Este país é mesmo fabuloso. Quanto mais se anda, mais beleza se encontra. Semana passada estive, numa missão de trabalho, por dois dias, na bela capital do Pará, a cidade de Belém. Não foi minha primeira visita a capital marajoara. Já andei por lá várias vezes, desde a década de 70. Ao longo desse período, venho observando as mudanças, para melhor, é claro, daquela que é a metrópole do Norte.
A cidade recebe o visitante de “braços abertos” com sua atmosfera amazônica, o que a torna diferente de qualquer outra localidade brasileira. Não tarda muito e o visitante se depara com um verdadeiro paraíso aquático devido sua localização numa confluência de vários rios, quase boca do grande Amazonas. O luxuriante verde domina a cidade e ao percorrê-la o forasteiro é inevitavelmente envolvido pela seiva reinante da maior floresta do planeta, que naquele sitio já domina o ambiente. Belém é, na pratica, um Portal da Amazônia.
“Estas mangueiras doutor, no mês de dezembro, ficam carregadas de frutos deixando a cidade repleta de verdadeiras árvores de natal. É lindo doutor!”, comentou o motorista – excelente exemplo da hospitalidade paraense – que, durante dois dias, me conduziu pela cidade. Pude imaginar o que ele me dizia, porque isto foi uma coisa que sempre me chamou a atenção, em Belém. É impressionante a quantidade dessas fruteiras, naquela cidade. Aliás, Belém é também conhecida com a cidade das mangueiras. Seu maior estádio desportivo se chama Mangueirão.
Nesta época do ano chove muito na região. Aliás, como é amplamente sabido, chove todo santo dia, depois do meio-dia. É muito engraçado. Tradicionalmente, o povo local já pauta sua programação diária considerando dois momentos: antes ou depois da chuva. A chuva só dá uma trégua no mês de julho, que é a grande temporada de verão. A cidade praticamente pára nesse mês. As famílias correm para o litoral e curte a praia do Mosqueiro, próxima a foz do Amazonas.
Cidade muito antiga, Belém tem um conjunto arquitetônico colonial dos mais belos e bem preservados do país. A parte histórica da cidade é um verdadeiro presente para os olhos do turista. A Praça da Sé, com a própria igreja cadetral, compreende ainda a Igreja de Santo Alexandre, com o Museu de Arte Sacra e sua fantástica coleção de imagens, se constituindo numa das maiores atrações da cidade. Na mesma praça dois outros pontos turísticos completam o cenário: o Forte do Castelo e o Sobrado das 11 Janelas. No sobrado encontra-se um movimentado bar e restaurante, uma franquia do Boteco do Recife. Sem dúvidas o mais belo da rede. A comida nem se fala. Já o Forte merece ser percorrido e visitado, onde, também, se encontra outro museu.
Bem próximo da Sé, outra praça se destaca com dois prédios magníficos: o Museu do Estado (1771) e a Prefeitura da Cidade, este uma réplica do Museu Imperial de Petrópolis. São duas belas construções. À noite, com a iluminação turística, enchem a vista do visitante.
Mas, não fica por aí. A caminho da Praça da Sé, está o tradicional mercado do Ver o Peso, festejando, durante minha passagem pela cidade, 372 anos de existência. É lá que o turista encontra todo tipo de ervas e garrafadas, frutos da sabedoria e ciência indígena da Amazônia e que, segundo eles, curam todo tipo de dor, mal-estar, impotência e frigidez, mazelas, mandingas e outros bichos. Ah! Tem, também, sabonete para chamar dinheiro, mulher ou homem. Pó para afastar olho grande, azar e urucubaca. Mas, bom mesmo é conversar com o vendedor. Divertidíssimo. Atração turística imperdível. É lá que se encontra o melhor do artesanato da região. Mas, atenção, os locais recomendam segurar a carteira. Nada de mais, já que Belém é Brasil.
Como as atrações não param, é importante dar uma passada no Complexo Turístico das Docas. O antigo Porto de Belém foi transformado num dos mais belos equipamentos turísticos do Brasil. Um water-front de causar inveja a qualquer outro do gênero, no mundo. Sinceramente, no mesmo padrão de Puerto Madero, Píer 17 ou Bay Side. Dá gosto e orgulho ver aquele negócio. Uma jogada de mestre! E, estando lá, a melhor pedida é degustar uma cerveja com sabor de bacuri (uma fruta exótica da região), tirando o gosto com uma lingüiça fininha, de metro. Comece com um metro e tente parar, se for capaz.
Uma passada no Teatro da Paz, na Praça da Republica, dá testemunho do importante movimento cultural da cidade. Belo e imponente teve sua arquitetura inspirada na Ópera de Paris.
No meio disso tudo, não se pode deixar de parar, aqui ou acolá, para mergulhos na gastronomia local. Exótica e saborosa faz com que o paraense, como poucos, conquiste o visitante pela boca. Difícil é eleger o que é mais gostoso. Tacacá, pato no tucupi, risoto de camarão ao jambu, tucunaré, pirarucu e filhote, maniçoba e outros mais. Os doces de cupuaçu – meu predileto – e bacuri. Açaí na tigela. Supremos. Tem uma versão de bolo de rolo, com cupuaçu, ao invés de goiaba, que é sensacional. Até hoje sinto o gosto. No restaurante da belíssima reserva ecológica do Mangal das Garças, come-se tudo isto. E, se o freguês não tiver vergonha, come ajoelhado. Detalhe: sempre tem muita gente por lá. É imperdível, também.
