sábado, 15 de janeiro de 2022

SOTURNO

Após um período de recesso o Blog do GB está de volta. Ano novo, vida igual. O som que vem das ruas é como dantes, o vento que sopra nas vidraças é, tal qual, o dos ontens. Já a pandemia dá sinais de retorno com força e assusta todo mundo. E as contas? Ah! Essas continuam chegando. Até mais volumosas. É curioso lembrar como o espirito de esperanças e de paz que permeiam os dias de festas no fim de ano, criando sempre expectativas de um bom tempo pela frente, se esvai “com o cair da ficha” e a mídia noticiosa, honesta ou desonesta, ecoar na minha sala e jogar, sem dó, a verdade do momento. Fico a procurar um adjetivo para qualificar o novo momento, o novo ano. Foi difícil. Contudo, numa mensagem de amigo apareceu-me um que coube justo nas minhas reflexões de ano novo: soturno. Adjetivo pouco usado. Mas, muito próprio para este ano que prometia uma trégua e vem, de cara, nos negando. Soturno quer dizer algo melancólico, tristonho, sombrio, grave... Posso estar enganado, mas, este inicio de 2022 vem assustando ainda mais do que o ano passado. Pessimista? Não. Realista. Fujo das noticias calamitosas, mas, como não me compadecer da massa populacional que entrou o ano mergulhada nas avalanches de águas vertidas pelas comportas abertas dos céus baianos e mineiros? Casas destruídas, perdas materiais e vidas roubadas. Como não me sensibilizar e lamentar com aquele triste acidente na represa de Furnas (Capitólio/MG) (Foto abaixo)? Soturno demais.
Além dos desastres provocados pelas revoltas da Mãe Natureza, no Brasil, soturno é também a situação que, segundo as agencias de noticias, reina ao redor mundo. Europa, África, Américas, Ásia e Oceania ja foram atingidas pela cepa do momento - ômicron - da Covid-19. “Não vai escapar ninguém. Cem por cento da população contrairá o vírus!”. Li isto, nos primeiros dias do ano, num jornal europeu. Ainda bem que agregaram um paragrafo anunciando que, segundo especialistas, seria o fim da pandemia. O vírus passaria a ser endêmico. Entendi, portanto, que vamos conviver com esse “bandido” para sempre. Fora o fato de que, aqui no Brasil, ainda sola uma gripe (H3N2) que se junta à Covid-19 e ganha uma denominação prosaica de Flurona. Tempos difíceis.
No ambiente doméstico, como esperado, a briga renitente pelo poder da República entra o ano revelando novos e palpitantes lances e cruzando temas dos mais diversos, que se estendem de uma “briguinha de comadres” como a da administração de vacinas para população infantil à vergonhosa dotação de grana para as campanhas eleitorais. Ah! Há também a reprise das cansadas denúncias de corrupções. Fico soturno com essas coisas. Ainda bem que nem tudo é soturno e, por isso, estou aplaudindo os cancelamentos dos carnavais, Brasil afora, em beneficio da saúde coletiva. Recordo que fiz um apelo por este Blog quando ainda estavam programando as festas de natal e réveillon. Estas, aliás, desnecessárias dadas às noticias que chegavam do outro lado do mundo. Não tenho dúvidas que prevalece, mais uma vez, a velha sabedoria popular: “brasileiro só fecha a porta depois que é roubado”. Lamento emitir um post tão soturno, mas, não tive para onde correr. Na próxima semana vou relatar uma escapada que dei pelo interior do Brasil, numa ousadia, inclusive, de entrar num avião e aterrissar em Goiás. Até lá. Boa semana e cuidado com a Flurona! !

9 comentários:

Ina Melo disse...

Amigo Parabéns!essa da Flurona eu desconhecia! Imagina num Brasil de um povo furão, como não vão se dar bem. Abraços

Ivonete Sultanum disse...


Ah querido Girley , li seu primeiro post e gostei, porque a palavra “ soturno” só ouvia Paulo usá-la !
Seja bem-vindo sempre !
Forte abraço !

José Mario Galvão disse...

Muito bom primo. Vamos ter fé.

José Paulo Cavalcanti disse...

Soturno. Uma boa definição. Abraços lisboetas, mestre.

Cláudio Targino disse...

Foi buscar em três apitos de Noel Rosa.
A definição foi além do poeta soturno

Restony de Alencar disse...

Amigo Girley, realmente apesar da pouca idade(rs,rs) sou dado a termos poucos coloquiais, talvez pelas leituras e memórias afetivas. Feliz texto e providencial. Sds

José Otávio de Carvalho disse...

Amigo Girley. Feliz pelo seu retorno. A situação está soturna, mas você não é soturno, e sim, realista.

Domingos Azevedo disse...

Amigo Girley, apreciei e gostei muito, das suas reflexões, no seu texto “SOTURNO”, para este novo ano recém iniciado.
Que DEUS abençoe e proteja você, familiares, e a todos nós!
Forte e fraterno abraço!
Domingos Ferreira da Costa Azevedo.

Anônimo disse...

Amigo Girley, concordo com Soturno até o primeiro semestre ! Soturno e’ sinistro ; ipso facto : esquerda ! O Brasil não merece um ano inteiro soturno, especialmente ano eleitoral.

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