segunda-feira, 21 de junho de 2010

Podes Crer!

Cada povo tem seu uso, cada terra tem seu fuso”, acho que era assim um ditado que minha finada mãe dizia, quando se admirava de certos hábitos e costumes, aqui ou acolá, neste mundo do meu Deus. Andando e conversando, a gente vê coisas que não nunca imaginava existir ou que existiu no passado distante. Exemplos:
1 – Tem coisa mais engraçada você descobrir que ainda existem, em Lisboa, capital de Portugal, as antigas carpideiras. Imagine que, em pleno século 21, ainda há espaço para uma mulher em trajes de luto fechado, pranteando, um defunto ou uma defunta, sem que guarde vinculo familiar ou mesmo de amizade. Sinceramente, é no mínimo engraçado. Acho que não tem nem mais nas brenhas sertanejas do Nordeste. Eu não sei como assistiria uma cena dessas. Acho que teria de me retirar, para não cair na risada. Elas existem e, inclusive, aparecem em peças de publicidade (Veja a foto acima) de uma marca de água mineral portuguesa, sob a justificativa de que o produto se faz necessário à manutenção da hidratação da penitente. Imagino, pelos outdoors que vi recentemente nas ruas de Lisboa, que essas profissionais do choro fúnebre têm muito trabalho praquelas bandas. Podes crer!
2 – Nos tempos de hoje, em Belém, capital do Pará, por onde andei há uma semana, observei que não existem as hordas de pedintes ou limpador de pára-brisas dos automóveis, nos semáforos da cidade, como nas grandes outras capitais brasileiras. È surpreendente. Lembro, é verdade, de um malabarista, bem apessoado, talvez mochileiro estrangeiro, que em troca das suas evoluções espera uma recompensa financeira dos motoristas, que esperam o sinal verde. Há também vendedores ambulantes oferecendo frutas amazônicas ou artigos ligados à seleção brasileira de futebol, nestes tempos de Copa do Mundo. De resto, nada mais vi. Mas, o que constatei foi que aquela gente do Norte não é levada a mendigar. Orgulho? Nada! Fartura? Sim! O paraense, como o nortista em geral, tem a vantagem de viver no “planeta água”. Pobre de lá, o caboclo amazonense, vive muito bem à margem de um dos muitos rios, que formam a imensa bacia do Amazonas. Nasce, cresce e se reproduz numa sociedade silvícola caracterizada pela moleza e maciota indígena. Comida não é problema e água, nem se fala. Quando é hora de comer, joga o anzol, pela janela da cabana no esquema de palafita e fisga um pescado que, ainda protestando a captura, vai direto para a frigideira ou braseiro. No fundo do quintal, numa terra fertilíssima, busca outros alimentos típicos de origem vegetal, que completa a dieta. Comida sadia, farta e sobrevivência garantida. Haja saúde. Uma longevidade de dar inveja. Resultado: ninguém precisa pedir esmola, fazer um biscate ou roubar. Em Manaus, embora haja, pelo menos, três grandes fábricas de motocicletas, não se vê motoqueiros nas ruas da cidade. Uma moto perdida no trânsito pesado do dia-a-dia. É engraçado. Os nativos, simplesmente não têm hábito de usar o veiculo de duas rodas. Usam barcaças e canoas. Uma grande e bela Veneza!
3 – Meu irmão, que vive em Los Angeles, Estados Unidos, me liga no fim de semana e relata sua tristeza por ter que castrar o cão macho, que está criando, há cinco meses. Ao se tornar adulto todo animal da raça canina (os gatos também) deve passar pela castração. Por que fazer esta maldade? Perguntei indignado. Porque é lei local, respondeu-me, explicando ser a forma de conter o crescimento da população canina na cidade. Não pude crer. E aí não existe sociedade protetora dos animais? Indaguei impressionado. Existe e apóia! Foi a resposta. Incrédulo, corri para o meu consultor o Professor Google, e ele me confirmou: “Los Angeles aprova esterilização de cachorros e gatos da cidade. Com esta norma a cidade das estrelas castrará os cachorros e os gatos quando atingirem os quatro meses de idade. Os especialistas concordam em que castrar é a melhor solução, a longo prazo, para o problema da grande população de cachorros e gatos. "Não é só o melhor que se pode fazer, é o correto", disse o prefeito de Los Angeles, Antonio Villaraigosa, em entrevista coletiva na qual contou com o apoio de grupos em favor dos direitos animais. O descumprimento da ordem trará penas econômicas para os donos que resistam a castrar seus animais de estimação, que vão desde um mero aviso por escrito, se for a primeira vez, até uma multa de US$ 500 ou 40 horas de serviço comunitário a partir da terceira infração. Os gatos e cães que participarem de competições, assim como os cães-guias utilizados pela Polícia ou os pertencentes a criadores profissionais ficarão isentos do cumprimento desta lei.” A lei é de 2008. Assim, para o meu irmão sair à rua ou parque, com o cachorrinho dele, além de portar a carteira de identidade (lá tem isso também, que é chamada de licença para o animal circular) o animalzinho deve exibir a cicatriz de extração das duas bolas traseiras. Ai que dor! Que crueldade!
Bom, tudo isto é verdade. Que jeito? Podes crer.
NOTA: Foto da carpideira foi feita pelo Blogueiro, numa rua de Lisboa, em maio passado. As demais foram colhidas no Google Imagens.

4 comentários:

Mauro Gomes disse...

Caro Girley,

O ser humano é realmente surpreendente.]

Mauro Gomes

Susana González disse...

Hola trotamundos, pues si el mundo es increíble, acabo de leer una obra de teatro de García Lorca, español, de principios del siglo XX, y la obra parece ser escrita en cualquier pueblo del mundo el día de hoy. Te la recomiendo se llama La Casa de Bernarda de Alba.La encuentras en internet y la puedes bajar. Va un poco por algo de lo que dices. Besosssss

Geraldo Casado disse...

É UMA PENA QUE EM LOS ANGELES OS CACHORROS LEVEM UMA VIDA DE CÃO.-
Geraldo Casado

Fernando Jordao disse...

As suas observações revelam que as situações bizarras ainda são capazes de chamar a atenção de um viajante atento .... cuja sensibilidade nos desperta o entendimento de um mundo diferente e incrível.

Fernando Jordão

Voltando

Tenho tido dificuldades para emitir uma postagem semanal. Confesso. De tempos em tempos, essa dificuldade bate e termina cravando um estranh...