Crescem, cada vez mais, as necessidades de encontrar em
Pernambuco fornecedores e prestadores de serviços de manutenção industrial
qualificados para atender as demandas dos projetos estruturadores que se
implantam no estado, principalmente no Complexo Industrial Portuário de Suape.
Primeiro foi o Estaleiro Atlântico Sul, em seguida empresas ligadas a produção
de equipamentos para geração de energia eólica e mais recentemente a Refinaria
Abreu e Lima, da Petrobrás. Logo mais vem a Fiat e os caminhões chineses.
Não tem sido fácil para essas empresas tocar seus projetos
sem contar com pessoal especializado e empresas fornecedoras a altura das
exigências especificas. Lembro que o Estaleiro, nos primeiros anos, empreendeu
um imenso programa de preparação de mão de obra que atendeu de modo precário e,
na prática, gerou muitas dificuldades. Teve que importar pessoal com mais
experiência noutras praças e, inclusive, no exterior.
Descobri, no entanto, ao participar do lançamento
do Programa de Desenvolvimento de Fornecedores, terça-feira (05/06) passada, no
Rio de Janeiro, que não se trata de um “privilégio” de
Pernambuco. Nos outros estados e, principalmente, no estado do Rio, onde a
indústria de petróleo e gás e da construção naval se concentra e
tradicionalmente se desenrola, as necessidades são idênticas e a conversa é a
mesma. Nesse encontro, realizado na sede da FIRJAN – Federação das Indústrias
do Estado do Rio de Janeiro e promoção da ONIP – Organização Nacional da
Indústria de Petróleo ficou clara a falta de competitividade da indústria
supostamente fornecedora e de suporte, para que o Programa de Modernização e
Expansão da Frota da Transpetro - PROMEF decole de fato. O João Candido e o
Celso Furtado saíram dos estaleiros debaixo de muitas dificuldades...
A idéia da ONIP reflete as preocupações e percalços que vimos
com os atrasos nas entregas no Rio de Janeiro e em Suape, muito embora que, a
propósito, dá um choque despertador nas empresas nacionais, alertando-as para o
novo momento que se experimenta no Brasil. Conforme escutei no encontro, lá no
Rio, o referido programa focará no aumento de conteúdo local em bases
competitivas e visa propor projetos para desenvolver no país itens que são
majoritariamente importados. “Queremos projetos concretos para solucionar os
gargalos de fornecimento, o incremento de conteúdo local e a intensificação de
captura de valor ao país”, afirmou o superintendente da ONIP, Luis Mendonça, frisando
que haverá recursos da ordem de US$ 270 bilhões para investimentos no setor de
óleo e gás, até 2015, sendo US$ 72 bilhões na área do Pré-Sal. Além disso, a
demanda de bens e serviços offshore
girará em torno de US$ 400 bilhões até 2020. Vamos e venhamos, é muita grana.
Tomara que seja aplicada com segurança e honestidade. Não preciso dizer que a
festa do lançamento deste Programa teve um clima bem carioca. Poucos foram
aqueles que lembraram o fato de que em Pernambuco se implanta uma indústria
naval calcada basicamente nas demandas da Transpetro, além de uma refinaria de
petróleo, já tida como a mais moderna, tecnologicamente falando, do país. Os
cariocas estão preocupados em resolver suas dificuldades e os pernambucanos,
estarão?
E pensar que não fosse a infeliz idéia de desmontar a
indústria naval brasileira, há vinte anos, tudo isso poderia não estar
acontecendo, apesar das crises econômicas que atravessamos. Imagine que nos
anos 80 o Brasil era uma dos cinco maiores construtores de navios do mundo.
Indústria desmontada, fornecedores idem, recursos humanos correndo a procura de
novas habilidades e novos mercados de trabalho e fim. Para completar, a falta
de apoio ao desenvolvimento tecnológico e à inovação, de um modo geral, que
grassou neste país, coloca a atual indústria nacional num patamar de
inferioridade e sem qualquer condição de concorrer no próprio mercado
doméstico.
