sábado, 27 de setembro de 2014

Voto Consciente, uma necessidade

Estamos a uma semana das eleições gerais no país. A campanha eleitoral está chegando ao fim. As opiniões se dividem em tudo e por tudo. Muitas emoções vão rolar. Os candidatos a cargos majoritários desejando mais tempo para derramar seus proselitismos, ataques aos adversários, disseminar intrigas e mentiras ou aqueles que se candidatam por “brincadeirinha”, que são muito mais do que nós, pobres mortais – que nem eu – imaginamos, lamentando o fim das “férias”.
Mas, nada disso se compara com o que se desenha por trás do processo. Está em jogo o destino do país e isso parece não abalar a maioria da população. Apatia quase geral. Recente  pesquisa do Ibope constatou que 46% da população não está nem aí com o que se desenrola no processo eleitoral. É assustador para quem se candidata e para quem esteja preocupado com o destino do País. Preocupante porque são esses alienados que elegem um Tiririca da vida... Os críticos especialistas consideram que a presente eleição passará à História como tendo sido um processo “morno”, no qual pouco se discutiu, ou se discutiu de forma pouco convincente, o futuro da Nação.  Um processo no qual o eleitor – que deve ser visto como o personagem mais importante – se revela descrente, decepcionado e sem esperanças.
É desanimador assistir ao Horário da Propaganda Eleitoral Gratuita, pelo rádio ou TV. Qualquer cidadão diferenciado não suporta o desenrolar de tantas tolices expostas. Os jovens, então, em maioria esmagadora, abominam e a primeira coisa que fazem é desligar o receptor. Mais do que isso, criticam o baixo nível da propaganda. Tenho para mim que, desse estrato da população de eleitores, apenas os que estão engajados diretamente nas campanhas e, principalmente, os que estão ganhando uns trocados para carregar um cartaz ou distribuir um panfleto, nos cruzamentos das grandes cidades, entraram no clima.
O voto é obrigatório no Brasil e, por isso, é sabido que boa parte do eleitorado não se entusiasma e vota por cumprir a determinação legal. Sem um comprovante de haver votado, o cidadão perde uma série de direitos comuns. Nota-se que muitos não têm certeza sobre a escolha a fazer e, segundo recente pesquisa do Instituto Datafolha, 7 entre 10 eleitores não têm ideia, até agora, vésperas do pleito, em quem votar para deputado federal ou estadual. Desespero para os candidatos que entram em verdadeiras “maratonas” atrás do eleitor. Esta indecisão, em média vai de 65% a 80%, em todas as faixas etárias, segundo o referido Instituto. Ora, meu Deus, certamente que essa gente não tem consciência do que significa esse tipo de escolha. Vai ver que a grande parte dos eleitores não entende que são esses candidatos que, quando escolhidos, irão representá-los e legislar, isto é, formular normas e regras sociais a serem cumpridas no dia-a-dia de cada um. É compreensível que eleger um novo governador(a) ou um(a)novo(a) presidente ou um senador pode ser mais atrativo e visto como de maior relevância. Contudo, é muito importante, também, saber eleger conscientemente – falo de fazer uma escolha certa – aqueles que vão idealizar, formular, revisar e decidir sobre as normas sociais que determinarão os destinos dos indivíduos, as relações político-sociais dos vários domínios e que possam oferecer melhores condições de viver.
Essa alienação me faz lembrar que na última eleição municipal, em 2012, houve Prefeito eleito, aqui em Pernambuco, com votação menor do que o número de votos nulos e em branco. Francamente. Algo de errado existe nesse processo. O resultado é que, hoje, as criticas ao tal Prefeito são das mais ácidas, as denúncias de corrupção são constantes e circulando pelas ruas da cidade o que mais se vê são muros e paredes com pichações que remetam ao descalabro instalado. Por que, então, não evitar coisas desse tipo, se com o voto válido a sociedade pode avançar?
Vejam, portanto, amigos e amigas, que tipo de modelo eleitoral tem hoje o Brasil. Até quando vamos viver esta “desarrumação”?  Urge uma conscientização adequada de governantes e legisladores, povo e eleitor consciente, para empreender uma reforma política que venha ser mais honesta, mais próximo à realidade do eleitor, mais transparente e, sobretudo, mais adequada ao Brasil de hoje, no qual a democracia prevalece e precisa ser preservada.
Na próxima semana pense melhor no que vai marcar na urna eletrônica da sua sessão eleitoral. O Brasil precisa do seu voto. Diga NÃO ao voto nulo ou em branco, que muitos prometem sufragar. Que seja um voto consciente e uma escolha certa. Nessa hora, o poder está na sua mão.

