O nome é Eyjafjallajökull. Impronunciável. Mas, é com se chama esse vulcão islandês que nesta semana vem tirando o sossego do mundo com sua descomunal nuvem de fumaça e materiais tóxicos se espalhando pelo universo terrestre, particularmente sobre o continente europeu. O mundo parou diante do perigo oferecido pelo fenômeno que não se via há quase 200 anos, quando o dito cujo se manifestou pela última vez. Olha aí, outra vez, a Mãe-Terra se manifestando de modo violento, tema de mais de uma postagem este ano, aqui, no Blog do GB. Há duas semanas comentei que andava ressabiado com este ano de 2010. Hoje, estou ainda mais ressabiado porque fui vitima do problema islando-vulcânico. Neste momento em que escrevo esta postagem deveria estar na cidade de Hannover, na Alemanha , numa viagem de negócios, percorrendo os pavilhões da Feira da Moderna Tecnologia, evento anual daquela cidade alemã. Meu vôo foi cancelado no sábado passado, por conta da fumaceira islandesa. Prejuízo relativamente pequeno. Sou uma insignificante vitima do problema e, sobretudo, feliz porque fui apanhado antes de sair do Brasil. Arrastei a mala para o conforto da minha casa, enquanto milhares de pessoas estão arrastando suas malas, nos aeroportos europeus, sem espaço para pousar e, o pior, sem perspectivas de volta, dado ao fechamento do espaço aéreo do Velho Mundo. Cenas inacreditáveis em situação inédita no mundo moderno.
Diante de coisas dessa ordem, procuro tirar lições e, neste momento, duas reflexões me ocorrem: a primeira é de que esta repentina erupção vulcânica expôs, outra vez e de modo transparente, a fragilidade do ser humano, diante do poder da natureza, que vem sendo sistematicamente agredida pelo mesmo ser humano. Tudo bem, que uma erupção vulcânica, até que minha lógica esteja certa, não tem muito a ver com as agressões à natureza. Mas... sei lá. Que falem os vulcanólogos. Falou-se muito nessa especialidade cientifica, estes últimos dias. Eu nem sabia que eles existiam. Minha segunda reflexão é de que fomos reduzidos a um estado de total inércia, enquanto dependentes de um meio de transporte, até então julgado eficiente e infalível. Pobre coitado do ser humano, tão vaidoso e cheio de sei-tudo e tudo-posso. Ficou sem voar e priu. E agora? Bom, agora, o fato concreto é que a natureza instigou e, com isto, novos inventos devem surgir pela frente. Afinal de contas, as crises catapultam o progresso. Vamos esperar. Quem sabe, no futuro, não tenhamos que arrastar as malas por conta de um vulcão revolto, vomitando fumaça, a milhares de quilômetros distantes.
Se meu prejuízo foi insignificante, porque apenas adiei uma viagem a Europa, tem muito nego chorando os prejuízos que contabiliza, nesses últimos dias. Segundo a IATA (Associação Internacional de transporte Aéreo), essa desordem aérea na Europa vem provocando um prejuízo de, por baixo, Euros 150 milhões por dia, que equivale a “ninharia” de R$ 390 milhões. Quase 7 milhões de passageiros estavam ontem (20.04.10) plantados em 313 aeroportos europeus aguardando a abertura do espaço aéreo. Eu imagino o barraco que está armado nesses aeroportos. Pensem nos banheiros (é um dos itens que logo preocupa) dessas estações. Algumas delas – como a de Lisboa, que é, digamos, bem tímida – devem estar em “petição de miséria”. Não tem manutenção que dê conta. Ainda bem que minha viagem não começou semana passada.
Mas, tem uma coisa: prejuízo de muitos, alegria de outros. Tenho acompanhado o noticiário, por alguns jornais europeus, e vejo que trens, restaurantes, taxis, ônibus, barcos estão faturando como nunca. Vi o caso de uma empresária que se sujeitou a pagar um taxi de Paris a Barcelona e ao fim da corrida, o taxímetro fumengando (como o vulcão!) avisava que a passageira devia pagar Euros 1.646,80. Satisfeita, pagou, afirmando que se houvesse permanecido em Paris, o prejuízo teria sido maior. Outra história que li foi a de um grupo de executivos de uma multinacional que pagou £ 1.200,00 (R$ 3.536,00), por uma corrida de taxi entre Northampton, (Sul da Inglaterra) para Genebra, na Suíça.
Resta-me, agora, esperar a poeira baixar e voltar ao aeroporto para despachar, e não arrastar a mala.
Nota: Fotos do Google Imagens e Boston.com
quarta-feira, 21 de abril de 2010
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8 comentários:
Girley, você só desconhecia a existencia dos "vulcanólogos" eu nem eles nem o significado da palavra "priu". Agora te garanto uma coisa depois de aprender o significado dessas duas palavras, cheguei a conclusão de que a final das contas não "arrastei mala" nenhuma lendo teu artigo. Valeu. ana maria menezes
É isso aí amigo! E olha que arrastar a mala ainda é o menor dos nossos incômodos. Do jeito que o homem agride a natureza, acho que vem muito mais por aí. Parabéns pela reflexão!
Vitor Hugo
Feliz de quem tira lições dos tropeços da vida.
Feliz de quem não guarda para si
as lições aprendidas.
Agradeço por tê-las me enviado.
Antonio Lucas
Caro companheiro, parabéns pela tranquilidade diante de tamanha frustração. O negócio, parafraseando os craques donosso futebol, é deixar a poeira baixar e bola pra frente. Abraços,
Arlégo
De vulcão eu quero é distância. Admiro seus textos sensatos lógicos e esclarecedores. Agora, esses "arrastar a mala" e "ipriu" (que na Paraíba dizíamos "Ipril" me fizeram viajar no tempo. Grato. Hugo
Olá Girley:
Ainda bem que arrastou a mala, bem a tempo. E Priu. Pior seria. Como você ,nada entendo sobre vulcões. Felizmente dizem que não há nenhum por aqui, somente os extintos e que sejam para sempre. Outro dia li uma reportagem no jornal acerca de um lá perto das Ilhas Canárias ou nela. Eu já tinha notícias . Ele pode provocar caso retorne, até tisuname, chegando inclusive até ao nosso Brasil . Os cientistas dizem que não é "se", mas "quando". Penso que a grande questão é tirar toda a população do local. O planeta responde. Só resta rezar.
Uma próxima excelente viagem, dê sempre notícias, o abraço da prima, Maria Regina.
No se donde te encuentres ahorita, pero me encanto, como siempre tu artículo y creo que este año, nos esta enseñando la naturaleza que no somos nada, solo soberbios, creyendo que nos comemos al mundo y que nos quede claro que siempre abra retos que vencer y volvernos más humildes. Precisamente en tu viaje hacia la tecnología , no lo olvides. Pásala muy bien y no te olvides de los que te seguimos. Abrazos Susana
Girley, boa noite!
Ainda bem que você não viajou.
Já pensou ficar uma semana dormindo no Aeroporto?
Um fraterno abraço,
José Mário.
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