sábado, 4 de dezembro de 2021

O dilema de decidir

Decidir por algo ou por alguém é, indiscutivelmente, um dos maiores desafios do ser humano. E quando uma decisão depende de alguém de poder, com concretas influências – positivas ou negativas – na vida de uma coletividade o desafio se revela muito mais expressivo. As guerras, as relações internacionais nas vertentes políticas e econômicas, as calamidades decorrentes das “revoltas” da natureza, as disparidades socioeconômicas, enfim as relações humanas de modo geral exigem tomadas de decisões quase sempre estressantes. É por aí que a humanidade vem passando historicamente, com frequentes episódios e, particularmente, os constatados neste tempo de pandemia. Tenho acompanhado atentamente as démarches sobre as decisões dos governantes locais quanto à realização de eventos, sempre grandiosos, por ocasião da passagem do ano e do carnaval que se aproximam.
Naturalmente que há um jogo de interesses, velho conhecido da sociedade, que provoca o grande dilema deste momento. E, em se tratando de ano de eleições, qualquer episódio dessa natureza provoca um tremor ilimitado nas campanhas eleitorais, colocando candidatos num quadrado limitado. Eu não gostaria de vestir a pele de nenhum desses detentores do poder de decidir. Imaginemos o dilema de lidar com duas correntes antagônicas e em relativo desespero: por um lado, há os que desejam a comemoração monumental de cada ocasião, na busca de faturar com sua produção ou prestação de serviço, alegando ser a “tábua de salvação” que resta para atenuar o momento de baque econômico. Por outro, os cientistas e os defensores da saúde pública aconselham cancelamento sumário dos festejos. Está difícil provar à sociedade que a pandemia não terminou. O desejado convívio com o vírus e a esperança de um tempo de endemia ainda são coisas distantes de virar realidade. Segundo os especialistas do assunto, as possibilidades de novas variantes e repetição de surtos continuam evidentes haja vista ao ocorrido na semana passada, com o surgimento da variante ômicron, que já se manifestou nos cinco continentes. A vida continua e precisamos vivê-la. É verdade. Mas, tenho pra mim, que não será a mesma dantes. O propalado novo normal, tantas vezes negado, pode se revelar de modo lento e, no mundo moderno, por pelo menos dez anos. É um tempo provável de recuperação, similar ao que ocorreu na pandemia da gripe espanhola que tomou muito tempo para ser esquecida. Neste momento, por fim, resta ao Blogueiro ratificar o apelo da semana passada para que o dilema de decidir tenda a considerar as referências científicas vigentes e que a sociedade viva em segurança sanitária nos próximos tempos. Parece ser o caminho adequado. Enquanto isto, vacinas, cuidados pessoais (máscara e asseio) e consciência coletiva sejam cumpridos na risca. E, dos nossos poderes decisórios esperamos coragem e pulso para o bem geral.

4 comentários:

Ina Melo disse...

Pois é amigo! Lá vem mais um ano passando em branco nas nossas vidas. De um lado eu penso que “há males que vêm pra bem”, pois as famílias voltaram a se agruparem em torno de uma mesa, como antigamente. Por outro, tira o ganha pão dos muitos que vivem à margem da sociedade e aproveitam essas ocasiões para ganhar umas migalhas. São os paradoxos da vida!

José Paulo Cavalcanti disse...

So não sei, mestre, se essa variante é mesmo perigosa como dizem. Espero suas luzes. Abraços.

Cristina Carvalho disse...

É por ai amigo Girley!!! Decidir nunca é fácil. Toda decisão traz em si perdas e ganhos, invariavelmente. Também não é fácil analisar se temos mais perdas do que ganhos, numa decisão. Quando envolve vida então, é ainda mais difícil. Tb não queria estar na pele dos dirigentes públicos nesse momento. Equilibrar a balança não vai ser fácil. O momento exige medidas pouco simpáticas e próximo ano teremos eleições. Complicadíssimo!!!

Geraldo Magela Pessoa disse...

Amigo Girlei, em março próxima passado a renomada Médica Dra. Sônia Fernandes me alertou para o convívio com até 24/25. Hoje no texto recente, você amplia esse tempo e recomenda com muita propriedade a manutenção dos hábitos preventivos . Será que às recomendações, não ficarão para sempre?

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