 30.01.11) tocou-me caminhar por boa parte da região. Vi uma coisa interessante, que foi o CCC – Centro Cultural dos Correios, na minha visão, uma das exceções no todo do sitio. O restante é pontuado por uma serie de ruínas em irreversível abandono. Lamentável abandono, claro. Observando de relance, talvez não dê para notar e, se reforçado pela idéia de ser uma área antiga ou velha, como a própria denominação consagra, leva a que o transeunte releve e sequer note o estrago.
São raras as cidades do Brasil que contem com uma área tão rica, em termos arquitetônicos, como esta do Recife Antigo. Pena que, aos poucos, pode ser destruída, “graças” a inépcia (escassez de inteligência) e irresponsabilidade dos que governam a cidade.
Quando, hoje, vi e fotografei o abandono do Recife Antigo, lembrei-me dos cuidados e especial apreço com o passado – com a História – de outros países e cidades que visito mundo afora. Cidades como Pekim e Xangai, onde estive recentemente, dispensam o maior cuidado com as áreas históricas. Mesmo quando preocupados com a modernidade e com a busca do que há de melhor para atender as demandas contemporâneas, de conforto e boa qualidade de vida (foi tema central da Expo-2010 em Xangai), os chineses preservam seu patrimônio histórico, que são, na verdade, o melhor testemunho da sua cultura milenar.
No final do século 19, uma nova onda de atualização urbanística destruiu o casario colonial, ainda de pé, dando lugar a elegantes prédios em estilo, digamos, eclético como mandava o modelo francês daquele tempo, ocupados como residências e comércio. É o que existe ou resta nas atuais Avenidas Rio Branco e Marques de Olinda.
Nos anos 80, com a redução do movimento portuário (Suape já começava a operar e a estrutura portuária do Recife já se mostrava obsoleto) aliado a uma decisão política, com fortes incentivos fiscais, o bairro passou por uma revitalização se transformando num dos maiores atrativos turísticos da cidade. A Rua do Bom Jesus transformou-se no point de encontros sociais, folclóricos e culturais e, além disso, gastronômico. Uma mudança de governo municipal, no entanto, discordando da política anterior abortou um dos mais belos projetos turístico que se teve notícia, à época. O Bairro, desde então, vem sofrendo um desgaste geral, os restaurantes e bares desapareceram, o conjunto arquitetônico entrou em decadência outra vez, com raras e honrosas exceções sem que um projeto global dê forma a uma coisa sustentável e honesta com as tradições pernambucanas. Há um grande projeto de revitalização, prometido para a faixa portuária... Mas, isto não passa de promessa há quase 10 anos. De promessas já vivemos saturados. E o velho Arrecife dos Navios (denominação original do bairro), do século 16, pede socorro e vai se deteriorando a cada dia.. Com os meus protestos e de qualquer recifense de são juízo.
NOTA: As fotos são da autoria do Blogueiro