quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Xangai, a Metrópole

Antes de começar a conversa de hoje, preciso ressaltar - para alguns leitores - que o fato de me impressionar com a China que visitei e voltar encantado com tudo quanto vi, não quer dizer que concordo com as regras político-sociais vigente naquele país. Deve ser muito difícil viver onde não existe liberdade de expressão, controle sobre a família, inúmeras limitações impostas ao cidadão comum, como os escorchantes esquemas de remuneração da mão-de-obra, pobreza urbana e rural, desequilíbrios inter-regionais gritantes e, em fim, tudo quanto difere aquele país dos que vivem o mundo democrático.
Contudo, é impossível não enxergar e exaltar, entre muitas outras coisas, a pujança econômica, a dinâmica do mercado interno, o arrojo tecnológico, a ousadia da construção civil e a preservação de valores históricos devidamente harmonizados com o modernismo. Como na postagem anterior, é difícil explicar o que acontece ali. Eu não saberia dizer o que existe na China. Indiscutivelmente se trata de uma experiência única de regime comunista mixado com capitalismo, dentro de certos limites bem delineados... sei não. É complicado tentar explicar essa coisa. O futuro é que vai revelar a realidade.

Andando em Xangai o visitante esquece tudo isto e experimenta a sensação de respirar o mais autentico dos capitalismos. Sinceramente, nunca vi tantas mega-lojas das grifes mais badaladas do mundo. São verdadeiros assombros. Nada que normalmente vemos em Paris, Londres ou Nova York, onde, segundo me recordo, as grifes têm lojas menos portentosas do que as que mantêm na China. E isto é um sintoma concreto de capitalismo. Sei lá, talvez os imóveis comerciais sejam mais baratos na terra de Mao, enquanto que, por outro lado, as políticas fiscais e trabalhistas beneficiam mais o capital do que o trabalho. A verdade é que a coisa surpreende, é claro. Eu, por exemplo, “dei um nó no juízo” e, até hoje, não consegui desamarrar. Essa China é um laboratório de arromba.
A exuberância de Xangai é uma coisa incrível. Segundo nosso guia local, a cidade mudou de cara nesses quase trinta anos de abertura. A chegada do capital estrangeiro, aliado à fantástica poupança do país transformou a cidade numa metrópole sem comparação, mundo afora. As antigas vilas de casas populares, sobradinhos padronizados do passado, dão lugar a arranha-céus espetaculares, que vêm, rapidamente, mudando o perfil de uma das maiores cidades chinesas. Os centros Comercial e Administrativo-Financeiro ali implantados, em meio a uma urbanização irretocável, composta de imensas e largas avenidas, pontes, vias elevadas e viadutos, tudo devidamente ajardinado e bem cuidado, é de encantar qualquer visitante. O aeroporto é o melhor cartão de visitas. É arrojado e funcional, amplo e luminoso. Primoroso. Certamente que tudo isso vem exigindo muita grana e isto é o que não falta na China de hoje.
O turismo vem se destacando, também, como uma das importantes fontes de renda da cidade. E não se trata, necessariamente, de turista estrangeiro, que não chega a ser tanto, em termos relativos. A grande massa dos turistas é composta dos próprios chineses que, ao contrário do passado, tem agora mais dinheiro no bolso e podem se deslocar mais livremente internamente. A Prefeitura de Xangai não perdeu tempo e implantou uma agressiva política de atração turística, que vem proporcionando o aparecimento de suntuosos hotéis, restaurantes de cardápios internacionais, além de equipamentos de lazer de primeiríssima linha. Ninguém que visite Xangai, por exemplo, pode sair de lá sem fazer um passeio de barco no Rio Huangpu, preferencialmente à noite, quando a cidade se ilumina de maneira multicolorida e cinematograficamente. É deslumbrante! O governo incentiva com a redução de 50% do custo da energia consumida e o resultado é puro sucesso. Pude notar que, na prática, parece haver uma verdadeira disputa para ver quem ilumina melhor e de modo mais bonito o seu edifício. Eu nunca vi uma coisa daquelas. Vide as fotos da postagem. Aliás, passando por Paris na volta (ficamos três dias por lá, tentando neutralizar o jet-lag que qualquer pessoa sofre, nessas mudanças bruscas de fuso horário) foi inevitável comparar e concluir que o titulo de Cidade-Luz, embora emblemático, pode ser uma coisa do passado para a capital francesa. Xangai bem que merece este titulo, neste inicio de século 21. Este ano, inclusive, a cidade teve um motivo bem maior para se engalanar e receber o turista, por conta da ExpoXangai 2010, a feira mundial do qüinqüênio. Eu estive por lá e depois comentarei sobre o que vi.

