Um amigo e companheiro do Rotary Recife - Casa Amarela, Heitor Bezerra de Brito, foi tomado de assalto, ao sair do seu escritório. Pelas costas o assaltante – um jovem desgrenhado, cabelo oxigenado cor de fogo e de, aparentemente, 20 anos – anunciou a investida com um revólver na cabeça do meu amigo, exigindo carteira, celular, relógio, cordão de ouro e tudo que avistou.
Cara a cara com o assaltante, Heitor administrou o estresse, magistralmente, como aconselhável e começou a atender a ordem.
Ao receber a carteira – entregue cuidadosamente e com gestos estudados e anunciados, como manda o figurino – o marginal deixou cair a arma nos pés de Heitor.
Meu amigo, embora muito estressado, teve a feliz idéia de chutar para bem longe aquele revólver ameaçador, ao mesmo tempo em que se atracou com o ladrão e gritou por ajuda.
Bandido dominado e arma recolhida, Heitor mandou a secretária chamar a polícia.
Mas, como só acontece, a polícia demorou muito a chegar e Heitor, inchado de raiva e impaciente, resolveu pregar uma peça no assaltante.
Contra a vontade dos que lhe rodeavam pediu uma corda e preparou o assaltante para ser enforcado, ali mesmo, diante da multidão que os cercava e numa árvore frondosa ao lado do prédio. Que idéia mais medieval... enforcar, exige certa cerimônia e é coisa que ocorre lentamente. Não é vaput-vuput como um linchamento, por exemplo.
Nessas horas chega gente de todos os lados. Pense no estardalhaço. Uns diziam que não fizesse aquilo, que ele poderia se dar mal. Outros, concordando com a idéia, gritavam como torcida em campo futebol: “enfoooorca, enfoooorca ...”. Foi o maior auê da paróquia.
O enforcável, nem precisa dizer, se borrava todo, distribuindo seu mau cheiro fecal, na cena teatral dirigida por Heitor.
Ajoelhado o marginal pedia clemência, mas, Heitor segurou o tranco até que a Policia chegou. Era essa a intenção do meu companheiro rotariano. Queria somente assustar o cara.
Quando a viatura chegou e despejou os policiais – com aquele garbo, armas armadas e "agilidade" de sempre – o assaltante se levantou e exclamou aos brados: “graças a Deus, vocês chegaaaaram! Esse homem aí, quase me mata enforcaaaaaaado!”
Heitor entregou o sujeito, que, aos supapos, foi empurrado no camburão.
Aliviado, Heitor deu o caso por encerrado, até o dia em que recebeu uma intimação da policia para responder um inquérito por tortura e assédio moral contra aquele, digamos, outro eleitor.
Já pensou? O cidadão de bem é assaltado, passa por um estresse de lascar, vê a morte de frente, saindo – risonha e saltitante – do cano do revólver de um desclassificado e é quem paga o pato!
Ôxente, assim não dá!... Com a palavra os homens da Lei...
NOTA: Este caso real, relatado pelo próprio Heitor Bezerra de Brito, está publicado no livro “Crônicas e Contos Inesquecíveis”, reunindo escritos de vários autores e organizado pelo escritor Edvaldo Arlégo, da Editora Edificante, recém lançado.
Ao receber a carteira – entregue cuidadosamente e com gestos estudados e anunciados, como manda o figurino – o marginal deixou cair a arma nos pés de Heitor.
Meu amigo, embora muito estressado, teve a feliz idéia de chutar para bem longe aquele revólver ameaçador, ao mesmo tempo em que se atracou com o ladrão e gritou por ajuda.
Bandido dominado e arma recolhida, Heitor mandou a secretária chamar a polícia.
Mas, como só acontece, a polícia demorou muito a chegar e Heitor, inchado de raiva e impaciente, resolveu pregar uma peça no assaltante.
Contra a vontade dos que lhe rodeavam pediu uma corda e preparou o assaltante para ser enforcado, ali mesmo, diante da multidão que os cercava e numa árvore frondosa ao lado do prédio. Que idéia mais medieval... enforcar, exige certa cerimônia e é coisa que ocorre lentamente. Não é vaput-vuput como um linchamento, por exemplo.
Nessas horas chega gente de todos os lados. Pense no estardalhaço. Uns diziam que não fizesse aquilo, que ele poderia se dar mal. Outros, concordando com a idéia, gritavam como torcida em campo futebol: “enfoooorca, enfoooorca ...”. Foi o maior auê da paróquia.
O enforcável, nem precisa dizer, se borrava todo, distribuindo seu mau cheiro fecal, na cena teatral dirigida por Heitor.
Ajoelhado o marginal pedia clemência, mas, Heitor segurou o tranco até que a Policia chegou. Era essa a intenção do meu companheiro rotariano. Queria somente assustar o cara.
Quando a viatura chegou e despejou os policiais – com aquele garbo, armas armadas e "agilidade" de sempre – o assaltante se levantou e exclamou aos brados: “graças a Deus, vocês chegaaaaram! Esse homem aí, quase me mata enforcaaaaaaado!”
