Conhecemos bem a situação deplorável que ficam algumas artérias da nossa cidade monumento nessas ocasiões. Naturalmente que se trata de uma séria questão sanitária e, pelas proporções que assume, uma questão de saúde pública. Não tem quem agüente a fedentina que se instala, porque, como se sabe, urina é cruel.
Por outro lado, ficamos constrangidos quanto ao atentado ao pudor que se verifica a luz do dia. É preciso ter cuidado – quando acompanhado da esposa, filha ou namorada – em escolher por onde transitar, para não se deparar com cenas de pura descontração e exibicionismo dos grupos de marmanjos, ao “tirar a água do joelho”. Não são dois ou três! São muitos de uma só vez.
Fala-se até que existem locais que já são consagrados pelos “apertados na bexiga” e recebem denominações do tipo Ladeira do Mijo. Não sei onde fica a tal ladeira, mas certamente deve ser uma artéria que, na realidade, tem um nome muito mais digno da nossa bela Olinda, patrimônio cultural da humanidade. Imaginamos as dificuldades dos moradores locais.
Numa recente visita que fizemos a Holanda, vimos, em Amsterdan, a solução que foi dada, no Red Light District, a zona do baixo meretrício local.
Atraídos pela forma de exposição – as famosas vitrines – e pelas facilidades oferecidas pelo “mercado”, levas de turistas circulam sem parar, sobretudo homens, tomando cervejas aos borbotões e, por isto mesmo, necessitando de urinar a toda hora. Como no carnaval de Olinda. A crescente corrente de visitantes levou o local a um verdadeiro caos. A solução encontrada, pelas autoridades sanitárias holandesas, foi de instalar espécies de mictórios públicos extremamente funcionais e devidamente ligados à rede sanitária da cidade. O aparato é simples e, sobretudo, prático.
Moldado em fiber-glass, em módulos de três postos, lembram muros – coisa que todo mijão procura – e, por isso mesmo, segredo do sucesso. De fácil higienização, com e irrigação e drenagem próprias, nem se compara com os tais de banheiros químicos usados aqui no Brasil, que são, de cara, fétidos e um atentado à saúde do usuário. Bilhões de bactérias, das mais “cabeludas”, vagam em cada um desses cubículos, inevitavelmente abafados pelo calor dos trópicos. Quando muito, e com restrições severas, poderiam continuar para usuárias do sexo feminino. Enquanto, é claro, não apareça alguma coisa mais funcional, segura e higiênica.
Outra vantagem desses mictórios holandeses é que, embora ao ar livre, pela sua conformação plástica, não expõem as genitálias dos mijões às senhoras e senhoritas que transitam na redondeza.
Vale à pena copiar este modelo. É uma idéia. Claro que depende da viabilidade econômica e da vantagem ou necessidade de instalá-los de forma permanente, como na Holanda. Lá, a estrutura urbana é outra, o nível educacional também e o fluxo de turista é durante o ano inteiro... Aqui é por temporada. Mas, reforçamos que, em termos de higiene e saúde pública não se compara com o que se usa atualmente, por aqui. Não custa nada tentar. Afinal, precisamos de coisas mais civilizadas.
Nota: A foto que ilustra a matéria é da nossa autoria e foi captada em Amsterdan, em 03/11/2007.