Tenho algumas razões para não admirar, muito menos comemorar, essa condenação à prisão do ex-Presidente Lula, devido ao julgamento do Juiz Sérgio Moro, de Curitiba, no âmbito da Operação Lava-Jato. Meu lamento é, sobretudo, relacionado à figura que ele representou, ou ainda representa de ex-mandatário da República e não, necessariamente, devido ao cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. É difícil separar as duas coisas, mas, é preciso!
Como
Presidente ele cumpriu um papel de destaque e se projetou internacionalmente
defendendo o nome do Brasil, embora muitas das controvérsias que criou. A
lástima é que não soube ser correto enquanto cidadão e perdeu a chance de ouro
de entrar na História de modo limpo, ao não saber lidar com o decoro que o
Poder lhe conferiu e não titubeando ao se entregar às loas e armadilhas montadas por corruptores contumazes que
sempre existiram nesta e em muitas outras frágeis repúblicas, particularmente
nas latino-americanas . Perdeu a cabeça e se entregou de corpo e alma à
bandidagem, de forma compulsiva. Portanto, entendo que não foi nenhum inocente!
Agora, a verdade é que não se trata de uma coisa comum ver um ex- presidente,
todo poderoso da Nação e que posou de mensageiro da esperança para um povo
sofrido, ser condenado à prisão por tão escusas razões.
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Lula versus Moro |
Acredita-se
e deve ser verdade que muitos dos seus antecessores, ao longo da História da
República, se locupletaram desde a cadeira presidencial. Disso ninguém
duvida. Mas, o Brasil mudou! Os tempos
são outros e hoje as regras são outras. Os mecanismos disponíveis de controle e
julgamento dos representantes do povo são mais eficientes e, sobretudo,
transparentes. Uma Republica institucionalmente mais consolidada e na incessante
busca do politicamente correto. Recordo que quando o ex-Presidente Collor foi
impedido de continuar à frente da Presidência da República tivemos o primeiro
grande sinal desses novos tempos. Naquela ocasião, dava-se por certo que, prá
frente não teríamos novas decepções. Mas, não. O pior estava por vir. E veio! A
História está registrando e não é à toa que temos hoje um ex-presidente
condenado à prisão, sua sucessora e cria política sendo acusada de desmandos
político-administrativos, enxotada, aliás, do poder e, pior, um terceiro, em
pleno exercício do cargo presidencial, denunciado pelo Procurador Geral da
República por vários atos ilícitos, tais como corrupção passiva e lavagem de
dinheiro.
Trata-se de
um cenário plúmbeo e extremamente nefasto para um país da dimensão política e
econômica do Brasil.
Ora, este
não é o país que vislumbrei nos meus projetos de cidadão, na juventude. Jamais passaria pela minha mente qualquer episódio do tipo que estamos assistindo nessa recente passagem da História da
nossa República.
Habituado a
viver, com alguma frequência, exposto a sociedades de além fronteiras e
recordar a forma respeitosa e entusiasmada com as quais os estrangeiros
dispensam ao Brasil, à nossa gente e nossa cultura, vejo-me em profundo pesar e
indignação em face das repercussões internacionais negativas geradas por essas
autoridades de plantão, no Planalto Central. Constato facilmente que estamos
num patamar de total desgoverno e irresponsabilidade generalizada, nivelado a
países em estado indefinido politicamente e com profundas diferenças étnicas e
sócio-econômicas. No Brasil de agora, cata-se um líder de realce enquanto
probo, republicano e consciente das necessidades do brasileiro, para assumir o
comando da Nação e é o mesmo que procurar uma agulha num palheiro. Nessas horas
faço coro com Renato Russo e pergunto: que país é esse?
NOTA: Foto obtida no Google Imagens