E como não poderia deixar de ser, estando em Belém, tem-se a obrigação de cumprimentar a Dona do pedaço, a Virgem de Nazaré, na magnífica catedral, no bairro de Nazaré. Belíssima igreja de estilo renascentista e ponto obrigatório de visita. Crentes de todas as religiões andam por lá.
O mais intrigante é que uma cidade tão bem preparada para receber o turista não consta ainda – o que é lamentável – entre os destinos mais procurados pelos brasileiros.
Belém está pronta para receber o mais exigente dos turistas. Entre na Amazônia pelo seu Portal.
Nota: Fotos obtidas no Google Imagens
quinta-feira, 3 de abril de 2008
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10 comentários:
Caro Girley
Que beleza de observador que você é, descrever a nossa querida Belém melhor que nós paraenses conseguiríamos fazer, obrigado pelos elogios e pela divulgação das nossas belezas hitóricas e também artificiais que foram desenvolvidas para fomentar o turismo no nosso Estado. Quando vpoltar a Belém nos procure que teremos prazer imenso em leva-lo para conhecer mais um pouco da nossa bela Belém.
Abraços.
Marcos Aurélio
Pres ADVB-PA
presidente@advbpa.com.br
Companheiro Girley,
Acho que o prefeito de Belém já pode nomear você como embaixador cultural e turístico da cidade para PE. Ótimo seus comentários sobre a cidade, provocou em mim um prematuro interesse em conhecer com mais profundidade a capital marajoara.
Abraços
André Mahon
Dir. SDC/RDC/RDM/SDO
Caros Marcos Aurelio e André Mahon,
É bom saber que o que a gente escreve agrada aos amigos.
De fato, Belém é uma gratissima surpresa, a cada vez que baixo por lá. Sempre descubro novas atrações. Depois, tem a vantagem de nos deixar com vontade de voltar e desfrutar daquelas maravilhas nortistas.
O fato é que é o turista brasileiro (os estrangeiros já andam por lá!)deve ser mais e melhor estimulado a visitar a cidade. Mudar o rumo de Sul, para Norte. Aos paraenses cabe a missão!
Não vejo isto acontecendo.
Muito obrigado pela visita ao Blog. Voltem sempre.
Girley Brazileiro
Caro amigo Girley
Parabéns por mais este artigo, no seu Blog, sobre Belém. Gosto de ver sua veia literária. Sinto a boa inveja, se é que podemos chamar assim. Mas na verdade é boa, é admiração.
Mas, devo admitir que, ao consultar seus "links interessantes" senti falta da menção, dentro do seu blog, do link da Anbej, e por que não, da Abraex e de nossas outras irmãs.
No site da Abraex contemplamos todas as associações.
Abraços
Ogib
Meu Caro Ogib,
Você tem razão. Vou tratar de corrigir. Obrigado pelas visitas ao Blog. Volte sempre.
Aliás, logo em breve, vou abordar temas sobre ABRAEX, Anbej, Japão e Centenário da Imigração. Questão de oportunidade.
Forte abraço anbejeano,
Girley Brazileiro
Meu caro amigo Girley,
Fico muito feliz diante do carinho que você nutre por nossa cidade. Ela é de fato a porta de entrada da magnífica Amazônia. Seja sempre bem vindo, traga a família e amigos.
Um forte abraço,
CARLOS AUAD
auad@nautilus.com.br
Meu caríssimo Girley
Voltei a Belem através da sua excelente descrição.É, de fato uma cidade adorável. Infelizmente ainda não conheço as obras do porto, mas já vi algumas fotos que me encheram de vontade, inclusive, como você, lembrei de Puerto Madero. Parabéns! Sempre, Leo
Prezado Girley,
Maravilhoso artigo sobre a nossa Belém do Pará.Muito obrigado.
Atenciosamente,
David Leal
Girley
Tudo bom? Você sempre viajando, isso é que é vida! Concordo com o que você escreveu sobre Belém, essa cidade me encantou quando participei do Cirio de Nazaré. A cidade é linda e lá ainda existe o costume lindo que tínhamos aqui, também, de dizer "boa noite " quando se passa em frente a alguém sentado na calçada da casa. Acho que os nordestinos em vez de seguirem para o tão aclamado Rio de Janeiro, uma cidade perigosíssima de tiros e de dengue deviam visitar as belezas que existem no Norte, como a cidade de Belém, Manaus e seus passeios nos igarapés e sem dúvida alguma o extraordinário e incomparável panorama dos Lençois Maranhenses. Eu nunca ví uma coisa tão espetacular como os Lençois Maranhenses na minha vida. Um abraço Ana Maria
Prezado Girley,
Meus parabéns , O Portal da Amazonas foi espetacular ! A Paixão de Cristo , Fazenda Nova , fantastico ,trazendo grandes esclarecimentos para todos . Você e´muito bom observador , com grande facilidade de transmitir !
Um grande abraço do amigo e admirador . Anibal Rolemberg
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