quinta-feira, 27 de novembro de 2025
Belemzada
Lembro-me bem que, num primeiro momento, aplaudi a realização dessa COP 30, aqui no Brasil, independente do local escolhido. Aos poucos e ao acompanhar o processo preparatório, na cidade de Belém, capital do estado do Pará, situada na foz do Amazonas, comecei a temer sobre o sucesso do evento, dadas as dificuldades naturais da localização. Como de se esperar, essas dificuldades foram logo diagnosticadas e alertadas ao grande público, nacional e internacional. Ora, conheço Belém, onde estive várias vezes. Fui inclusive numa ocasião das comemorações do Círio de Nazaré. Lembro bem das condições locais e que segundo notícias veiculadas não se modificaram o suficiente. Com o passar dos dias e as crescentes criticas à incapacidade da cidade de receber evento de tal magnitude e atraindo sempre tantas comitivas estrangeiras, passei a temer e duvidar do sucesso brasileiro ao final do certame. O que se viu foi a falta de hospedagens, preços inflacionados, receptivos frágeis, entre outros fatores negativos listados. As soluções encontradas e operacionalizadas tampouco atenderam. Navios transatlânticos ancorados ao largo da cidade para servir de hotel, casas residenciais postas a aluguéis escorchantes, o próprio presidente da Republica valendo-se de locar um iate de luxo para se hospedar, enfim, um quadro nada satisfatório para quem conhece e já participou desse tipo de encontro internacional. Tenho conhecidos que se aventuraram nessa onda e se deram insatisfeitos.
O tema em si podia mesmo justificar essa localização, afinal a Amazônia está sempre na pauta desses encontros anuais, mas, ficou provado que a região não ofereceu condições adequadas para comportar as levas de cientistas e políticos envolvidos na questão mundial do clima e do meio-ambiente. – Interessante que, no meio dessas incertezas, lembrei-me das passadas megalomanias petistas quando trouxeram para o Brasil outros dois eventos internacionais que foram a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas, que só geraram fantásticas somas de investimentos, sem que os resultados hajam sidos os esperados. Nessa COP de Belém lá se foram R$ 700,0 Bilhões de investimentos. Cá pra nós, uma extravagância, para um país tão apertado financeiramente para outras frentes carentes como Saúde, Habitação e Segurança. – Mas, bem ou mal a COP 30 teve lugar em Belém e pronto! Os resultados são muito discutíveis. E as reações dos participantes disseram muito bem da insatisfação e dos desconfortos sofridos. A opinião do Chanceler Alemão, por exemplo, foi emblemática, ao criticar as condições precárias da capital paraense e reforçar dizendo da satisfação que teve de retornar ao seu país. “ninguém gostaria de ficar no Brasil”. E, olha que, ele passou apenas dois dias no evento. Outro caso de repercussão internacional foi relativo às precárias instalações que culminaram até, com um incêndio na Blue Zone (local central das negociações). Acidentes acontecem. É verdade. Mas, o que ficou registrado foi que faltou segurança para as comitivas trabalharem. O fogo foi logo debelado, poucas pessoas foram prejudicadas, mas, a notícia correu o mundo. E, muita gente, em Brasília, foi apanhada de calças curtas. A ONU (promotora central do evento) exigiu/providenciou solução provisória e devolveu o problema para a organização brasileira. Problemas à parte, há de se perguntar sobre os resultados concretos. O que restou dessa “Belemzada”? Na verdade, verdadeira, foram bem poucos. Entre os mais visíveis sabe-se que: a) faltou ser delinear um plano formal para eliminação dos combustíveis fósseis. O texto final do Encontro não traz nada nesse sentido; b) o texto final reconhece que será difícil manter a meta de redução do clima em 1,5ºC como proposto noutras ocasiões; c) Financiamento insuficiente e incerto. Os possíveis financiadores ainda não estabeleceram metas de contribuições em face das demandas dos países vulneráveis; d) poucas possibilidades de redução do desmatamento, embora o Brasil haja se empenhado em defender o Forest and Climate Roadmap. (Mapa do Caminho). Ou seja, foram resultados pífios, no final das contas. Para um grande público participante ou externo ao Evento o que ocorreu em Belém serviu tão somente para confirmar uma preocupação global e mais do que sabida das dificuldades climáticas que o planeta apresenta de modo, cada vez mais, desafiador. E nada mais! Belém, Belém, Belém... Foi uma oportunidade preciosa e mal aproveitada.