NOTA: Foto obtida no Google Imagens

8 comentários:

Joe disse...

Caro Girley
Excelente seu artigo sobre as eleições. Com toda minha vida de militante partidário esta é a eleição mais sem tesão que participo. No entanto vou votar e já escolhi a minha chapa. Anular o voto é anti democrático e facilita a eleição dos políticos fajutos.
Um abraço Joe

Unknown disse...

Caro Amigo Girley BRASILEIRO,

Sim BRASILEIRO, em letras garrafais, assim como deveriam ser todos os nascidos neste território chamado Brasil; com postura, com discernimento, com posição, mas que não passam de ser meros brasileiros.
E olhe, não sou eu que afirmo isso, são as recentes pesquisas, tão bem pontuadas no seu texto, onde cada adjetivo está muito bem colocado, sem tirar nem por. Mas faltou lembrar que além de tudo, a nossa nação não tem memória, veja o que resgatei do seu texto de 09/10/2010:
"Alienados, ingênuos, ignorantes ou coisa parecida, porque não tiveram o cuidado de analisar o que vem por trás dessa manobra espúria. Uma autêntica malandragem. Não sabem eles que ao elegerem um ignorante, talvez analfabeto, como é o caso de Tiririca, estão contribuindo para o sucesso de uma estratégia política estúpida - falha de um sistema eivado de equívocos - de arrastar, via coeficiente eleitoral de um partido nanico, elementos nocivos à sociedade que representa e à Nação, para atuarem na Câmara Federal. O partido do deputado eleito, Tiririca, e seus coligados estão deitando e rolando na montanha de votos que o palhaço recebeu nas urnas. Junto com ele serão empossados mais dois ou três parasitas, autores da mutreta e com tremendas"
Pois é, depois estes "brasileiros" reclamam que a economia está fraca, que faltam hospitais, escolas, rodovias....
O que me resta é seguir o exemplo do velho catador de estrelas do mar, sim, vou pegar cada um em minha volta e orientar a um voto certo, explicar e fazê-los entender um pouco o que é o voto, para que ele tem que votar e porque votar certo.
Gota d'água no oceano!? Que seja, mas ela estará lá!
Abraços fraternos

Aldo Ferreira Melo disse...

Pois é Dr. Girley. Suas palavras deveriam ser lidas , compreendidas, difundidas por todo o tempo. Além dos dias próximos das eleições. Porém nunca entendi o por que de tanta desatenção das pessoas em geral. Creia-me, não tenho raiva dos políticos, tenho dos eleitores. Não há como esperar bons políticos enquanto os eleitores não o forem. Por estas e outras não me interesso por política. E quando uso meu voto o faço em favor de uns e em desfavor de outros. É só o que consigo fazer. Parabéns pelas suas boas intenções.
Aldo Ferreira Melo

Rogério José Brandão disse...

