domingo, 30 de maio de 2010

Praga: Coração da Europa

Ainda bem que conheci Roma, Paris, Madrid, Munique, entre outras cidades similares da Europa, antes de ver Praga. Seria difícil apreciar sem comparar com a capital Tcheca, onde estive pela primeira vez, há três semanas. É páreo duro para qualquer uma dessas outras. Certamente que seria um exagero da minha parte dizer que é a mais bela, mas, uma coisa certa é afirmar que é impossível não se deixar envolver e se encantar por um cenário que reúne, de uma só vez e de forma concentrada, templos monumentais, castelos, palácios, muralhas e pontes da época dos romanos, museus, beleza natural nos parques e jardins etc., tudo devidamente preservado e a espera do visitante. Completando o clima de beleza há música erudita, como fundo musical, nos quatro cantos da cidade, executadas por anônimos com instrumentos de corda e, principalmente, o címbalo (espécie de marimba, mania nacional) dando a sensação de se viver uma superprodução de Hollywood. Praga é paixão a primeira vista. O bom de tudo é que as coisas estão de tal modo arrumadas e na medida certa, a espera do visitante, ao contrário do modo desordenado que se vê, por exemplo, na Paris deste inicio de século 21, em meu ver uma cidade poluída e difícil de agradar de cara. Bom, conheci Paris na remota década de 70. Era outra coisa...
A cidade de Praga é, segunda nossa personal tour-guide (Anna, da Let’s go Praga), a maior área de patrimônio histórico da humanidade, que se conhece, conforme a UNESCO. São 800 ha. Pense nisto. É, portanto, um mergulho na história.
Banhada pelo rio Vltava (conhecido também por Moldau, em alemão) a cidade oferece um cenário romântico de barcos indo, barcos voltando, em passeios locais ou em cruzeiros mais longos, repletos de turistas ávidos por explorar paisagens urbanas ou luxuriantes das florestas espalhadas pelo país. Fizemos (viajei com minha esposa e outro casal amigo) um passeio nas redondezas da cidade, passando por baixo de varias das 13 pontes existentes e desfrutamos de panoramas indescritíveis e impossível de comentar a miúdo, no pouco espaço do Blog.
Quando falo em mergulho na história, lembro que o aparecimento da Nação Tcheca data do Século 9 e o que mais vimos foi monumentos datando dos séculos 10 a 14, conforme as descrições feitas pela nossa guia. Destaque também para a história recente: domínio do Império Austro-Hungaro, a união com os eslovacos formando a Tchecoslováquia, numa forma de fortalecimento político, a invasão dos soviéticos depois da 2ª. Guerra Mundial, em 1968, com o episódio mais conhecido por a Primavera de Praga e a recuperação da autonomia política com revolução pacifica de 1989, lembrada como a Revolução de Veludo. Fortalecidos e vivendo novos tempos políticos os Tchecos e Eslovacos se separaram a partir de 1º. de janeiro de 1993, formando dois países independentes: as republicas Tcheca e Eslováquia. Desde de 2004 a Tcheca faz parte da União Européia, embora não esteja ainda na chamada Zona do Euro. A moeda corrente é a Coroa Tcheca, mas o Euro é bem aceito nos hotéis, restaurantes, lojas e similares.
Praga tem uma característica sensacional: o visitante pode e deve percorrer a pé a área histórica, que na verdade é a área de interesse turístico. Nós fizemos em dois dias e foi sensacional. As atrações estão todas num só lugar. Haja informações no miolo central da cidade, dividida por setores: Nové Mësto (Cidade Nova), Staré Mësto (Cidade Velha), Malá Stran (Cidade Pequena ou Lugar Pequeno) e Hradcany (local mais alto da cidade, uma colina dominada pelo belíssimo castelo de Praga). Essas áreas eram, na antiguidade, separadas por grandes muralhas, guarnecidas de portas gigantescas. Muita coisa preservada até hoje. Conta-se que Hitler poupou a cidade dos bombardeios porque queria transformá-la num importante centro cultural e político no seu sonhado reino e estrategicamente localizado no coração da Europa. Daí a preservação dos monumentos. Os destaques são: a Praça de São Wenceslau, a Ponte Carlos IV (Vide foto a seguir), o Castelo de Praga, a Catedral de São Vito e o bairro judeu, com as sinagogas mais antigas da Europa. Se o patrimônio histórico chama a atenção do visitante comum, outras coisas chamaram minha atenção particular: a grande quantidade de salas de música oferecendo concertos sistemáticos e diariamente. Perguntei à Anna, nossa guia, se era comum ou se tratava da temporada de Primavera. Ela me respondeu que era muito comum. “Aqui temos concertos diariamente e em muitas salas, pela cidade inteira”. De fato, perdi a conta de panfletos e cartazes de propaganda. (Vide foto abaixo) Tive a maior inveja daquela gente privilegiada. Outra coisa incrível que descobri foi saber que mais de 60% dos tchecos são ateus! É percentual muito alto. Apenas 27% são católicos, certamente os mais velhos, embora o país seja tradicionalmente católico. É a terra do Menino Jesus de Praga, que fomos pedir a benção. A explicação é dada pela repressão soviética, durante mais de 30 anos. O regime comunista levou ao fechamento de igrejas, transformaram-as em hotéis, hospitais, galerias de arte e salas de concertos. Os mais jovens não estão nem aí para Deus! Ainda hoje, muito depois do regime comunista, são fortes os traços culturais deixados pelos russos: comidas, artesanatos, comportamento do cidadão de meia idade são bem flagrantes. Já falei demais e só pude dizer pouco. Para terminar vou rogar uma praga ao leitor ou leitora: Tomara que você vá parar em Praga!
NOTA: Fotos do Blogueiro

