domingo, 24 de maio de 2009

São Paulo: um Exercício de Paciência

Viver numa megalópole é um desafio... muitas vezes prazerosos e, por vezes, desgastantes. Digo sempre que sou um urbanóide confesso. Gosto das grandes cidades. Talvez, porque acho bom circular como uma figura comum e não ser reconhecido. Faço, com prazer, longas caminhadas e procuro sempre observar o comportamento da gente, do transito e da cultura em geral.
Talvez por isso, ao contrário de muita gente, eu gosto muito de ir a São Paulo, a maior metrópole brasileira. Acabo de regressar de mais uma dessas visitas, que me tomou cinco dias dessa semana que termina.
Comecei falando de desafio, prazer e desgastes. É isso mesmo. Viver São Paulo é um pouco de cada uma dessas coisas. É preciso saber viver cada situação. É o tipo de cidade que você gosta ou desgosta. Não cabe um meio termo. Eu, simplesmente, gosto.
Cada vez parece ser uma vez diferente. A cidade instiga o visitante para que olhe sempre por um novo prisma, um novo ângulo, uma nova imagem, que, aliás, sempre aparece. Nesses cinco dias observei coisas bem comuns na vida do paulistano, senão vejamos.A primeira coisa que me ocorre comentar é o desafio do trânsito. Perde-se muito tempo nos deslocamentos urbanos. Esses dias, acho que na sexta-feira, sintonizei uma estação de radio que transmite um tal de radar do transito, para conferir a situação e saber dos pontos críticos e dos engarrafamentos da hora, que chegavam a marca dos 160 km., por todos os lados da capital. Bendito radar, porque orientado por ele, fugi de alguns trechos críticos e consegui chegar a tempo num compromisso.
Vencido o desafio do transito, outra cena interessante testemunhei num estabelecimento industrial que visitei, nos arredores da cidade, à margem de uma rodovia importante. A visita havia sido agendada previamente por um amigo, que acompanhei – cliente da empresa – com o diretor principal da fábrica. Fomos muito bem recebidos, com direito a brinde de luxo na saída, mas, uma coisa deixou-me surpreso: durante 40 minutos conversamos, sem que ele fizesse a gentileza de convidar para uma mesa. De pé, na entrada do seu gabinete, numa boa. Desenvolveram-se inúmeros temas, inclusive de negócios. Ambas as partes mostravam-se interessadas em cada ponto discutido e o clima era de perfeito entrosamento. Lá pelas tantas, quando algumas coisas pareciam estar acertadas, o dito diretor convidou-nos para um café. De pé, claro! Depois do cafezinho esperto, fomos convidados a fazer um tour pelo chão da fábrica. E, aí então é que não tínhamos, mesmo, de nos sentar. O estabelecimento é novíssimo. Uma beleza de instalações. Deu gosto de ver. Lindíssimo. No final de visita, guiada por um outro diretor, passamos por uma ala com oito salas de reunião! Moderníssimas, equipadíssimas e confortaveíssimas! Quase não acreditei que havia salas de reunião por ali. Moral do episódio: paulista não perde tempo com reuniões cheias de trololós infindáveis. Conversa comprida, nunca. Com ele é pei-pei ou buft-buft. Por isso, se diz que São Paulo anda correndo e nunca pára! Quando voltei para o carro, achei ótimo sentar... um alivio.
O dia de trabalho termina e, outra vez, o transito vira um caos. Não fosse o radar da estação de rádio, outra vez também, e não sabíamos a razão de tantos engarrafamentos. Ao volante do meu veiculo locado, espero, espero, espero... o transito fluir. Meu amigo no assento ao lado, cansa, dorme, ronca e acorda assustado com o próprio ronco. Meio dormido, meio que acordado, pergunta: “onde estamos? que foi que aconteceu? o que é isto?” Minha resposta: “É São Paulo, meu caro! Durma”. É preciso paciência. Se estiver de carona, sente sono, mesmo. Como há sempre uma novidade pela frente, eis que surge um vendedor, em meio a muitos outros, oferecendo pipocas, vestindo uma camisa do Sport Club do Recife. Abro a janela, olho bem nele, ele corre e vai me dizendo que está fresquinha e crocante, “somente R$ 1,00, Doutor”. Minha resposta é com o grito de guerra do casá, casá, a turma é mesmo boa... Ele logo entendeu que estava diante de um pernambucano. Vibrante me disse que era rubro-negro até a alma, recifense, fugido da Favela do Rato, tentando vencer no frio da São Paulo e escapando da policia que, a toda hora, dá carreiras nos ambulantes da Avenida Tiradentes. Vida de imigrante nordestino... São muitos por lá.
A noite cai, o clima fica bem agradável, na casa dos 17ºC, e chega a hora de procurar uma restaurante para jantar. É o que não falta e só dá dos bons. Como o restaurante escolhido está em São Paulo, tem fila de espera. Outro exercício de paciência. “Os senhores vão esperar pelo menos meia hora. Aguardem ali, no bar. Aproveitem tomem um aperitivo” disse a recepcionista, com maior tranquilidade. Meia hora, não é nada.
A gente espera... a gente observa... a gente degusta um bom prato e a gente faz negócios. Ah! a gente, também, compra, a preços bons, de um tudo que deseja consumir. São Paulo é o paraíso das compras. Adoro São Paulo.
Visite São Paulo. Mas, vá com boa vontade e paciência. Faça este exercício. E, cá pra nós, leve dinheiro, viu!
Nota: Foto obtida no Google Imagens

9 comentários:

Anônimo disse...

