Eis que nos
vemos diante de um novo pleito eleitoral, ainda que curtindo a ressaca das
recentes turbulências políticas que assolaram o país. No próximo domingo
(02/10/2016), teremos eleições municipais e, desta vez, culminando um novo
modelo de processo eleitoral.
A atual campanha
foi muito morna e quase não se viu movimento de candidatos buscando votos ou
espaço para mostrar suas caras e expor promessas aos eleitores. Nenhum
saudosismo, por favor. As novas regras do jogo, estabelecidas pela “meia-reforma”
eleitoral, resultou nesse clima pouco efervescente, quando comparado com o que
se vivenciamos no passado. Tem eleitor que, esta semana, se surpreende quando
toma ciência da proximidade do pleito. A redução do tempo de campanha levou a
que mesmo os candidatos majoritários não tivessem chances concretas de expor
suas plataformas. Nem mesmo os eletrizantes debates televisivos aconteceram.
Na prática,
esse tímido clima de campanha é visto com bons olhos por muitos e pouco
receptivo por outros, sobretudo aqueles habituados em esbanjar propaganda com
recursos de doações de pessoas jurídicas, inscritas, muitas vezes, em Caixa 2.
Mesmo que arcando com o peso de suportar o popular “rabo preso” que todos nós
conhecemos, numa esteira de consequentes amarrações comprometedoras para o
período de exercício de mandatos conquistados, sentem imensas saudades.
Contudo, numa
coisa acredito: embora considerada como sendo uma “meia-sola” de reforma, essas
novas regras tornam as campanhas mais democráticas, na medida em que os
candidatos se aproximam (ainda que a desejar!) de um nivelamento das condições
de concorrência. O fato de que doações financeiras para campanha serem somente
permitidas por Pessoas Físicas (CPF) e nunca Pessoa Jurídica (CNPJ) foi um
golpe certeiro nas jogadas dos corruptos e corruptores. Outra medida sadia foi
a limitação de exposição de cartazes e bandeiras nas vias públicas, que somente
emporcalhavam as cidades brasileiras. E finalmente, a redução do irritante horário
de propaganda gratuita (rádio e TV). Trata-se, indiscutivelmente, de uma “bateria”
de restrições que, além de ser um bom ensaio de reforma eleitoral, contribuiu
de modo decisivo para o nivelamento que acima me referi.
Mas, no
final das contas, o que mais importa nesse quadro é considerar que a
consciência individual, bem como a coletiva, do nosso eleitorado, está longe de
saber escolher o candidato certo. E é aí onde reside a incógnita da questão política
nacional.
Sou da
opinião de que a eleição municipal é a única oportunidade em que o eleitor pode
eleger um representante político mais próximo à sua realidade e mais fácil de ouvi-lo.
Precisa saber – e quase nunca sabe – que o escolhido será seu representante,
seu porta-voz direto nos níveis superiores de governos. Um(a) vereador(a), por sua
vez, tem que ter a clara noção – e muitos poucos têm – de que ele, ou ela, deve
defender os interesses dos seus representados, que estão lá na base da pirâmide
social, isto é, o cidadão comum que sofre no seu dia-a-dia os efeitos de todas
as mazelas das imperfeições e injustiças do meio social.
No Brasil de
hoje, não há quem não padeça de alguma dessas mazelas urbanas. A saúde pública
abandonada, as instalações sanitárias primitivas, as deficiências do setor
educacional, a insegurança, a mobilidade urbana engarrafada e as falhas de
infraestrutura são apenas alguns dos aspectos negativos que degradam as
grandes, médias e pequenas urbes brasileiras e, provavelmente comuns em todas
elas. Os prefeitos e vereadores eleitos nem sempre enxergam esse conjunto de
problemas. Muitos, inclusive, preferem oferecer “pão e circo” como na Roma
Antiga para enganar os tolos.
No próximo
domingo, tenhamos um rasgo de lucidez, acreditemos que a participação como
eleitor é um ato de cidadania e negá-lo se constitui num ato de covardia.
Entendamos que um voto certo pode resultar num novo tempo social próspero e
justo. Esqueçamos os atropelos e traumas recentes. Confiemos. Votemos em quem nos
pareça ser bom e honesto administrador da coisa pública. É tempo de corrigir o
que no passado podemos ter errado. Seja um eleitor consciente. Vote certo! O
Brasil ainda tem chance e depende de você, Sua Excelência o Eleitor.
NOTA: Foto obtida no Google Imagens
5 comentários:
Seus assuntos são sempre interessantes . Um abraço Girley !!!
Boa tarde
Dr. Girley
Faço minha as suas palavras
Concordo em gênero número e grau rsrsrs
Eu votarei o Sr votará e eles votarão por um pedaço de pão !!!
E isso é Brasil
Vanja Nunes
Mestre Girley, há espaço para aperfeiçoamento e melhoria da Lei principalmente exigindo qualificação mínimas, serviços prestados a comunidade, bons antecedentes e quem sabe pré qualificação em colégios eleitorais por associações ou plebiscito,daí teriamos vereadores de verdade
Objetividade é a sua marca registrada. Não só concordo com seus argumentos políticos e de cidadania, como VOU VOTAR, em que pese ter mais de 70 e ser dispensado desse ato patriótico, Abraço forte.
Amigo Girley,
Muito boa sua matéria.
Abraço,
Arthur Carvalho.
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