NOTAS: 1 - Fotos são da autoria do Blogueiro 2- O Blogueiro foi à China, entre os representantes do Sindicato das Indústrias Metalurgicas, Macanicas e de Material Elétrico de Pernambuco - SIMMEPE e compondo uma Missão Empresarial de Pernambuco, organizada pela FECOMERCIO/PE.

7 comentários:

Edvaldo Arlego disse...

Caro Girley. Acredito que o sucesso da China a partir do Século XX deve ao tripé sobre o qual se estruturou: Seriedade, Trabalho e Atitude.Elementos que faltam em muitos países "eternamente" emergentes Abraços,
Edvaldo Arlégo

Terezinha Gadelha disse...

Girley
Tudo isso que você descreveu no seu blog, já conheço através da internet.Estou concluindo um DVD sobre Arquitetura antiga e moderna, para a minha neta Rachel, estudante de Arquitetura. O trabalho terá mais de 500 fotos e uso o Movie Maker. Nele mostrarei a arquitetura de muitos paises inclusive Dubai, Cingapura, Taipei e da China moderna e antiga, da idade Média, barroca, grega, romana Clássica, neoclássica,moderna onde apresento o Arranha mar nos Emirados árabes, um projeto arrojado que leverá 15 anos para a sua conclusão. Os chineses estão construindo o Dongton,uma ecópole com a meta de emissão zero de CO2 na ilha Chong Ming.
Tereza Viana Gadêlha

Danyelle onteiro disse...

Prof. Girley
Só nos resta agora esperar por uma nova colonização, agora chinesa... eles estão invadindo todos os lugares e aqui em PE então, onde a gente chega tem uma casa chinesa, seja lanchonete, restaurante, lojas de artigos em geral, tem de tudo... lá perto do Mercado de São José tem uma galeria chinesa, na Conde da Boa Vista tem lanchonete chinesa... um dia desses estava passeando no Shopping Tacaruna quando flagrei dois chineses fotografando uma vitrine de uma loja de calçados próxima à C&A, e certamente não foi porque acharam bonitinho, mas provavelmente vão tentar fazer igual, mas com um custo bem abaixo do de mercado... uma amiga essa semana me contou que comprou uma bolsa numa loja chinesa e pediu a nota fiscal, lá no centro da cidade e não é que xingaram muito ela... mas tudo em chinês pra não perder o cliente... e muitos ainda são pirangueiros, percebe como se vestem bem simplesinhos, só faltava a roupa ser rasgada, isso é que se chama de maximizar a eficiência dos recursos produtivos, depois chegam num carrão importado... que povinho do olho puxado pra ser inteligente... acho que vou pra China arrumar um casamento lá...kkkkkkkkkkkk... ou aqui mesmo...kkkkkkkkk... mas lá a probabilidade é maior, pois num passado bem recente, muitas crianças do sexo feminino eram assassinadas e conseqüentemente sobraram mais homens...
Que história paradoxal!!!
Grande abraço professor,
Danyelle Monteiro

Susana González disse...

Yo también pienso que el logro de los chinos, se debe a su disciplina, es demasiada gente y para poder controlar eso, nada más así. Sin embargo también creo, que pronto tienen que tener más libertad. La apertura los lleva a eso. Es difícil imaginar como ven la vida. La casa del premio nobel que está en la carcell es sencillamente linda en el interior, que fue lo que nos mostraron en las noticias. Seguro viven bien y tienen otro sentido de la libertad. Mil gracias por deleitarnos con tus relatos. No trates de entenderlos porque solo si eres chino es posible, los demás pueblos bajo ese régimen conocieron más otra vida, los chinos antes de eso se morían en las calles, creeme que debe ser la gloria para ellos. Abrazos Susana

Marcelino Guedes disse...

Girley
Estive na China 4 vezes eh realmente impressionante.
Temos muito que fazer e o centro do mundo não eh aqui!!!
Tudo de bom.
Um grande abraço.
Marcelino Guedes
(Petrobrás)

Unknown disse...

Caro GB,

a China é um caso único no mundo nesse início de século 21.

No Brasil, a sociedade acabou de re-eleger a política do bolsa-esmola.

Eu acredito na frase "Você não pode ajudar aos homens realizando por eles permanentemente o que eles podem e devem fazer por si mesmos. "

veja um livro interessante sobre chines.
http://www.selectos.net/livros/introducaoaochines/

[]'s

sbVB

Hugo Caldas disse...

Amigo GB
Oportunas suas impressões de viagem. De tudo meu caro fico sempre atento à riqueza explicita nos países onde "el oriente se cambio en rojo". Que nova nomeclatura daríamos para a China? "República Socialista ou Capitalista"? Na Russia então, já que graças à Deus a União Soviética sifu, existe um malassombrado que vive varrumando o meu miolo. Vez em quando, pela imprensa encontro citações tais: "os novos milinários" Russos"... Puxa vida, onde andavam esses vovos ricos por 74 longos anos? Acho que escondidos lá no sertão da Paraíba.
Hugo

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