sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

VIVA O FREVO!

Sei não... aqui estou eu, outra vez, preocupado com o que vem acontecendo com o carnaval do Recife. Aliás, o carnaval não, o frevo, em especial.
Quando, ano passado, comentei neste Blog que estavam acabando com o frevo, numa postagem feita no dia 07 de fevereiro, (reveja clicando: http://gbrazileiro.blogspot.com/2009/02/acabaram-com-o-frevo.html ) recebi uma serie de comentários concordando e/ou discordando da minha opinião. Ou seja, percebo que não existe, na prática, um consenso a respeito de uma defesa do genuíno ritmo do carnaval pernambucano. Isto é uma lástima.
Este ano – gostaria de estar enganado – vejo que a coisa, digamos, piorou. Esta semana ouvi e li vários comentários na mídia local sobre a ausência total de novas composições e quem desejar ouvir ou dançar ao som desse vibrante ritmo pernambucano tem que se contentar com as produções dos antigos carnavais.
Agravando minhas reflexões, ouvi, de viva voz, outro comentário desairoso, também esta semana, saído da boca de uma integrante da comissão de organização do tradicional Bal Masquê do Clube Internacional: “ah! O baile deste ano vai ser um estrondo! Acabamos com aquelas velharias que mandavam na festa, tiramos o traje a rigor (tudo bem, com o calor reinante, é justo) profissionalizamos a organização entregando a uma empresa de eventos, que, inclusive, veja que beleza, contratou uma banda baiana – com uma tal de Margareth Menezes comandando – e o resultado você vai ver. Não deixe de ir, viu?”. Confesso que fiquei pasmo com aquela declaração. Conclusão: capitulamos ao Axé-Music! Tenha dó! Ela vem derrubar a tradição que pontificava até agora na mais antiga e tradicional prévia carnavalesca do Brasil. Que falta de responsabilidade...
Nem saudosista, nem contra a música baiana ou a cantora contratada. Não é nada disto! Minha insatisfação consiste numa constatação muito simples: estão acabando, mesmo, com nosso frevo.
E, da maneira que vai, nem memória vai sobrar para as futuras gerações tomarem conhecimento. Frevo não vai passar de uma marca de refrigerantes. Por enquanto, porque se os fabricantes aderirem à “modernização selvagem” pode mudar a denominação para Axé. Por que não? Vamos esperar...
Mas, também, pudera. Não se ouve mais falar em concursos de frevo ou frevo-canção, antes tão esperados e reveladores de novos valores locais, preservadores do nosso genuíno gênero musical.
Na esteira das minhas constatações, lembro com saudade os bailes do ontem, nos quais a ordem era tocar frevo, frevo-canção e as marchinhas carnavalescas, cantadas por todos num verdadeiro coral de cem, quinhentas, mil, milhares de vozes, encantando aos que faziam o verdadeiro carnaval pernambucano.
Saudosismo? Sim, neste caso, pode ser. Mas, quem não gosta de uma saudade sadia? Qual é o pecado de se batalhar pela preservação da identidade de um povo? O frevo, meus amigos, faz parte da identidade pernambucana.
E, olhem que não estou falando de outros inúmeros ritmos pernambucanos, como o maracatu – que é maravilhoso – também marca registrada do nosso carnaval.
O que seria de ritmos como o tango, a valsa, o rock! E outros mais se não fossem passados de geração a geração?
Pois é, não consigo entender essa passividade e, pior, essa falta de vergonha do pernambucano em geral que se deixa levar pelas modernidades duvidosas e alienígenas em detrimento dos próprios valores.
Abaixo essa passividade e as monstruosas idéias de mudanças radicais, fazendo, entre outras coisas, a promoção de um tal Carnaval Multicultural, que vem servindo para acabar com os reais valores pernambucanos. Nota zero para quem pensa assim.
Ao invés disso, aproveitemos e valorizemos a “prata da casa” entregando, somente a ela, o destino da nossa maior festa popular. Viva o Frevo!
Nota: Foto tirada do Google Imagens

13 comentários:

Potiguara Guimaraes disse...