Acordem fornecedores nacionais, o trem está passando!
NOTA: A Foto do João Candido (EAS/Suape) foi obtida nop Google Imagens
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3 comentários:
Parabéns, Girley, pelo seu excelente artigo "Fornecedores, o trem está passando" que além de muito didático,expõe com clareza a necesidadwe de maior atenção para os problemas apontados por você por parte dos empresários do setor e especialmente as lideranças políticas com eles envolvidas; Como modesto economista que sou só tenho que aplaudi-lo e motivar-me com sua preocupação diante dos problemas econômico-sociais do nosso, mas que não se enxerga, Brasil.
Um forte abraço - Francisco de Assis
Girley, Parabéns pela matéria, conveniente e atual, o tema passa pelo comprometimento também dos Construtores e Empreendores da Indústrias de Base no fomento a formação, a exemplo do EAS que teve a iniciativa em PE, mesmo com as difilculdades de produtividade e retrabalhos face a falta de matutirade neste segmento. As obras de Construção são temporárias, mesmo as de longo prazo como Rnest, mas a Manutenção realmente da Instalação não, as quais possuem naturezas distintas e focos específicos, hoje vejo o PROMINP atuar muito MO de Projeto e Nível Superior/Médio, mas precisamos muito mais no chão de obra de profissionais executores. Conheci uma grande Empresa de Engenharia do Rio de Janeiro(Chemtech) cujo Diretor me disse que buscam alunos do último período de Engenharia no NE(PB,PE, CE, BA) contratam, os coloca em Apartamentos pagos no Rio, com passagem pra casa a cada 2/3 meses, os quais em conjunto com Seniors se tornam os profissionais do amanhã, tivemos um vácuo no mercado de Engenharia, logo precisamos de muita criatividade para vencer as lacunas de mão-de-obra do passado não investido que emperra nosso crescimento. Vejam o exemplo da BA que descobriu Petróleo em 53, construiu sua Refinaria em 66/67, construiu sem Polo Petroquimico na década de 70, continuou com Obras de Ampliação e Manutenção entre 80-90, hoje vive uma estagnação/declíneo por falta de visão estratégica. Os Investimentos devem ser hoje olhando o amanhã, pois a onda passa.
Sds, Restony de Alencar
CARO GIRLEY
COMO FOMOS DA SUDENE SABEMOS QUE NOSSO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL A CUSTA DE NOSSOS EMPRESARIOS TUPINIQUINS SERÁ SEMPRE MUITO DIFICIL. NÃO PODEMOS DE UMA HORA PARA OUTRA SUPRIR UMA CADEIA NESSE RAMO COMPLEXO DA INDUSTRIA NAVAL.
O QUE TEMOS É O SUL MARAVILHA ESTÁ LIMITADO A CRESCER POIS NÃO TEM ÁREA FISICA, E NÓS SO PODEMOS AVANÇAR VIA IMPORTAÇÃO PARA A NOSSSA SUPLLY CHAIN QUE DEVERIA SER XUPLAI XAIN BEM MAIS FÁCIL DE ENTENDER.
A equação é muito complexa pra resolver. mas aos pucos vamos aprendendo a fazer navios os primeiro vão se afundar - se ( quer dizer vai afundar por si proprio ) dai em diante agente acerta. FORNECER PARA A EMPRESA QUE ROUBA O PVO BRASILEIRO QUALQUR PREJUIZO É LUCRO PARA ELES . O PRESIDENTE DA PETROBRAS DEVERIA SER FERNANDINHO BEIRA SEA.
Meu abraço me convide para um RAPPI RORR. MAS EU PAGO A MINHA PARTE.
SEU AMIGO RUBRO NEGRO DO SPORT QUE MUITO LHE ADMIRA.
ADILSON
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