quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Aquarela (diversificada) do Brasil

Percorrendo o Brasil, em diferentes direções, é possível observar coisas interessantíssimas. Tive boas experiências nas três primeiras semanas deste mês de agosto, quando andei para cima e para baixo, ora trabalhando, ora passeando. Este nosso Continente é uma coisa fabulosa, face sua diversidade sócio-cultural, natural e econômica. Tem rico, tem pobre, cultos, incultos, intelectuais, caipiras, brejeiros, metidos-a-besta e, por aí vai. Na prática, são muitos Brasis...
Na primeira semana, fui a Manaus, na segunda a São Paulo e na terceira, por fim, ao Rio de Janeiro. Não fosse o fato de que, nas três localidades, fala-se o mesmo idioma e a moeda corrente é o Real, a sensação que sinto é a de haver estado em três paises distintos. A paisagem, a gente, os costumes, o trato ao visitante, a dinâmica das ruas, a comida, o sotaque, entre outros aspectos, dão toques próprios a cada localidade.
Em Manaus, senti-me num clima com fortes tons asiáticos. Aquele movimento de barcos, rio acima, rio abaixo, o clima, o biótipo do amazonense – com olhos amendoados, cabelos estirados e negros, tez pardo-amorenada – a fartura de pescados nas mesas, as ervas e frutas silvestres, os mistérios e lendas. É um negócio do tipo exótico e, ao mesmo tempo, fascinante. Lembra muito pouco do que se vê no Brasil daqui de baixo.
Já em São Paulo, muda tudo. Para começar, não tem praias, nem mesmo as de rios como no Norte, o que, inclusive, determina os modos e o vestuário do povo em geral. Há mais formalidade. Lembra muito os Estados Unidos, misturando com alguma coisa de Europa, e, só depois, nos lembra que ainda é Brasil. Um Brasil pujante e rico. Finalmente, o Rio de Janeiro, que tem uma paisagem toda própria, cheia de praias oceânicas e lugar onde a formalidade passa ao largo. Beleza natural se mistura com a ginga e descontração de um povo cheio de alegria e um jeitinho especial de viver. E tem uma coisa: o Rio só se parece mesmo com o Rio. Pronto. É isto. Pouca roupa, gravatas na gaveta, roupa de banho na fila do banco, todo mundo calçando havaianas. Haja descontração.
Nesses cenários uma coisa me chamou a atenção, enquanto visitante. Não sei se o Caro Leitor ou Leitora já testou: experimente pedir uma sugestão de onde, por exemplo, jantar numa dessas cidades. Cada uma tem seu jeito próprio de orientar, o que revela a maneira de ser ou da competência de receber o forasteiro. Em Manaus, a recepcionista de um hotel quatro estrelas, com olhar inocente, fica cheia de dedos, sem saber o que sugerir. Aparentemente, não sabe de nada. Parece que baixou de repente naquele lugar, louca para perguntar: “Onde estou?, Quem sou eu?, Quem é você?, Que dia é hoje? Que foi que houve?”. Os motoristas de táxi nem sempre sabem direito como chegar onde se pede. Ou seja, um despreparo geral, embora a cidade receba muitos turistas estrangeiros.

Em São Paulo, a coisa é completamente diferente. A recepcionista do hotel abre logo uma pagina na internet, num computador que passa 25 horas ligados, por dia, pergunta rápido se o sujeito quer comer carne, peixe, pastas, crustáceos, aves ou caça exótica. Complementa indagando se o suplicante deseja um restaurante esloveno, sul-vietinamita, bósnio, siberiano, nigeriano, húngaro, irlandês ou outros mais populares como tailandês, tanzaniano ou búlgaro, imprime umas páginas, ajuda na escolha do restaurante, tira um mapa da gaveta, assinala a localização, informa o roteiro, reserva uma mesa, dá uma idéia de preços, sugere o prato e chama um táxi especial para levar o cliente. Tudo em poucos minutos e em ritmo de São Paulo. Bote eficiência nisso tudo. Dá gosto. Aliás, a idéia que a recepcionista transmite a respeito do restaurante e do cardápio, já deixa o cara com água na boca e apetite aguçado. Dá tudo certo, é claro. E, na volta ela pergunta preocupada e docilmente: “Foi bom? E, então, o Senhor gostou?” O então é de praxe! É o cacoete da moda. Em toda oração cabe um então.
E no Rio? Bom, por lá a coisa é um pouco diferente. Eles sabem das coisas. Mas, têm, digamos, um jeito próprio de informar: “você vai aqui pelo calçadão, entra na primeira à esquerda, alcança a N. S. de Copacabana, a esquerda, novamente, dobra a direita, chega à Barata Ribeiro, pega a direita, entra na segunda a esquerda e, na esquina com a Toneleiros, encontra um restaurante muito bom. “Mas, espere um pouco, que tipo de comida eles serve?”. “É uma churrascaria, muito boa, com espeto corrido”. “Mas, meu amigo, eu não quero comer churrasco! Prefiro peixe, uma coisa mais leve...” “Ah, é isto?! Então vá caminhando, por aqui mesmo na Atlântica, duas ou três quadras, e procure um restaurante português que serve bons peixes. Tem um bacalhau excelente! Dá para ir andando”. Você vai, mas de olho bem aberto com os tipos que circulam no calçadão. É uma “fauna” fabulosa. Coloriiiiida... As cores do arco-íres. A comida? Tem gosto de “não volto mais aqui”.
Eu sei, é claro, que tem restaurantes ótimos no Rio! Mas, o visitante precisa ser melhor assisitido. Sobretudo nos bons hoteis, como foi meu caso.
Quanta diversidade, meu Deus!
Nota: charge obtida no Google Imagens

2 comentários:

Mauro Gomes disse...

Quando se olha para a Europa e se observa a grande diversidade de povos e línguas, constatamos que o que acontece no brasil é quase um milagre.

Mauro Gomes

Carlos Antonio disse...

Girley, acostume-se a visitar sites da internet para Restaurante( alias para tudo). Carlos

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