domingo, 29 de outubro de 2023

Nó difícil de desatar

O tempo vai passando, os dias de guerra se sucedem, a destruição na faixa de Gaza se multiplica e o mundo experimenta nervosa expectativa. Curioso é perceber que o ucraniano Zelensky, cedeu seu espaço na TV mundial ao Premier de Israel, Netanyahu, que, a toda hora, promete longas jornadas de guerra, sempre avisando que o pior está por vir. Custa-me crer que estejamos vivendo tempos tão hostis em pleno século 21.
Acompanhando o desenrolar das coisas, observo que, se a questão ucraniana é complexa e envolve, sobretudo, uma componente politica de grande envergadura, pondo em confronto dois blocos de nações que medem forças com vistas à hegemonia mundial, as características do conflito no Oriente Médio exibe contornos históricos impregnados das culturas sedimentadas desde o princípio dos tempos que temos conhecimento e registros. É um nó difícil de desatar. Aventuro-me em fazer uma visita ao plano histórico para tentar entender melhor o que hoje ocorre e, ao mesmo tempo, ajudar aos leitores interessados em compreender os fatos que estamos vendo ocorrer mundo afora. A Palestina aparece na História como sendo um território localizado entre o Rio Jordão e o Mar Mediterrâneo, no Oriente Médio. Até o inicio do Século 20, esteve sob o domínio do Império Otomano (antigo Império Turco, incluindo a Arábia Saudita). Com o fim deste Império, a Palestina passou à “gerencia” da “Senhora” Inglaterra, a partir de 1917. Estima-se que em 1946 a região era habitada por 1,2 Milhão de árabes e 608 Mil judeus, descendentes dos antes conhecidos como hebreus ou israelitas (a denominação judeu só veio muito depois) que vieram do Egito, por volta de 1200 a.C.,onde viveram escravizados por alguns séculos, e ocuparam a região tida para eles como a “Terra Prometida” ou “Terra Santa”. Ao fim da 2a. Grande Guerra (1945) judeus que fugiram das perseguições sofridas na Europa, durante o conflito (Holocausto), procuraram assentamentos seguros e muitos foram os que se estabeleceram na Palestina. Dado ao tamanho do contingente de imigrantes terminaram dominando a região, o que certamente concorreu para a decisão da ONU pela criação do Estado de Israel, em 1948.
Contudo, não foi uma decisão tranquila. Gerou uma disputa com notáveis contornos históricos, permeado de aspectos politicas, religiosas, socioeconômicas e culturais. Na verdade, a instauração do atual Estado de Israel não gozou de uma solução pacifica com o mundo árabe que resolveu apoiar os palestinos, oponentes ferrenhos à decisão das Nações Unidas, sob argumento de que a terra havia sido roubada. Foi aí que nasceu toda essa contenda. Em face da decisão da ONU, o povo judeu – que até então vivia disperso em pequenas comunidades ao redor do mundo, desde que expulsos pelos romanos no remoto ano 70 d. C. – mais que depressa, tomou posse daquilo que lhe foi outorgado pelas autoridades mundiais e se organizou para enfrentar essa disputa que rola até hoje. Detalhe importante é que a Terra é Santa, também, para mulçumanos e cristãos. E, nessa seara, o nó fica mais apertado ainda. A Faixa de Gaza é resultante de um Acordo de Armistício entre Israel e Egito, após fim dos combates de guerra, em 1948. É uma faixa de terra de apenas 365 Km² e abriga aproximadamente 2,4 Milhões de habitantes.Uma das regiões mais pobres do mundo. Muito embora as inúmeras tentativas de paz, as duas partes não conseguem estabelecer uma convivência pacifica devido às raízes históricas mal resolvidas. Líderes mundiais já se dedicaram a essa missão e pouco se avançou. Sabe-se também que o Estado de Israel se tornou, com menos de 80 anos de existência, numa grande potencia econômica, com notáveis avanços nas áreas socioeconômicas e tecnológicas, ao tempo em que vem lutando ferozmente pela manutenção e quiçá ampliação do seu território. Os palestinos, porém, apoiados pelo mundo árabe mulçumano não dão tréguas e alimentam de forma permanente uma luta insana em busca do território “perdido”. Indiscutivelmente, o mundo se encontra diante de uma luta histórica e de difícil solução. Uma pergunta que cabe, agora, é saber o que vem ser o Hamas, como entrou nesta História e por que vem tirando a tranquilidade dos seus próprios domínios, de Israel e do mundo? Segundo pude pesquisar a denominação se origina do árabe e significa Movimento de Resistencia Islâmica. Surgiu em 1987. Ou seja, trata-se de uma organização recente no pedaço, embora tenha seus referenciais trazidos da sua História religiosa. Três linhas de ação dão conta dos seus objetivos: filantropia, politica e luta armada. O movimento tem como lema: Alá é nosso objetivo, o Corão é nossa Constituição, a Jihad (guerra santa muçulmana. Luta armada contra os infiéis e inimigos do Islã) é o nosso caminho e morrer pela causa de Alá é nossa maior esperança. Há décadas observa-se forte tensão entre Israel e o Hamas, sobretudo a partir de 2007, quando o Movimento, com sua componente politica, passou a controlar, numa eleição democrática, a Faixa de Gaza. Governando a região e lançando mão da sua componente da luta armada (jihad) o Hamas executou com fúria terrorista o ataque do último dia 7 de outubro, deflagrando todo esse cenário de guerra que estamos assistindo, ao vivo e a cores pela TV. Doloroso é saber que nem todo palestino apoia o Hamas. Que este não convence aquele já sofrido povo. E, por fim, indiscutivelmente não passa de um movimento politico com todas as características terroristas. Como desatar um nó atado e molhado com sangue e suor de inocentes? Tentei dar uma contribuição a muitos que pouco entendem o que hoje ocorre no Oriente Medio.

5 comentários:

José Paulo Cavalcanti disse...

Faltou um parágrafo, mestre Girley. Para falar dos reféns. Belo texto. Abraços lisboetas.

Adierson Azevedo disse...

A luta não é contra ninguém e, sim, contra bárbaros e terroristas que não valorizam a vida de ninguém!

Ina Melo disse...

O que será de nós depois desses caos entre Israel e o
mundo árabe?

Thereza Leal disse...

Parabéns Amigo Girley obrigada por sempre se lembrar de mim Adorei li tudo apesar que essa guerra está deixando o mundo Apavorado que Deus nos proteja abraço amigo para Vc

Kian Li disse...

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