domingo, 31 de agosto de 2014

Dilema Eleitoral

A morte de Eduardo Campos em 13 de agosto passado provocou, indiscutivelmente, um verdadeiro tsunami na corrida eleitoral em curso, tanto o âmbito nacional, quanto em Pernambuco. Se antes do episódio havia, no plano nacional, um candidato ainda pouco conhecido, aquela morte brutal e inesperada o projetou e resultou numa extraordinária reviravolta nas intenções de voto dos eleitores. Sua candidata à vice – Marina Silva – teve seu nome confirmado como substituta na cabeça da chapa e adicionou ao seu já conhecido patrimônio eleitoral um percentual de inestimável significado. A dúvida que se tem, hoje, nos meios políticos é saber quem ajudou mais a quem. Se Marina antes era tida como uma alavancadora  da candidatura de Eduardo, agora já se diz que este, pós-morte, é quem está alavancando Marina. Coisas da política. Mas, também, é preciso não esquecer que tem muita coisa da cultura brasileira. Refiro-me à comoção nacional que se instalou após a morte do candidato. A emoção que tomou conta da Nação, o show da mídia cobrindo detalhadamente cada momento daquele episódio, desde a queda da aeronave até o sepultamento apoteótico  de Campos, o aproveitamento eleitoreiro desse show midiático, tudo quanto vimos na primeira hora do guia na TV – manifestações emotivas de aliados e opositores – e, por fim, o que estamos vendo a cada dia formou o caldo que transformou as intenções de voto num panorama completamente diferente do que se dispunha antes. E isto se reproduz de forma concreta no cenário eleitoral local, de Pernambuco, onde o desconhecido candidato do finado Eduardo Campos, tomou fôlego e subiu nas pesquisas ultimamente realizadas, ameaçando o candidato oposicionista Armando Monteiro.
O mais lamentável de tudo isso é perceber que o tom das campanhas, os pálidos discursos que estamos assistindo – é uma safra pobre de oradores – em nível nacional, as entrevistas e debate já levados ao ar e as “intenções” verbalizadas pelos candidatos refletem tão somente a eterna luta pelo poder. É o velho e batido jogo do poder pelo poder. Os verdadeiros interesses do país e do seu povo não passam de detalhes marginais. A candidata Dilma e sua turma lutando com unhas e dentes para não perder a posição na qual estão instalados por doze anos, o Aécio brigando pela recuperação do poder do seu partido, batendo forte no PT, e essa terceira via liderada por Marina Silva (PSB/Rede) tentando convencer de que vai governar a base de um novo modelo de gestão, embora usando dos mesmos velhos meios de abordagem. Essa mistureba de interesses dá contas de que o Brasil tem pela frente uma das eleições mais disputas, ao mesmo tempo em que pobre de ideias e ideais convincentes.
Acho de incrível desinibição ver D. Dilma, em campanha, afirmar que estamos bem de vida, que nunca se viveu tão folgadamente como agora, enquanto os organismos oficiais divulgam dados assustadores a respeito do desandar da economia. As manchetes dos jornais deste fim de semana foram claras em afirmar a recessão técnica instalada com o crescimento negativo por dois trimestres consecutivos. O PIBinho do ano promete ser ainda menor. É um desespero. A seca, a Copa do Mundo e a crise internacional estão sendo responsabilizadas pela recessão. Desculpa esfarrapada, para livrar a cara de quem comanda a política econômica. A inflação é uma realidade e sentida no dia-a-dia, sobretudo quando se fecha a conta no supermercado. A indústria nacional continua em queda e não se sabe o que virá no futuro. Mesmo o agronegócio que vinha dando fôlego à economia registrou um ínfimo crescimento, no ultimo trimestre observado. Mais irritante ainda é ver a candidata “presidenta” fazer propaganda das obras que foram construídas Brasil afora, no seu Governo, entre as quais a Ferrovia Transnordestina incompleta e se arrastando por uma década ou as obras da transposição do São Francisco, cuja finalização só Deus sabe quando vai ocorrer.
Esta semana transitei pela BR-101, entre Recife e Maceió, ocasião em que pude constatar a maneira como se arrasta a duplicação dessa importante via, no lado alagoano. Falta muito ainda para ver essa obra concluída. Mas, ver isso não foi nada. Curioso, mesmo, foi notar a força dos candidatos ao Senado e Governo no vizinho estado: Fernando Collor de Mello, para Senador, e Renan Filho, para Governador.  Fiquei surpreso, não posso negar. Vão levar brincando. Dos mais simples casebres em beira de estrada os pontos comerciais de porte exibem galhardamente imagens dos dois. Acho que em Alagoas, além da crise social – a insegurança é gritante – e a econômica que atinge o estado falta, também, novas lideranças.
Quanta falta faz um bom e competente líder para comandar uma Nação ou um Estado.

5 comentários:

Cristina Henriques disse...

Bom dia,Girley.Setembro chegou e espero que os ventos soprem essa dor de aus~encia de opções.Rezemos e imploremos a Providência Divina para nosso futuro.Vou de Marina mais pelo Beto Albuquerque,pelo conjunto da obra.Se a gente emplacar Joaquim Barbosa ministro da justiça,já melhora.DEUS é PAI!

Adierson Baiano disse...

Girley,
Você também cometeu o erro de ir a Maceió por Palmares e Xexeu?? Não existe mais BR-101 por lá e sim uma estrada vicinal por dentro de um canavial. Duplicação? Que duplicação cara pálida??? Ali só deve ter aldeias indígenas!!!!*:D sorrisão
Mais, excelente artigo o seu mas tá na hora de MARINAR nacionalmente e de PAULAR localmente, amigo!!!! Dilma nunca mais!!!! Chega de PT. Quanto às dúvidas com Marina, melhor do que com as certezas de tucanismo muralista!!!!
Abraços Baianos,
Adierson

Nelly de Carvalho disse...

Uma análise muito lúcida da política atual, sobretudo de Alagoas, que é o estado menos conscientizado do Brasil. Ainda bem que D. Pedro I , com seu decreto , nos livrou dele.
Da amiga
Nelly

ina melo disse...

Boa tarde amigo Girley, mais uma excelentes análise do quadro político brasileiro. Mas me pergunto: e os eleitores de Aécio deixaram de acreditar nele e passaram para Marina? Você acha quem quem tem ideologia muda assim da água pro vinho? Outra coisa que me preocupa. Como ela vai governar com o NOVO se o Congresso será o mesmo de sempre. E as alianças espúrias que terão que ser feitas? Amigo, acho que o "tiro vai sair pela culatra", como dizia a sabedoria da minha mãe! Um boa semana

Unknown disse...

boa tarde amigo Girley, a grande verdade é que o povo brasileiro foi pego pelo sentimento, e agora não tem mais jeito; 99% desta mudança radical se deve também a imprensa brasileira.
agora é torce que dê tudo certo; a nossa presidenta Dilma deve está muito maluca , estou procurando estagio e emprego a 4 meses na indústria e só levo porta na cara, não sei que vida folgada é essa que tanto fala ........!
só nos resta orar por essa nação e continuar perseverando que haverá BOM FUTURO.
boa tarde.

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