Destaco, para inicio de conversa, minha visita ao Mercado de San Telmo, na parte histórica da cidade. É muito interessante ver a gente comum escolhendo e pesando carnes e pescados, frutas, verduras e legumes conhecidos ou outros desconhecidas pelas nossas bandas. O que é isto? Como se chama e como se come? Que gosto tem? Que fruto é este? É doce ou azedo? São perguntas que provocam uma conversa maior e, desse modo, fico sabendo mais dessa gente que sempre admiro. Não demora muita e eclode um papo, de modo geral com queixas sobre as crises, o governo e a carestia. É engraçado, porque os temas mudam apenas de endereço. Não raro surgem os que manifestam admiração ao Brasil. Penso que, às vezes, por amabilidade e outras por real convicção. “A Argentina será mais bem sucedida na hora que se dedicar à produção agropecuária e deixar o setor industrial a cargo do Brasil”, ouvi de um deles. Na opinião desse argentino, a indústria local está quebrada e não se deu conta. Não sei não... Acho que seja um exagero. De todo modo, vou acompanhar e conferir.
Mas, sensacional mesmo, no Mercado de San Telmo, foi visitar a área de antiguidades. Fui atraído, por exemplo, por um serviço para servir caviar. Coisa relativamente nova mas, interessante. Não me lembro de haver visto algum antes. Como caviar com torradas, como entorno de algum petisco ou prato. Em conchas e colheradas nunca provei. Tenho prá mim que deve ser meio enjoado. Coisa para nórdicos europeus ou russos. De origem alemã, o tal serviço estava exposto à venda. Não indaguei o preço, mas fotografei para publicar neste blog. Vide foto a seguir. A profusão de antiguidades e velharias, também, é de encher os olhos para quem gosta e cata essas coisas, como é o meu caso. Valeu a visita àquele Mercado.
Atualmente, Andy Warhol, o excêntrico Mr. America, tem seus trabalhos expostos atraindo uma multidão. Filas constantes e muito “trânsito” nas galerias. Como não faz muito meu gênero minha passagem, nessa sessão, foi mais rápida. Ao contrário disto, me detive muito mais nas galerias do acervo da Casa. Parei e contemplei os quadros de Frida Kalo e seu Diego Rivera, dos brasileiros de Di Cavalcanti, Portinari, Cícero Dias e contemplei devagar a tela Abaporu, da brasileira Tarsila

Mas, nessa do meu carpe diem (aproveitar o momento) porteño, algo me chamou a atenção: o culto ao tango. É impressionante como o argentino preserva e difunde seu tradicional ritmo, com amor e paixão, eu diria. É quase uma “religião”. Velhos e jovens se entregam a essa paixão, resultando em exibições em plena rua ou parque, atraindo multidões no entorno. Dançado, cantado ou executado ao som de um bandoneón, haja tango por todos os lados. Não deixe de ver o filminho que fiz, no final da postagem! Conversando com um jovem argentino (meu sobrinho de coração) soube que o jovem que sabe “bailar el tango” faz o maior sucesso e, inclusive, facilita suas conquistas amorosas. Por isso, não são raros os salões e casas noturnas dedicadas ao ritmo e freqüentadas por jovens. Achei o máximo, esse envolvimento das novas gerações, porque é a melhor forma de preservar a cultura. Tem escolas de tango espalhadas pela cidade inteira. Aí, meu lamento: onde encontrar uma escola de frevo no Recife? Lembro, apenas, de uma rara na Avenida Norte e, que tenho prá mim, vive aos “trancos e barrancos” e sem adeptos. Pobre da nossa cultura.
NOTA: Foto e video do Blogueiro