11 comentários:

Don Streete (Jamaica) disse...

Great my friend. Hope you had fun. I go to South Africa on the 7th of June myself
Don Streete (Jamaica)
Sent via BlackBerry.Don

Jane Ayre, Poeta pintora de 7 disse...

,Que maravilha belo casal, estiveram em Praga -maio início de primavera e menor frio, aliado a natural alegria dos cidadinos. Você não cita, mas, existe uma certa semelhança entre Recife e esta cidade tão antiga no que se refere aos rios e pontes, assim como vocações artistícas do povo, da cidade vida cultural, com as devidas proporções, é claro. América do Sul... Europa... tempo de existência e colonização. Ladjane Conolly

José Artur Paes disse...

Meu caríssimo,
Estivemos na PARIS DO LESTE (maio/2007) e, na volta, encantado, consegui um DVD do programa SBT REALIDADE sobre a República Tcheca. Foram dois programas dedicados ao paraízo europeu. Lendo o seu Blog me senti na Ponte Carlos IV - construida na época das carruagens, com Célia cutucando os pés da estátua de São João Nepomuceno para voltar muitas vezes por lá.
Vamos marcar um chopinho e vou preparar uma cópia do DVD - sob autorização do Jornal do Commercio / Roseane.
Aguardo seu telefonema / e-mail... Abraço forte...
José Artur Paes

fernando da costa carvalho disse...

De:Fernando da Costa Carvalho
Caríssimo amigo,

Felicito o casal pela feliz iniciativa em SEMPRE viajar por este Mundo afora.È realmente maravilhoso poder contemplar principalmente Paises onde nas suas cidades,sejam elas grandes e/ou pequenas,encontramos determinados pontos e passagens que marcam e se firmam em nossa memória, permanentemente. Não tive a oportunidade em ainda conhecer o Leste Europeu. Agora com sua maravilhosa narração esta vontade se torna a partir deste momento mais avivada. A descrição de Praga, com suas antigas Pontes e Monumentos, me fascinaram sobremodo. Adoro viajar....Para mim um dos maiores e melhores prazeres, que a VIDA tem a nos oferecer. Como dizia o grande Victor Hugo " A vida é uma viagem, o pensamento é o itinerário"

Jorge Morandi (Tucuman-Argentina) disse...

