sexta-feira, 13 de abril de 2018

Pobre Brasil


Para um blogueiro que se propõe a emitir um post a cada fim de semana, como é meu caso, tem sido difícil acompanhar a dinâmica dos acontecimentos político-sociais que se desenrolam no atual momento brasileiro. Mal postei um comentário sobre a última e palpitante sessão do Supremo Tribunal Federal - STF, na qual  ficou selado o destino do ex-presidente Lula, eis que ocorreu aquele episódio da imediata prisão do homem, movimentando de modo bombástico o fim de semana passado dos brasileiros. Cada vez mais acredito que vivemos numa espécie de trem fantasma de um parque de diversões. As curvas bruscas e assustadoras dos últimos dias são retratos fiéis da minha imaginação.
Confesso que fiquei abalado com tudo àquilo que assisti pela TV. Foram horas a fio de uma ópera bufa, sem fim, de enredo do tipo “o coelho sai, não sai”.
Explico o porquê de sentir-me abalado: primeiro que não se tratou de uma prisão qualquer. O réu é um ex-presidente da Republica e isto, por si só, é historicamente muito grave. E pior, por crime comum e não politico como tenta convencer a militância. Desprovido de imunidade politica, Lula ficou sujeito a tratamento como um simples cidadão, coisa rara aqui em Pindorama quando se trata de um politico. E, como tal, condenado e preso consoante à legislação vigente e mediante as acusações que lhe foram atribuídas. Em segundo lugar, fiquei abalado, pela negativa exposição internacional do Brasil, tal qual uma republiqueta qualquer. Claro, que são interpretações pessoais, mas, de puros sentimentos. Perdoem-me os amigos e amigas que pensem ao contrário. Valho-me do privilégio de viver numa democracia, pela qual lutei e sempre que preciso lutarei.
No sábado passado, ouvi com atenção redobrada o discurso inflamado do Lula, antes de se entregar à Polícia Federal, cumprindo determinação judicial. E, determinação dessa ordem é cumpra-se e ponto final. Não esperava nada diferente daquilo. Visivelmente “tocado” o homem exagerou na sua natural verve e o que escutamos foram puros disparates e ofensas agressivas ao estado de direito. Aquelas críticas ao Poder Judiciário e à Imprensa foram imperdoáveis e com falta total de visão política. Faltou assessoria jurídica na retaguarda daquele palanque, para que ele usasse de um tom mais próprio e condizente a um ex-presidente da Republica e aspirante à estadista. Bom, aquilo lá esteve mais para um comício dirigido à sua militância equivocada – reduzida, diga-se de passagem – do que um pronunciamento à Nação, como muitos esperavam.
Entre muitas outras passagens, daquela hora de furor, Lula insistiu na curiosa tese, que brada aos quatro ventos, como tendo sido autor de um extraordinário e inédito feito na História do País, de tirar da pobreza milhões de brasileiros o que, ao ver dele, resultou num estado de polvorosa e revolta às tradicionais elites do país. Nada mais discutível do que esse discurso. Ora, ora! Lula teve o privilegio de governar num momento em que a economia global experimentou forte aquecimento e o Brasil não ficaria à margem desse boom. Ao mesmo tempo, com o pacto que ele firmou com as classes produtoras e os incentivos que a essas concedeu houve uma expansão do mercado consumidor, o que agradou em cheio a classe por ele chamada de elite. Com outra mão, reformulou os programas preexistentes de distribuição de renda, juntando tudo num só com a denominação de Bolsa Família, coisa que suscita muitas discussões, dados o mecanismo de administração e o imenso número de falcatruas observadas no programa. Nesse ambiente e estas duas componentes sociais, houve uma geral euforia popular com pobre comprando carro próprio e viajando de avião, comendo melhor e entrando na universidade. Tudo não passou de uma bolha. Os ventos mudaram, ele fez Dilma presidente, a crise se instalou, o desemprego eclodiu e assumiu taxas incontroláveis e os pobres tiveram que devolver os carros por inadimplência e buscar meios de sobrevivência. Como o tempo não para, chegou uma hora em que se revelaram as promíscuas relações dos governos petistas com grandes empresários brasileiros numa interminável “troca de favores”. Coube à Operação Lava a Jato arrancar as mascaras de todos envolvidos e a constatação foi que os integrantes das elites foram os mais beneficiados pelo Governo Petista, antes tido como o protetor dos pobres e oprimidos, portadores de uma bolsa família. Alguém, ainda, tem dúvidas? Essas trocas de favores levaram nosso “salvador” à condenação, razão do seu atual estado.
É minha gente, Lula foi muito mais benevolente com as elites (OAS, Odebrecht, JBS entre outros menores que o digam) do que com os pobres coitados que prometeu proteger. Benevolente com eles e com seu próprio bolso, claro!
As delações premiadas que foram efetivadas pelos próprios amigos e correligionários dazelites comprovaram tudo isto. Foram declarações que não deixam dúvidas quanto ao comportamento indecente petista e Lula no comando. Com sua pouco recomendável forma de governar, fez escorregar e tombar a Petrobrás, o BNDES e inúmeras outras entidades públicas.
Aliás, não ficou por aqui. Bom lembrar que os fios dessa rede de corrupção, por ele liderada, se estenderam além das fronteiras brasileiras e são muitos os casos de ações judiciais lá fora. Tem outros presidentes de repúblicas pendurados nessa malha e curtindo julgamentos e prisões.
É lamentável que o pretenso “salvador da pátria” tenha caído numa armadilha tão velha e carcomida. É aí que se confirma a máxima  de que a “política corrompe qualquer um”. O Lula posou sempre como sendo um político diferenciado. Garantia não ser qualquer um! Ao invés disso, bradou e gritou em campanhas à presidência de que, quando eleito, iria acabar com a corrupção endêmica no Brasil. “Lugar de ladrão é na cadeia”, exclamou de modo frequente nos seus retumbantes comícios. Foi assim que conquistou os eleitores. Agora, todo mundo, inclusive a torcida do Flamengo, concorda com ele! Lugar de ladrão é na cadeia, sim.
Pois é, parece uma ironia. Quem diria, naquela época, que viveríamos os dias de agora. Pobre Brasil


