Nesta semana, tive dificuldades de eleger um tema para meu “bate-papo” semanal, embora que, diante de pauta significativa. Ficou difícil fazer uma escolha.
Por fim, não tive saída, a não ser voltar, mais ou menos, à questão da semana passada, na medida em que os sinais emitidos pelos poderes públicos e os fatores exógenos confirmaram minhas preocupações.
O Brasil vai precisar de enérgicas medidas de políticas fiscais e monetárias para se safar dessa recidiva da crise de 2008. Os analistas brasileiros e estrangeiros dão seus recados de modo claro e garanten ser inexorável. Os daqui garantem que o país está sem as mesmas condições de três anos atrás e os lá de fora dão como certo uma profunda e inevitável recessão na Europa e garantem que nos Estados Unidos terão, facilmente, um retorno ao passado (falo de 2008). Isto é muito ruim para o mundo inteiro.
A Europa vai sofrer sérios percalços, tendo em vista as naturais dificuldades econômicas dos seus estados membros, sobretudo daqueles da Zona do Euro, da queda da produção industrial e da desaceleração do seu mercado interno. O desemprego já assume proporções alarmantes, na Espanha, em Portugal, na Grécia e agora, inclusive, na França, com manifestações e protestos a toda instante. No caso dos Estados Unidos a coisa não se apresenta, ainda, tão grave, mas será inevitável. O Governo Obama está em meio ao desafio de segurar a barra, sem muito espaço de manobra. A taxa de juros está tendendo a zero sem, contudo, oferecer os resultados esperados e os gastos públicos – como no Brasil – vem a ser um calcanhar de Aquiles. E, o pior, uma eleição pela frente, na qual ele pretende se reeleger. Com este elemento adicional, a situação por lá tem forte conteúdo político.
Os emergentes – China, Brasil, Rússia, Índia e México – não estarão imunes à situação internacional. A China, inclusive, que vem ao longo dos últimos anos disparada, na corrida do crescimento econômico, média de 10%, pode, sim, sofrer algumas surpresas. Analistas de jornais norte-americanos fizeram, estes últimos dias, uma previsão de que a taxa do gigante oriental pode cair, até, pela metade. Acho meio difícil... Isto será um choque para eles, salvo se programarem medidas que possam aumentar o consumo interno, que tem, aliás, uma imensa margem de manobra. E a explicação passa, é claro, pelo fato de que Estados Unidos e Europa são os maiores clientes dos chineses. Em recessão vão reduzir consideravelmente as compras chinesas. Mas, não podemos esquecer que no regime político chinês cabe toda sorte de solução. De repente...
No Brasil, onde o regime político é outro – graças a Deus – a coisa pode ser enfrentada com mais dificuldades. Uma saída pode ser a retomada da estratégia de ampliação do consumo interno que pode proporcionar algum resultado. Nada como no caso chinês, mas, ainda, com algum bom espaço, muito embora a altíssima taxa de juros praticada. A maior do mundo. Por outro lado e outra vez, a redução severa dos gastos públicos, tantas vezes apontada como remédio, poderá também ajudar. E, por fim, olho aberto no cambio. Ainda dependemos muito de compras no exterior. São inúmeros os itens que precisamos comprar lá fora, para atender simples demandas da população, como por exemplo, o pão. Isto, pão feito com trigo importado. Nesse quadro de Dólar apreciado, como hoje, a inflação pode voltar. É nisso que o dragão está atento e que foi meu tema da semana passada.
Ah! É verdade que, no sentido contrário, poderemos lucrar com as vendas das nossas commodities para o exterior. Mas, teremos compradores num mundo em crise? Será que os chineses vão precisar do nosso minério de ferro nas mesmas quantidades de hoje? E a soja? E o suco de laranja? A carne e tantos outros itens? Dolorosas interrogações.
NOTA: Foto e ilustração obtidas no Google Imagens
3 comentários:
Estimado Girley, acato suas preocupações, mas prefiro ir no caminho apontado pelos articulistas do Boletim Eletrônico da Carta Maior, que fala sobre as medidas tomadas pelo Goveno Brasileiro p/ o enfrentamentamento da crise.
Não é à toa que Lula é tão querido e popular, junto á classe trabalhadora do ocidente, isto é, da Zona do Euro, como na Alemanha.
Teresa Braga
Caro Girley:
Concordo com você, sem tirar nem por. O governo tenta "fumaçar" com garantias, Copa e Olimpíada, mas com um gasto governamental do tamanho do nosso e sem nenhuma chance de diminuir, tá difícil. Que tal reduzirmos os ministérios pela metade, será que Lula deixaria?
Professor,
Voltando um pouco no tempo para o início da crise financeira de 2008, apesar de ter afetado alguns setores aqui no Brasil, o nosso consumo interno segurou nossas contas e não fomos afetados na proporção dos EUA ou de parte dos países europeus, além de que a taxa de juros era tão elevada quanto a de hoje... agora o que preocupa são nossas exportações como o Sr. citou, mas gosto de pensar em soluções e então me vi perguntando se a China não vai mudar de foco e alterar os destinos de suas exportações, por exemplo, dos EUA para os emergentes, além de ser um dos maiores mercados consumidores do mundo... há evidências de certa forma, nas estratégias chinesas, pois só uma montadora chinesa abriu 50 lojas aqui no Brasil recentemente e num só dia, fora os altíssimos investimentos em marketing, que passou de R$ 300 milhões... temos que nos preparar e proteger nossas indústrias e os empregos gerados aqui dentro do país... quanto à máquina pública, mas uma vez quero registrar minha indignação em saber que apesar de imensa, é tão ineficiente e que rouba nosso suado dinheirinho de investimentos essenciais ao país como educação (vide os últimos resultados das Sondagens Industriais trimestrais aqui em PE e BR) apontando como um dos piores problemas para o setor a falta de mão de obra qualificada. E a lei da ficha limpa não saiu, tudo acabou em pizza mais uma vez, é muita cara de pau visto que trata-se de um projeto de cunho popular. E nada das reformas necessárias ao país saírem... quero ver até quando aguentaremos???
Grande abraço,
Danyelle Monteiro
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