sábado, 1 de novembro de 2025
Vai ou Racha
Indiscutivelmente, o assunto da semana, aqui no Brasil, foi a Megaoperação levada a cabo pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro para Contenção das ações abertas e descontroladas do Crime Organizado nas regiões dos complexos de favelas dos morros do Alemão e da Penha, Norte da Capital carioca, transformadas em verdadeiras republicas independentes. O resultado foi dos mais avassaladores que se tem noticia e a mídia vem classificando , com razão, haver sido a mais letal de todas as operações do gênero. Mais de 120 mortos é a conta mais divulgada. Vejo, sem discussão, como sendo uma marca realmente assustadora. É número de uma verdadeira guerra. E nem toda guerra! Nos últimos tempos estamos ouvindo falar de 8, 10 ou pouco mais de mortos, resultante de um ataque “corriqueiro” dos russos contra alvos na Ucrânia. São números vistos como absurdos. E, de repente, ouvindo falar de 120 ou pouco mais, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, causa espanto e desespero. Onde vamos parar? Não tenho noticias a respeito de tanta violência e falta de segurança pública, noutro país do mundo, quando comparando ao nível que vivemos no Brasil da atualidade. É seguramente o mais grave dos problemas que esta Nação amarga, nesses últimos tempos. O crime organizado vem crescendo a passos largos e se espalhando pelo país, construindo um poder paralelo sem limites e às vistas (muitas vezes míopes) de governantes incompetentes, irresponsáveis e negligentes, sempre preocupados em se manter no Poder a qualquer custo, inclusive com apoio das asociações desse crime organizado.
Irrelevante dizer que o assunto deu realce a todos os matizes do espúrio jogo politico que se joga neste país de agora. Por um lado os que apoiam a atitude do Governo Carioca face à desbandeirada insegurança reinante na Cidade (antes) Maravilhosa versus a “turma” do Governo esquerdista que vem tapando o sol com uma peneira e embromando com promessas de providências que nunca chegam. Faz vergonha ver atitudes de (ir)responsáveis pelas pastas da Segurança Pública, quando no trato da questão e, digamos, fazendo “corpo mole”. Ao mesmo tempo, uma proposta de Emenda à Constituição, que promete soluções, tramita a “passos de tartaruga”, no Congresso Nacional, tendo, inclusive, o Deputado pernambucano Mendonça Filho como relator. Há uma serie de detalhes nessa PEC que exigem esforços e união para aprová-la. União que perece encontrar toda sorte de dificuldades a começar pelas altas ondas no mar da polarização ideológica e das diferenças do executivo federal versus os governos estaduais que disputam a posição de quem mandará mais. No Rio de Janeiro, o Estado garante que cansou de esperar pela ajuda federal e resolveu “fazer justiça com as próprias armas”. O Brasil se dividiu a favor e contra a atitude.
A meu ver, a situação é tão caótica e urgente que não cabe mais essa porcalhona divisão politico-ideológica reinante. A solução deste caso exige uma união de esforços nacionais sob pena de desaguarmos num mar de sangue e de incontrolável domínio. O crime organizado se espalhou. Combate-lo deve ser um compromisso politico de dimensões ilimitadas. No próximo ano teremos eleições majoritárias e este tema será pauta de prioridade máxima. Ou se acaba com o crime ou o crime acaba conosco. Tem que ser como no Rio de Janeiro: Vai ou racha!
NOTA: Foto obtida no Google Imagens.
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