8 comentários:

Valdilene Gomes disse...

Texto excelente, muito bem comentado e exposto!
Valdirene Gomes

Dulce Nadruz disse...

Excelente texto amigo. Parabéns . Abraço .
Dulce Nadruz

Ricardo Rego Barros disse...

só respiramos política nos últimos meses, muita boa a postagem.
Ricardo Rego Barros

Corumbah Guimarães disse...

Brilhante!.
Corumbah Guimarães

António Carlos Neves disse...

Tem toda razão primo. Lula foi um sonho que virou pesadelo deu tudo aos ricos e aos pobres só as migalhas e seu discurso final revelou seu real caráter mostrou o verdadeiro Lula em que falta tudo e sobra só roubalheira pegou o país saneado crescendo com o resto do mundo em pleno crescimento e enganou a todos como Salvador da Pátria e isso aí primo disse tudo eu que não gosto de viajar sinto vergonha imagina o primo que é um grande viajante.
António Carlos Neves

José Paulo Cavalcanti disse...

De ruim só, amigo, é para você. Caso decida ser candidato, depois dessa nenhum petista vota mais em você. Parabéns.
José Paulo Cavalcanti

António Jose de Melo disse...

Àquele momento foi a oportunidade de mostrar quem na verdade é Lula. Um homem desequilibrado, desesperado, com um copo de cachaça na mão em um momento totalmente inadequado, encenando para um pequeno grupo de bajuladores ignorantes pagos para aplaudir a cena.
António Jose de Melo

Newton de Mello disse...

Caro Girley,

Ótima sua crônica de 14.04.2018. Concordo com tudo o que você apontou. O Brasil foi vítima de um partido "caudilhesco", o PT, que em nome dos "trabalhadores" destruiu as indústrias que os empregavam, sangrou até a asfixia a nossa maior empresa, a Petrobrás, buscando perpetuar-se no poder, e deixou um país prostrado pela corrupção institucionalizada, que hoje nos envergonha frente ao mundo civilizado. E os barulhentos "petistas", de um lado, um grupo a soldo de organizadores mal-intencionados, e de outro lado, por esquerdistas históricos que sonhavam com um Lula, caudilho no estilo dos Castros, do Chaves e do Maduro, admirados inclusive por românticos idealistas, que sonham em dedicar suas vidas aos já fracassados projetos socialistas. Enfim, como você disse, caro amigo Girley, "pobre Brasil".

Newton de Mello

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