Heitor entregou o sujeito, que, aos supapos, foi empurrado no camburão.
Aliviado, Heitor deu o caso por encerrado, até o dia em que recebeu uma intimação da policia para responder um inquérito por tortura e assédio moral contra aquele, digamos, outro eleitor.
Já pensou? O cidadão de bem é assaltado, passa por um estresse de lascar, vê a morte de frente, saindo – risonha e saltitante – do cano do revólver de um desclassificado e é quem paga o pato!
Ôxente, assim não dá!... Com a palavra os homens da Lei...
NOTA: Este caso real, relatado pelo próprio Heitor Bezerra de Brito, está publicado no livro “Crônicas e Contos Inesquecíveis”, reunindo escritos de vários autores e organizado pelo escritor Edvaldo Arlégo, da Editora Edificante, recém lançado.
A ilustração foi colhida no Google Imagens
11 comentários:
Seu Girley
Essa foi de lascar, "mermo". E o Estatuto do Adolescente? Um garoto de um bote arrebatou o troco que o taxista me entregava. Ao correr, enfiou a cara na fivela do guarda que passava. Este tomou o dinheiro e soltou o garoto. Quando reclamei, disse: Dotô, se ele começar a gritar eu me lasco...
José Artur Paes Vieira de Melo
Prezado Girley,
É como foi dito no post: um homem de bem quase poderia ter morrido, consegue reverter a situação e a ainda é intimado por tortura. Sim, esta é a nossa justiça... Vai ver estes mesmos policiais são daqueles tipos que atiram em pessoas inocentes por aí. Um grande abraço, parabéns pelo blog.
Lembranças para todos.
Amigo Girley e seus leitores. Quero ter também o privilégio de ver vocês como leitores do meu blog www.antoniomagalhaes.com.br
É um blog jornalístico/pessoal. Vão gostar, com certeza.
Grande abraço
Antonio Magalhães
Olá Girley,
realmente, quando comecei a ler seu relato foi sustamente o que imaginei que iria acontecer no final, pois no nosso país é assim mesmo, eu mesmo já sofri ameaças por parte da "adivodada" do bandido que assaltou o banco que eu trabalhava na época e o reconheci na delegacia.
A pergunda que eu deixo aqui: "Pra que serve as org's de direitos humanos?"
forte abraço.
Parabéns pelo blog.
José Ricardo T R Barros
Girley,
O que aconteceu com sr. Heitor ,acontece diariamente com outras pessoas , e o bandido e´sempre o COITADINHO !
Um abraço,
Anibal
Amigo,
A lei existe para quem a cumpre!
Direitos humanos deveria ser apenas para humanos direitos. A imprudência do seu amigo foi ter agido sem pensar, pois o bandido está protegido pela lei - e nós, a qualquer sorte!
Abraço,
Philipe Jardelino da Costa
Oi Tio Girley,
Tenho me divertido bastante lendo seu blog! Esta última foi de matar de rir... e ao mesmo tempo revoltante.
Pois é, o pior é que um cara desses vai preso (quando vai) e depois que é solto volta com mestrado e Phd em assalto e violência.
Infelizmente em quase todos os aspectos os sistemas brasileiros (econômico, político, de segurança) vão de mal a pior. Eu, Tito e Cecília estamos com muita saudades de todos. A família faz muita falta no nosso dia-a-dia. Mas quando pensamos na violência e falta de pespectiva no nosso Brasil querido é que pensamos em ir ficando por aqui mais um pouco...
Abraços e saudades,
Renato (Tcuson-USA)
Caro Girley
Você tem o 1º blog que eu leio.
Percebo que êle tem uma audiência numerosa.
Portanto me atrevo a pedir-lhe um favor:
Divulgar que A EM CENA ARTE E CIDADANIA
apresentará nos dias 19,20,21e 22 às 18:30hs
no Festival de Treatro Infantil do Shopping TACARUNA,
o Espetáculo de dança, O QUEBRA NOZES NO REINO DO MEIO DIA,
uma adaptação do ballet clássico ao Natal de Pernambuco.
A EM CENA é uma ong que trabalha com arte educação,
dança, música e teatro, atendendo 110 crianças e adolescentes
dos Coelhos, Coque e Joana Bezerra, da qual hoje sou dirigente.
Desde já agradeço sua atenção
Um abraço
Joe
Caro amigo aguardamos todos os dias pelo seu Blog. Grande piada, passou o companheiro. Isso é Brasil! Um abraço, Renato e Ligia
Caro amigo aguardamos todos os dias pelo seu Blog. Grande piada, passou o companheiro. Isso é Brasil! Um abraço, Renato e Ligia
Caro amigo e companheiro de Rotary
Sua forma de descrever a situação tornou o que seria uma coisa triste em um assunto agradavel e divertido.
Precisamos recuperar a dignidade de todos.
Aqui de Floripa , um abraço.
Geraldo Leal de Moraes
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