sábado, 1 de outubro de 2022

Noite Tenebrosa

Para quem já viveu bom tempo de vida e acompanhou episódios políticos surpreendentes e muitas vezes indesejados, ainda se surpreende e estranha o baixo nível dos quadros políticos nacionais, ao assistir a um debate televisivo como o de ontem à noite (29.09.22), no qual se confrontaram os candidatos à Presidência da Republica. A três dias do grande pleito eleitoral, quando sairão eleitos Presidente, governadores estaduais e legisladores dos níveis estadual e federal, o país parou diante das telinhas de televisão na expectativa de ver o que os candidatos prometiam e se comprometiam. Ao final do embate, em plena madrugada, restou-me a sensação de haver assistido a uma surreal película cinematográfica, mal dirigida e com personagens saídas de um manicômio. Foi uma noite tenebrosa. Pior, uma sensação de futuro incerto e assustador. Decepcionado com tanta “porcalhada” exibida recordei que, por oficio, trabalhei tenazmente, durante mais de quarenta anos, buscando contribuir para construção de um país digno e seguro para meus filhos, netos e descendentes. Resultado foi que tive uma noite mal dormida e marcada pelas incertezas que rondaram celeremente na minha mente cansada e perplexa.
Surpreendeu-me mais ainda, ao amanhecer, escutar opiniões parciais e ingênuas até, de analistas políticos ou diversos curiosos que consideram haver ocorrido sucesso num ou noutro candidato e que o episodio fortaleceu o sistema democrático hoje vigente. Ouvi elogios inclusive à presença de um candidato Padre ou um travestido de Padre sobre o qual prefiro não perder tempo tecendo comentários. Infelizmente estamos à mercê de uma geração de formadores de opinião desonestos e pouco comprometidos com as próprias responsabilidades profissionais cujas intenções parecem ser, tão somente, incutir falsas ideias nas cabeças de uma sociedade saturada de sofrer e sem esperanças de dias melhores. Destarte, é preocupante pensar ser governado por um daqueles tipos tão despreparados como os vistos, ao vivo e a cores, “rasgando sedas” e “jogando pérolas aos porcos”, mentindo sem pudor e sem medo de expor o nome do Brasil no ambiente internacional, que somente aconteceu. Quase me enfio debaixo do sofá quando uma candidata disse que existem, hoje no Brasil, 130 Milhões de crianças órfãs de pais que morreram divido à pandemia da Covid-19. Ora, meu Deus, num pais de algo em torno de 230 Milhões de habitantes essa conta tem que estar errada. O IBGE que se cuide. Outra coisa inacreditável que escutei foi de que naqueles cinco minutos de entreveros, tête-a-tête, de dois dos candidatos “três mil árvores haviam sido derrubadas na Floresta Amazônica”. Abismado, fiquei imaginando que naquela velocidade de destruição, ao amanhecer a principal noticia da imprensa seria de que a destruição da Floresta estava prestes a ser concluída. Mas, eu seria injusto em afirmar que não ocorreram propostas de governo. Apesar da danação e despautério, ocorreram sim. Mas, essas, lamentavelmente, foram prometidas por candidatos com poucas chances de vitória e, por isto mesmo, abusaram da oportunidade de jogar irresponsavelmente para o publico suas ideias, a meu ver, inexequíveis e verdadeiras quimeras. Zerar as dividas dos inadimplentes, criar um imposto único nacional, equipar todos os hospitais públicos – sem exceção – com toda sorte de equipamentos modernos, alocar médicos nos rincões mais remotos do país e transformar todas as escolas publicas do país em escolas de tempo integral foram exemplos de belas propostas declamadas. Com os devidos ajustes e exequibilidades poderiam servir de boas referencias para os que “perigam” sair vencedores. Estes, contudo, só tomaram seus tempos de uso da tribuna para se agredirem e darem demonstrações de imaturidades politica e republicana. Coisas, aliás, que certamente desconhecem pelo que proporcionaram aos, segundo estimativas publicadas, 70 Milhões de telespectadores. Neste domingo de 2 de Outubro de 2022, não nos resta outra coisa senão fazer uma opção. Que jeito... Nada garante ser uma opção acertada. Bom seria que houvesse a opção do NENHUM DESTES. Difícil, porém, seria recomeçar o processo. Mais do que nunca se exige do eleitor o cumprimento do seu mais importante papel de cidadão, que é exercer o voto e, ao menos, fortalecer a democracia. Se for verdade de que “é errando que se acerta” vamos tocar pra frente. Que noites tenebrosas como a de ontem, nunca mais se repita.

6 comentários:

José Paulo Cabslcanti disse...

Um pouco de otimismo ajuda, mestre Gilrley. Abraços fraternos.

Leonardo Sampaio disse...

Irmão Girley, vc sabe resumir magistralmente febeapa de incompetencias !

José Carlos Lucena disse...

Tive a mesma sensação meu primo querido.
Figuras dignas de um circo mambembe
Pobre Brasil.
Pena de nossos filhos e netos.
Triste

José Otávio de Carvalho disse...

Amigo. Não ouvi o debate porque minha expectativa era ouvir "despauterios". Caso não fossem proferidos, estariam mentindo. Pobre pátria minha!

Girley Brazileiro disse...

Fez bem, caro Amigo Jose Otavio. Não passou pela decepção que eu tive. Senti náuseas. Pobre pátria nossa!

Restony de Alencar disse...

No Pais da piada pronta e conhecido por frases antológicas como "um povo sem memória é um povo sem história", portanto esse capítulo de horror citado pelo Mestre Girley ficará nos anais negativamente. Portanto para reflexão do voto de cada um deixo aqui outra frase escrita no passado recente para uns rsrs:

"O melhor programa econômico de governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam empregam, trabalham e consomem"
Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá

Haja Cravos

Neste recente 25 de abril lembrei-me demais das minhas andanças em Portugal. Recordo da minha primeira visita, no longínquo verão de 1969, ...