Caro Girley:
Como ya es costumbre cada vez que ingreso a tu blog, quedo maravillado con las crónicas de viaje, esta vez con la visita a Praga. Admiro tu sensibilidad para captar aquellas impresiones que nos emocionan y nos transportan a los lugares que visitas. ¡Parabens!.
Aprovecho la oportunidad para comunicarte que esta mañana(31.05.10) falleció Rubén Juárez , considerado el mejor bandoneonista de la Argentina después de Aníbal Troilo. Yo tuve la oportunidad de verlo “en vivo” varias veces, una de ellas en tu compañía y la de tu familia, en el querido y acogedor “Café Homero”, en el barrio de Palermo Viejo, en Buenos Aires. Recuerdo que esa oportunidad tuviste un diálogo muy curioso con él, que aunque no lo recuerdo exactamente, me quedó en la memoria como una anécdota cómica y simpática.
Afectuosamente
Jorge Morandi

EDUARDO MOTA disse...

ESTOU COM INVEJA DE VOCES, MAS UM DIA ESTAREI EM PRAGA, REALMENTE PELAS POUCAS FOTOS PUBLICADAS, DÁ PARA SE TER UMA IDEIA DA BELEZA DOS PRÉDIOS E MONUMENTOS.
ABRAÇOS
EDUARDO MOTA

Unknown disse...

Caro amigo

Estou com inveja...(risos) porque esse é meu maior desejo, conhecer os países da ex cortina de ferro em especial PRAGA.Mas não estar longe,ainda mas agora com sua descrição maravilhosa.
Abraço
Inêz

Rinalva Silveira disse...

Girley:

Nossa, gostei muito das fotos do casal em Praga!
Minha amiga Sônia e você estão ótimos.
Dê um beijo nela por mim.

Rinalva Silveira

Socorro Kelly disse...

Caro amigo , estive em Praga há poucos anos e.... encantei-me ! Fui também a Estocolmo , Hungria e Eslováquia. Amei ! Obrigada e grande abraço....ou....como dizem nossoa queridos portugueses, grandes beijinhos. Não são uma gracinha, nossos patricios ?
Socorro Kelly

Maria Regina Pinto Ferreira disse...

Girley e Sônia: adorei as fotos, também jogo a praga de novas fotos, praga com novas viagens maravilhosas pelo mundo lindo de Deus. Bjos, Regina Pinto Ferreira.
Maria Regina Pinto Ferreira

Geraldo Casado disse...

Meu caro Girley,
Concordo com seus comentarios sobre Praga. Estive por lá na época do comunismo. É realmente uma cidade
encantadora. Lembro-me de uma noite no Naslavysky Pavillion, um restaurante dentro de um bosque (algo parecido com o horto de 2 irmãos) onde cheguei pra jantar, (por indicação do hotel), mas havia uma comemoração do partido e tivemos que esperar um bom tempo. Minha mulher já queria desistir, quando finalmente
nos deixaram entrar. Comemos muito bem. E lá, pela primera vez,um garçon fez referencias não muito elogiaveis ao regime e ao partido. Não sei se me testava. E eu, macaco velho, ouví e calei. Depois no hotel algumas camareiras fizeram crítica ao
regime. Para mim, aquilo era " the beggining of the end " Que
chegou anos depois. Este pequeno comentário não tira a beleza de Praga. Alguem falou que parece Recife. E lembra. Outro detalhe interessante: o Cemiterio judeu. Aquelas covas cobertas de pedra. Finalmente, Praga é cidade para se voltar. Um abraço e sempre o apreço da velha amizade.
Geraldo Casado

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