sábado, 13 de abril de 2019

Segura, meu povo.

Depois de um verão escaldante, entramos na estação das chuvas que são bem-vindas para aliviar o sufoco do calor que sofremos nesta última temporada. Contudo, ao mesmo tempo em que se experimenta um clima mais ameno, as chuvas copiosas proporcionam agruras e muito desespero para os que vivem nas grandes cidades do país. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e aqui no Recife vêm sendo registrados grandes temporais e vendavais deixando estas, entre muitas outras cidades, em clima de polvorosa e com saldos aterradores de desabamentos, soterramentos, enchentes, feridos e mortos.
Nessas horas, as autoridades, sobretudo os prefeitos municipais, são chamadas à responsabilidade e, no geral, fazem suas defesas, com teses indefensáveis, acompanhados dos seus proselitismos políticos sem a menor cerimonia. Sem falta dos votos de profundo pesar às famílias atingidas. Sempre visando ao próximo pleito eleitoral, porque afinal nenhum deles quer perder a boquinha de um cargo de executivo.
Todo ano é assim: caem barreiras, desabam prédios, rios sobem de níveis, canais transbordam, avenidas viram cursos de água, veículos naufragam, desaparecem e morrem pessoas e, por fim, se instala o clima de perdas e tristezas. Calamidade geral. Até que o sol tropical volte a brilhar, secar e esquentar os terrenos, ajudando a esquecer das tragédias. Promessas feitas sobre escombros, lanchas e helicópteros salvadores são apagadas das memorias, na maior rapidez. A vida continua, até que os dramas sejam revividos na invernada seguinte. Ah! Nesse ínterim, uma desculpa vai logo sendo elaborada e passa obrigatoriamente pela falta de recursos financeiros.
Na verdade, recursos financeiros são escassos, mas, a rigor, não faltam. Faltam sim, compromisso e responsabilidade administrativa dos burgomestres e governadores estaduais que estão muito mais preocupados em aplicar os escassos recursos financeiros nas obras que lhe rendam os créditos de votos nas urnas eleitorais da eleição seguinte.
O Recife, por exemplo, é uma cidade cortada por rios, riachos, córregos e muitos canais. Foi erigida sobre manguezais. Administrar essa rede hidrográfica pode ser complexo. Mas, não impossível, visto que se faz necessário. Outro dia, escutei de um funcionário da Prefeitura algo estarrecedor. Disse-me ele que o transbordamento de um canal até ajuda na limpeza da cidade. Explicou que a sujeira do transbordo se espalha pelas vias públicas e o serviço de limpeza aproveita e leva as tralhas que se espalham. Ora, minha gente, se o transbordamento já se deu em face da sujeira acumulada no leito do canal, como entender essa “estratégia”?. Deve ser, assim mesmo, no Recife, no Rio de Janeiro, em São Paulo e alhures.
Pensando com uma visão mais elástica, esse problemão urbano brasileiro é um desajuste em cadeia. A população, sem educação e orientação, joga todos seus dejetos e descartáveis imagináveis nos cursos d´água, a Prefeitura não os colhe porque o dinheiro é curto e o serviço de limpeza urbana é parcial e ineficiente. As estações de bombeamentos são inoperantes! A chuva vem, inunda e está feito o estrago, antecedendo uma ainda maior que é a insalubridade. Leptospirose, hepatites, febre tifoide e dengue são algumas das enfermidades que grassam nas populações atingidas. E não tem prefeitura que segure o tranco. Pobre brasileiro.  
O rio dos Aflitos (Recife)
O temporal que caiu no Recife, ontem (12/4/19) foi o retrato dessa vergonha. Minha rua, situada num dito bairro nobre da cidade, se transformou num grande rio. Como não dispus de uma lancha ou carro anfíbio fiquei retido em casa até que o “rio” secasse. A maioria das artérias da cidade ficou submersa em poucos minutos. Até altas horas havia avenidas tomadas pelas águas.  Enquanto esperei que o “rio” da minha rua baixasse, assisti pela TV um drama semelhante que viveu o Rio de Janeiro, atingido por vendavais contínuos durante a semana e amargando um desabamento de prédios que tirou vidas e feriu varias pessoas. Pobre povo brasileiro. Pobre povo recifense que está à mercê de uma Prefeitura que vive na esteira do se manter no poder, a qualquer custo, e não cuida bem da cidade. Segura, meu Povo!
Nota: Foto da autoria do Blogueiro

4 comentários:

Cristina de Victor disse...

Puxa CARÍSSIMO VISCONDE BRASILEIRO a propósito do blog:Opinativo Informativo e de grande repercussão. MTO INTERESSANTE. Receba o meu mais carinhoso abraço de Parabéns. Matéria Perfeita.

Antônio Carlos Neves disse...

Recurso tem mais são desviados.

zmvg disse...

No que pese os desvios de verbas e a incapacidade administrativa dos governos, penso que o principal algoz esta história é o próprio povo, pelo voto que damos para eleger estes montes de lixo e desonestidade e pela falta de educação familiar e acadêmica.

J.Artur disse...

Grande Mestre Girley, como se não bastasse a desordem do poder público - muito bem denunciado por você nesta postagem - ainda temos o fato do nosso Recife ficar ao nível do mar, colaborando para tantos alagamentos. Mas, a foto da sua rua lembrou-me VENEZA que, como sabes, vive sobre alagamento. Parabéns pelos alertas e críticas construtivas à esse governo que desmoraliza o seu próprio slogan ==> Geraldo que faz... Abraços molhados.

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