Girley,

São Paulo é isso mesmo que você falou. O viu do final! me deu uma saudade!!!

Assitimos, toda terça os concertos da OSTNCS - Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro no dia 14 de abril o Solista foi o próprio Marlos Nobre : Divertimento para Piano e Orquestra de sua autoria.

Pense em uma coisa bonita!!! depois dobre!!! como dizemos lá em Alagoas.

Este cara é um gênio.

Um grande abraço.
Guido Azevedo

Maria Cristina Henriques disse...

Parabéns, Girley.
Definiu-me muito bem, e o meu amor por SAMPA - é por setores. E com data marcada no bilhete aéreo.
É porisso que só aguento 5 a 7 dias. 15 dias só se for em casa de amigos a metade do tempo.Tempo = dinheiro, meu 'tempo' acaba rapido em SAMPA.
Temos Recife, uma filial de SP, com praia, mais quente, mais barata e É NOSSA CIDADE.
E tenho 3 amigos paulistas/paulistanos aqui - Marisa Caruso, Marcia Valerio( e o esposo) e Marco Brito. E tem mais paulistas/paulistanos ficando.
Ma. Cristina Henriques

Edson disse...

Alto lá. São Paulo não é só pedra e fumaça. Não gosto do frio no inverno. Lá tem muito mais VERDE do que em Recife. Burle Mark Park, Panambi, Morumbi são bairros que tem muito verde. Isto é, VERDE dos dolares no bolso de Alkmim, Maria Braga, Sílvio Santos, Hebe e outros que lá moram. Minha filha que é da classe média, mora em um condomínio de vinte prédios chamado MONTEVERDE, onde tem mais verde do que o Parque Dona Lindu. logo, como queria demonstrar... Edson

Jorge Rosa disse...

Caro Girley
Li seu blog como faço em todas as postagens. Como sempre, gostei muito. Mesmo não sendo paulista/paulistano reconheço a força de São Paulo como carro chefe do nosso Brasil. As vezes até gozam conosco... gaúcho sofre com os paulistas.
A proposito, hoje recebi e repasso um pps com números que impressionam pelo "TEMPO" que êles tem.
Um grande abraço
Jorge Rosa

Susana González disse...

De verdad que es maravilloso Sao Paublo, y reconozco perfectamente todo lo que contaste en mi bella Ciudad de México, el día alcanza para ir a un solo lugar, pero la diversidad de lugares, el ajetreo, la prisa, no la cambio por nada, diario hay algo nuevo que hacer, sin embargo me encantaría volver a vivir en Recife.

Como siempre un artículo de primera.

Besos

Susana González

Eduardo Mendonça disse...

Muito obrigado,eu penso como você de São Paulo.
Eduardo Mendonça

Susana Gonzalez (Mexico) disse...

GIRLEY, ME ENCANTO TU ARTÍCULO DEL BLOG, MEJOR NO SE PUEDE DESCRIBIR UNA METROPOLI, PERO EN ESPECIAL SAO PAULO, EL CUAL TAMBIÉN TENGO MUCHAS GANAS DE VISITAR. TAMBIÉN NOSOTROS TENEMOS MUCHOS PROBLEMAS DE TRAFICO, AUNQUE SEAN HECHO MUCHAS ARTERIAS NUEVAS, AÚN EN LAS HORAS PICO ES TERRIBLE. NOSOTROS DECIMOS AQUI EN MÉXICO, QUE PODEMOS DECIR A QUE HORA SALIMOS, PERO NO LA HORA DE LLEGADA.
Susana Gonzelez (Mexico)

Leony Muniz disse...

É isso aí amigo. São Paulo é São Paulo, a maior cidade da AL com todas as suas mazelas e virtudes. O negócio é que não se pode parar, por exemplo sentar para uma reunião de negócios para não perder tempo, mas pode-se parar e dormir em pleno trânsito e chegar atrasado aonde quer que se vá. Perder meia hora esperando uma mesa em um restaurante.Que coisa né? De todas as maneiras eu fico por aqui, no meu Recife, como dizem alguns: "cidade pequena mas porém decente". Será que ainda é? Parabéns mais uma vez. Continuo sempre assídua na leitura dos seus artigos, e sempre recomendando aos amigos. Leony Muniz

Corumbá disse...

Caro Girley:

Dessa vez seu blog não me deu nenhuma inveja.
Nasci no Rio de Janeiro, fugi aos 20 anos para o Recife, naquela época uma província, nem lanchonete havia!
E Recife foi crescendo e, também, a violência, a desvida, o sufoco, a paranóia. Aos 56 anos mudo-me para Belo Jardim, sua calma, seu ar, sua tranquilidade.
Bem, tem gosto para tudo! Delicie-se com São Paulo, a mim não deu nehuma "água na boca"... risos
Corumbá

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