É impossível desligar-me dos fatos políticos que eclodem a cada hora no
Brasil de hoje. Eu somente, não. O Brasil todo. Os episódios, sempre
bombásticos, se multiplicam de forma
avassaladora e se transformam num monstruoso e complexo imbróglio com uma concreta
dificuldade de ser solucionado. O país tem neste momento uma Nação dividida e a
perplexidade toma conta da sociedade.
É interessante notar que, o que na prática ocorre, é uma inusitada luta
sem fim entre os poderes da República revelando uma disputa muitas vezes nociva
ao estado democrático tão duramente conquistado. As autoridades de plantão se
confundem – muitas vezes de forma patética ou equivocada – enquanto tentam
confundir uns aos outros e, por fim, confundir a Nação. Há um clima de
intranquilidade como poucas vezes se viveu. A História está aí para comprovar.
Se pelo lado político a coisa se apresenta de modo insustentável, pior
está sendo para o domínio econômico. Este, lamentavelmente, se encontra refém
do rachado quadro político-institucional reinante. O país está mergulhado num
recessão sem precedente, fruto da insanidade da atual classe política e dos
governantes de plantão. Claro que já passamos por muitas crises econômicas.
Minha geração foi testemunha direta dos graves problemas que vivenciamos em
poucas décadas atrás durante e em seguida ao regime ditatorial. Contudo, o que
se experimenta dessa vez tem um sabor mais desastroso em face das ameaças que
se revelam na prática e se rebatem, de modo inequívoco, sobre os progressos
alcançados depois da estabilização econômica dos anos 90, caracterizada pelo
sucesso do Plano Real, do controle da inflação, da capacidade segura de
investir na produção, dos avanços nos campos do agronegócio e do setor
industrial, além da adoção de medidas de política econômica importantes, entre
as quais me lembro da Lei de Responsabilidade Fiscal e a do camle bio flutuante. Isto,
sem falar no fortalecimento e autonomia de atuação de instituições chaves do
Estado que se fortaleceram e hoje cumprem um papel fundamental para sustentação
de um legítimo estado democrático.
Bom, é indiscutível que esta instabilidade política em curso
confere um clima de desconfiança e muito difícil são aqueles que se encorajam investir
em algum setor produtivo. Ao invés disso, muitos são os empreendimentos que se
desmobilizam por falta de oportunidade de atuar num mercado, antes vigoroso e
agora devagar quase parando. O consumo das famílias retraiu-se e as dividas
pessoais estão arruinando a muitos.Resultado imediato dessa agonia é o crescimento
do desemprego, que já atinge marcas assustadoras e aponta para um quadro ainda
mais severo neste ano de 2016. Segundo dados do Ministério do Trabalho e
Emprego, via o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), nos
últimos 12 meses, 1.706.695 empregados foram demitidos no país. Aqui em
Pernambuco ocorreram 96.494 demissões. Mas, isto foi somente nos últimos 12 meses, porque, no todo, já são 9,6 milhões de desligamentos e a taxa registrada é de 9,5% da força de trabalho. A maior desde 2012. Tem desempregado, numa choradeira sem
fim, batendo às portas das empresas, perambulando em busca de alternativas para
sobreviver e, muitas vezes, desviando para o caminho da delinquência roubando e
assaltando para comer e colocar comida dentro de casa. Doloroso.
O Comércio, certamente, foi o setor que mais demitiu, emitindo um
concreto sinal de que o mercado vai mal, com repercussão inevitável nos demais
segmentos. As perspectivas da atividade industrial são das mais pessimistas e no
âmbito global, os institutos de estudos e pesquisas refazem com frequência seus
cálculos e projetam mais uma taxa negativa para PIB anual.
Parece uma ironia que o Brasil esteja nessa situação tão negativa. Definitivamente,
a República PTista conseguiu frear o crescimento do País e jogá-lo bem distante
do seu sonhado desenvolvimento. O único jeito é continuar alimentando o sonho
de País do Futuro, embora estejamos, por enquanto, andando numa franca marcha à
ré.
4 comentários:
É o jogo do quanto pior melhor, ao invés de defenderem os interesses do povo, se matam pelo poder. Depois da lista da Odebrecht com mais de 200 nomes de políticos de quase todos os partidos, só resta esperar que o caos passe e que possamos construir algo novo. Nenhum partido governa sozinho, temos que parar de defender partido A ou B e observar os projetos de cada político, o que votam a favor ou contra, aí sim, saberemos quem são as verdadeiras raposas.
Danyelle Monteiro
É a direção que o Brasil está tomando por responsabilidade e única culpa do PT que não tem um programa de governo e, sim, uma utopia que jamais deu certo em canto algum do mundo. E dos políticos em geral, que não conseguem assumir a responsabilidade de parar esse desgoverno e propor um agenda clara de mudanças para a retomada do Plano Real e a reconstrução dos fundamentos econômicos necessários a toda e qualquer nação.
Adierson Azevedo
Concordo plenamente só que vejo o governo bem fraco em relação ao povo brasileiro
Antonio Carlos Neves
Muito boa sua postagem cunhado,
Ana Fernandes de Souza
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