Caro amigo, sei que voce não vai gostar do que vou dizer, mas é minha opinião. Fico satisfeito por sumirem com o frevo, é um rítimo muito chato, parece que só muda a letra, pra falar a verdade deveriam acabar era com o carnaval, inventaram tv digital mas não inventaram, ainda, uma programação que se aproveite, principalmente aos domingos.Lamento não concordar com seus pensamentos.

Almir Reis disse...

Caro Girley:
Você tem razão, aliás, muita razão. O nosso frevo acabou e o qeu ainda resiste deve-se tudo ao passado, à época de um Nelson Ferreira, Capiba e etc e tal.
A música baiana, importadas pelo pernambucanos é uma Vergonha.
Estou com você e não abro
ALMIR REIS

Baiano da Nigéria disse...

Prezado Girley,
Como voce sabe, sou baiano de Salvador!! Não se espante mas sou contra a dita música baiana que de baiana nada tem. Baiano é Dorival, Nana, Caetano, Gil, Raul Seixas, Gal, Bethania, e vai até Daniela Mercury. Morre em Daniela Mercury. Tem a grande contribuição de Dodô e Osmar, o Trio Eletrico que so nao vai quem ja morreu...!!! O resto, bote aí Ivete Sangalo, Margareth Menezes, Oludum, e tudo mais, jamais foi e jamais será musica baiana.
Por isso so contra essa musica baiana... Justo agora que o Maracatu está voltando e que os turistas vem aqui para vê-lo junto com o frevo, empresas daqui fazem isso?
Francamente, ajude Pernambuco a se livrar dessa turma. É preciso valorizar Alceu Valença, Lenine, Geraldo Azevedo, e o pessoal dos estados vizinhos, como Elba Ramalho, Zé Ramalho, as orquestras de frevo, nosso patrimonio.
Se Pernambuco perder isso, melhor será ser de uma vez anexado a Bahia.
Abraços Nigerianos e Baianos de verdade!
Eu... Baiano da Nigéria

Unknown disse...

E olhe, Girley, que olhado daqui da Bahia - onde já acabaram com TUDO, é invejável a preservação do carnaval pernambucano.
Adoro Margareth! mas, porém, todavia... com as lindas orquestras de frevo que aí existem fazer um baile carnavalesco em Pernambuco com Margareth? Contratem-na durante o ano, para show normal.
A palavra de hoje aí abaixo: nonsis. Ou seja a nos confirmar o nonsense.
Beijos de Maria

Unknown disse...

Caro Prof. Girley,

Sou um pernambucano vivendo no Canadá, e acabei de fazer propaganda do frevo, do maracatu e do forró (pé-de-serra) aos meus amigos daqui. Eles ficaram encantados com os nossos ritmos, incluindo includive o carnaval do Recife na próxima visita ao Brasil (a começar na próxima semana). Esses ritmos são marcas registradas da nossa cultura e precisamos dar continuidade a eles. O que seria de mim sem escutar frevo e assistir o desfile dos maracatus no carnaval, ou sem o belíssimo forró no São João?
Abraço,
João Paulo

Francisco Fernandes disse...

Caro Girley
É sempre um prazer ler os seus post's e partilhar as suas preocupações.
Um pouco por todo o Mundo se vai assistindo ao derrubar das tradições e se não fossem alguns resistentes o derrube seria total.
Do Frevo pouco conheço, mas não esqueço que, entre tantas gentilezas que fiquei devendo à sua família, trouxe do Recife, em 1999, (tanto tempo, já??) um CD de Alceu Valença (Sol & Chuva). A propósito, Alceu Valença acaba de editar, para o Carnaval de 2010 o Frevo da Lua (pode ouvir em http://www.alceuvalenca.com.br/dwl/alceu_valenca_frevo_da_lua.zip)
Bom Carnaval e que passe uns dias a 'frever'.
Um abraço
Francisco FerNANDES, da Ilha da Madeira, Portugal

Girley Brazileiro disse...

Meus caros amigos e amigas,
Vejam só que coisa interessante: o meu amigo e leitor Francisco Fernandes, da Ilha da Madeira (Portugal), mesmo a distancia, descobriu uma composição de Alceu Valença para o carnaval de 2010! Um frevo bem pernambucana. Vale a pena conhecer (clique: http://www.alceuvalenca.com.br/dwl/alceu_valenca_frevo_da_lua.zip).
A critica da cidade (eu inclusive) tinha que saber disso. Fica o registro.
Obrigado amigo Nandes, pelo seu interesse em acompanhar a vida pernambucana e o Blog do GB.
Girley Brazileiro

Unknown disse...