Caro Girley Brazileiro: Considere que a grande massa de brasileiros são pessoas de nível cultural baixo e carente de inúmeras necessidades sociais, hoje atenuadas com os muitos programas assistencialistas. Como economista, você sabe o ônus destes programas ( apesar de necessário, neste momento). Considere que a campanha política, especialmente a do PT, prima pela desinformação: Se um candidato fala em rever a CLT, a propaganda petista alardeia que querem tirar direitos duramente conquistados; se outro fala em autonomia do Banco Central, que entendo como importante para dar maior credibilidade ao Brasil no cenário internacional, a propaganda petista mostra um prato de comida sumindo da mesa de uma família angustiada; se outro fala em rever alternativas para o fator previdenciário, o PT fala na quebra da previdência social...considere que, ainda hoje, candidatos prometem e prometem sempre mais, sem nunca dizer como...O PT se encontra há 12 anos no poder: o que mudou, afora o roubo sistemático da nação? Você já parou para ouvir os absurdos dos programas no RADIO ? Na televisão a desinformação não é 1/3 do que se passa nas rádios. Depois de analisar estes fatos, responda: pode um leitor desinformado votar de forma consciente ? Podemos eleger conscientemente um candidato na base de promessas irreais e mentiras ? Aloísio Mercadante ontem pediu calma aos empresários: explicou que as declarações de Dilma eram frutos da campanha, mas depois tudo mudaria... E o TSE, meu amigo, a tudo assiste e nada faz! Um candidato que mente, distorce os fatos, manipula psicologicamente os eleitores e se utiliza de métodos poucos republicanos, deveriam ser impedidos de disputar eleições.
Rogerio José Brandão

Susana González disse...

Suerte!! Que se la mejor elección para todos.
Susana González (México)

Sydia Maranhão disse...

Gostei muito do seu artigo. Infelizmente é verdadeira a afirmação de que hã muito pouco interesse da população. Será que é por acaso? Temos uma população pouco instruída, um modelo de politico que deixa a desejar e um desinteresse geral. Precisamos mostrar na pratica o que a politica pode transformar a vida do cidadão.
Sydia Maranhão

Jorge Santana disse...

Meu Amigo Girley:
Você é mesmo um excelente comunicador. Tem a medida certa da mensagem
para um grande público. Parabéns! Do conteúdo do seu texto, que alerta
para uma das mais importantes tarefas de um cidadão, senti a falta de
referência ao vazio de propostas realistas dos candidatos, sobretudo
dos que se lançaram aos cargos de Presidente da República e de
Governador do Estado. Depois de tanto tempo gasto com debates pífios,
arengas ridículas, mentiras deslavadas e escrachos vergonhosos, nenhum
deles apresentou sequer um tímido esboço de projeto nacional ou
estadual, conforme o caso. Para onde pretendem induzir a caminhada do
País ou do Estado? Boa parte do desinteresse dos eleitores, da
frustração deles decorre do fato de estarem sem um referencial, um
critério finalista, um sentido para o esforço que serão chamados a
fazer. Esse vazio não é fruto de desinteligência. É resultado de
proposital má fé. Pena que você, meu Amigo, não tenha dado um grito
contra a perpetuação desse despudor. Ainda é tempo.
Abraço
Jorge Santana

Girley Brazileiro disse...

Meu caro amigo Jorge Santana,
Começo agradecendo seu elogio inicial. Vindo de você - que é um grande escriba - ganha maior realce. Não mereço tanto.
Quanto a sua observação a respeito da falta de propostas realistas dos candidatos, devo dizer que concordo com veemência. Falta mesmo e é lamentável. O que seria salutar e esperado deu lugar a um debate escrachado e sem futuro. Típicos fuxicos de comadres, no meu humilde ver. Ocorre, porém que, nesse artigo que publiquei, foquei no desinteresse dos eleitores, que hoje já não esperam as propostas desejadas, por nós que somos esclarecidos politicamente (somos mesmo?), mas, sim, sinais de erradicação da corrupção e das roubalheiras que caracterizam o momento histórico desses governantes e legisladores de plantão. O povo, principalmente os jovens, perderam as esperanças. Precisamos recuperar o entusiasmo pela causa nacional! Sobretudo nas camadas jovens. Votar com conscientemente por ser um bom caminho. Caso contrário, o que será do futuro deste país?

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