Caro amigo Girley,

Fiquei muito feliz em conhecer seu Blog, parabéns mesmo.
Quanto ao nosso Frevo, concordo com vc, já não se faz mais Frevos como antigamente ou, se fazem não são o suficientemente trabalhados na mídia.
Confeço que conheço bem os antigos e que são bastante executados até hoje durante o carnaval e somente estes, sempre os mesmos.
Será que estão faltando compositores ou um trabalho de divulgação para os novos frevos ?
Bom carnaval para vc e um beijo para vc e Sônia.

celia labanca disse...

Girley meu caro e querido amigo.

Tenho acompanhado seu blog permanentemente. Mas, o seu pensamento sobre o carnaval, e o nosso frevo me mobilizou a dizer que você tem razão, e qualquer coisa antes do saudosismo que alguém possa considerar, que está mesmo a cultura, o costume, e a identidade de um povo, que a inconsciência do poder público sinceramente não sei aonde vai levar. O silencio geral sobre o tema é outra coisa que há muito me incomoda. Assim é que publiquei no nosso Jornal do Commercio de 12.02.2008 um artigo que foi copiado para os Anais da Assembléia Legislativo, que muito me honrou, e aqui transcrevo o último parágrafo em apoio ao que você diz: ...
“Permito-me então, em nome do frevo e da nossa cultura popular pedir ao povo do Recife e de Pernambuco, meu conterrâneo de luta, aos intelectuais, ao pessoal das artes e das universidades, e a todos que pensam e gostam de carnaval que se rebelem e se antenem! Gritem para não deixar que matem o frevo e a sua história que é nossa, como já fizeram com os Blocos das Paes, Toureiros, Lenhadores e tantos outros. Também, para não se permitirem baixar a estima. Acreditem: nós valemos muito mais do que possa pensar qualquer desatinado, ou irresponsável público, por nós e por nossa cultura. – Desculpem! Faço este apelo porque não consigo ficar calada diante da inconseqüência com que tratam o povo, o dinheiro do povo, os artistas do carnaval, o turismo, a cultura, e a história do frevo e de Pernambuco."
Célia Labanca.

Cristovão Fonseca disse...

Amigo,
Grande sucesso no seu blog.
Um abraço,
Cristóvão da Fonseca

Aninha Goes disse...

Amigo Girley.
Sinto essa mesma indginação ,mas o problema está no proprio pernambucano que não luta pelo frevo ,os compositores que não fazem frevos novos e quando fezem não é nada vibrante . Estou aqui novamente dando minha
opnião . Um abraço Aninha Goes .

PATRICIA MOURA BIOJÓIAS disse...

Nossa!!! Acabar com o frevo/carnaval seria acabar também com boa parte da alegria, memória e cultura de um povo. Não façam isso, pelamordedeus, rsrs.
Percebo que sempre haverá semelhança no "rítimo" de cada estilo musical, a exemplo da bossa nova, do samba, pagode, tango, funk, do xote e evidentemente com o frevo não seria diferente.

Acho estranho demais, receber estrelas do axé, quando aqui temos muita gente de grande destaque no cenário da música nacional e que faz a alegria dos que vão em festas de clube, buscando a referência do carnaval pernambucano. Globalização/unificação não é sinal de progresso. Adoro cada região com seu ritmo próprio. Identidade! Imagina os bois Caprichosos e Garantido, do Amazonas, se apresentando no ritmo do Axé (ui).
Aos entediados, eu sugiro que desliguem a TV e vão para as ruas do Recife, escutem um bom frevo, dancem, observem a cara de felicidade das pessoas e permitam-se contagiar pela absoluta ausência de tédio dos que vivem a vida com mais alegria e bom humor.
Saudações momescas a todos.
Ah, Gisley, seu blog é ótimo, parabéns.
Patricia Moura

arte de tolentino disse...

Aqui em florianópolis no carnaval temos o " berbigão do boca" que saõ bonecos iguais a esses mais com pessoas conhecidas da cidade que já morreram....é muito legal

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